PANE NO SISTEMA E MAIS UM TROPEÇO 


Arsenal fica num empate com o West Ham e vê o título do inglês escorrer de suas mãos

Foto: Stuart MacFarlane (arsenal.com)

Pesadelo e trauma. Estas são as palavras que definem o clássico londrino que aconteceu neste domingo (16). O Arsenal empatou em 2×2 com o West Ham fora de casa. A partida válida pela 31ª rodada teve gols de Gabriel Jesus, Odegaard, Benrahma e Bowen. Para quem pensou que o jogo em Anfield foi amargo e doloroso, contra os Hammers, acabou sendo 10 vezes pior. 

Um dia que parecia que terminaria diferente, mas no fim, acabou com o mesmo desfecho da rodada anterior. A diferença agora é que não se tratava de um time do Big Six e que não ganhávamos fora de casa há 10 anos. É um time que está brigando contra a zona de rebaixamento e fazendo partidas muito abaixo. Quem disputa o título precisa sair com os 3 pontos nestes jogos e não tropeçar. E o Arsenal tropeçou, mais uma vez.

Tivemos uma surpresa na escalação do Arsenal. Zinchenko com problemas na virilha foi poupado e Tierney entrou no seu lugar. Com isso, a escalação foi: Ramsdale; White, Holding, Magalhães, Tierney; Partey, Xhaka, Odeegard; Saka, Martinelli e Jesus.

Já o West Ham decidiu apostar nesta equipe: Fabianski; Coufal, Zouma, Kehrer, Cresswell; Souceck, Rice, Paquetá; Bowen, Antonio e Benrahma. 

A partida iniciou com domínio completo dos Gunners. Os jogadores do West Ham sequer tocavam na bola. A pressão do canhão londrino era absurda e o gol não demorou muito para sair. Aos 7 minutos, após lindo passe de White dentro da área, Jesus sozinho completou para dentro das redes. Era mais um gol do brasileiro que voltou com tudo após lesão.

O duelo continuou frenético com o Arsenal em cima da defesa adversária. Aos 10 minutos, após um cruzamento de Martinelli dentro da área, a redonda sobrou para Odegaard que chutou forte, sem chances para o goleiro. Menos de 15 minutos de jogo e já estava 2×0!

Só que a partir daí o roteiro começou a mudar e o sonho se tornou um pesadelo para os torcedores. Ao invés do Arsenal continuar pressionando em busca do terceiro gol para matar a partida, o time ficou displicente em campo. Um lance bobo dentro da nossa área iniciado por Partey acabou gerando um pênalti em cima de Paquetá. E já sabemos: quando tem pênalti para o adversário, de duas uma: ou o batedor chuta a bola para fora ou ele acerta porque o Ramsdale nunca defende. Desta vez, os Gunners não tiveram sorte, como foi com Salah na última rodada, e aos 33’ Benrahma balançou as redes.

O Arsenal sentiu o gol dos Hammers e o cenário do jogo mudou completamente. Os donos da casa começaram a tomar as ações e criar mais chances perigosas. Thomas Partey estava completamente nulo no meio campo e foi engolido pelo adversário. Bukayo Saka novamente apagado e numa partida muito abaixo do normal e Rob Holding cometendo muitos erros bobos na defesa. Era o cenário perfeito para um filme de terror. O time precisava acordar e voltar com uma postura diferente depois do intervalo.

Foto: Stuart MacFarlane (arsenal.com)

O segundo tempo começou como terminou o primeiro, West Ham forte em busca do empate e o Arsenal perdido, sem saber como reagir. Contudo, os Gunners tiveram a chance do jogo de acalmar o confronto e quem sabe, liquidar a partida de vez. Aos 52’ Antonio tocou a bola com a mão dentro da área e o juiz deu pênalti. Saka, batedor oficial dos Gunners, foi para a cobrança. O inglês poderia marcar o terceiro gol e fazer o jogo mudar de rumo. Juiz apitou, o jovem tomou distância, correu e chutou… para fora! 

Mas não existe nada tão ruim que não pode piorar. Dois minutos depois do pênalti perdido, após um lançamento de Kehrer na área, Bowen, de primeira, fez um golaço para empatar o confronto. Era o 2×2. Impossível ser mais Arsenal que isso: perder um pênalti e tomar um empate logo em seguida. Novamente, os Gunners abriram 2×0 e deixaram o adversário chegar e ir atrás do resultado. O mesmo roteiro, mas muito mais difícil de aceitar e engolir. Inadmissível.

Para piorar a situação, ao invés de Arteta mudar o time antes mesmo de retornar para o segundo tempo, o treinador espanhol esperou o empate para fazer as substituições. Algumas inclusive questionáveis, como a saída de Gabriel Jesus e Odegaard. Jorginho, Trossard, Vieira, Nelson, Nketiah… todos entraram, com a esperança de operarem um milagre. Só que estava mais fácil o West Ham virar que o Arsenal achar um terceiro gol na partida.

Os Hammers ainda tiveram uma bola na trave com Antonio, mas o duelo terminou empatado em 2×2. Um empate com gosto de derrota, um empate cruel e doloroso para qualquer um. Novamente, perdemos para nós mesmos. O roteiro se repete, mas a dor é muito maior. Agora a ficha caiu e o coração dos torcedores que estavam esperançosos com um possível título do campeonato inglês, foram dilacerados. 

É repetitivo dizer isso, mas quando se disputa um campeonato de pontos corridos com um craque que é Guardiola e um time que é uma máquina, não pode perder pontos. Enquanto no jogo contra o Leicester no sábado (15), o City abriu 2×0 em 20 minutos, mas continuou em cima e logo achou o terceiro gol para liquidar o confronto, o Arsenal fez o contrário e deixou o adversário chegar e buscar o empate. Seria essa a diferença dos dois times que estão rodada por rodada em busca da taça? O que falta aos Gunners para alcançar o tão sonhado título inglês? Experiência? Maturidade? Casca? Só o tempo dirá.

Odegaard e Gabriel Jesus, autores dos gols dos Gunners, são os únicos destaques positivos do jogo. Partey, Xhaka, Saka, Holding, Ramsdale… todos falharam e tiveram contribuição para o resultado na rodada. Arteta também errou nas substituições e não leu bem a partida. 

O Arsenal continua apenas dependendo de si, mas agora o Manchester City, também. Os Gunners ainda estão em primeiro lugar com 74 pontos, mas apenas 4 pontos a mais que os Citizens, que estão com um jogo a menos. O confronto direto, no Etihad Stadium, no dia 26 de abril, será decisivo para definir o campeão inglês.

A forma como vem se desenhando a reta final do campeonato inglês é uma das mais cruéis pra o torcedor. Um jogo que ninguém vai entender o que aconteceu por um bom tempo. Uma partida que o time simplesmente parou de jogar após 20 minutos do primeiro tempo e não conseguiu mais se encontrar. Uma pane no sistema e mais um tropeço. Se o Arsenal quer ainda sonhar com a taça, precisa voltar a andar nos trilhos e responder sua torcida com uma vitória convincente na sexta (21), contra o Southampton em casa. Se não, já pode dar adeus ao título, se é que já não foi embora, né?

Ilusão e expectativas foram criadas e o torcedor nutriu-as. No início da temporada, o foco era conseguir uma vaga na Champions League. Ninguém sequer imaginava que o time teria condições de entrar na disputa pelo campeonato, mas mostrou que sim. Hoje, o que nos resta é a dor, a tristeza e a sensação do “quase”. Ainda há chances, mas elas são remotas e o favoritismo está agora na cidade de Manchester. O atual bicampeão inglês sabe disputar esta reta final e não dará brechas como o Arsenal deu. Quando teremos uma chance tão boa de ganhar um campeonato inglês novamente como essa? Ninguém sabe. Neste domingo, o futebol foi impiedoso com os torcedores e a temporada ainda nem acabou. Eu só espero que ela acabe o quanto antes, porque a esperança e o sonho de comemorar o título inglês novamente, pra mim já se foi.

COME ON YOU GUNNERS!

Por Juliana Yamamoto

*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo


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