Dilúvio no Barradão: Arcanjo brilha e Cruzeiro resiste com um a menos


Nem a tempestade e nem a expulsão frearam o Cruzeiro, mas o jogo terminou sem gols 

Nesta quinta-feira, 12 de junho, às 19h, o Cruzeiro entrou em campo em Salvador, no Estádio Manoel Barradas, para encarar o Vitória e seguir firme na briga pela liderança do Campeonato Brasileiro. Mas o que era para ser um duelo técnico, virou um verdadeiro teste de sobrevivência. 

A sorte ficou em Belo Horizonte e a água tomou conta da noite. Sob um dilúvio interminável, o gramado virou uma piscina e o jogo terminou no 0 a 0, em uma partida onde o Cruzeiro saiu de cabeça erguida, mesmo sem os três pontos. E esse empate garantiu a vice -liderança para Cabuloso, com 24 pontos. 

Foto: Celo Gil

Primeiro tempo: chuva, tensão e um jogo travado

Debaixo de muita água e com os nervos à flor da pele, Vitória e Cruzeiro protagonizaram um primeiro tempo que teve de tudo, menos gol. Em um campo castigado, com poças que mais pareciam armadilhas naturais, os dois times tentaram, na marra, fazer a bola correr no Barradão.

O Cruzeiro começou melhor, tentando propor o jogo. Villalba e Eduardo, conseguiram assustar pelo alto, mas a pontaria não ajudou. Do outro lado, o Vitória respondeu com força: aos 15’, Ronald soltou um foguete rasteiro e Cássio mostrou que é muralha, segurando firme sem dar rebote. O time baiano sentia o clima ao seu favor e começava a crescer no jogo.

Matheus Pereira ainda achou Eduardo na área, mas a cabeçada passou à direita. E aí, o gramado entrou de vez no jogo ou travou o jogo. Cada passe era uma roleta, cada drible uma batalha contra a lama.

Mesmo assim, o jogo pegou fogo. Villalba acertou o travessão num chute de fora. Teve uma dividida dura, disputa intensa, e aos 45’, o roteiro virou drama. Eduardo deu carrinho violento em Jamerson, que saiu direto para o hospital com o tornozelo comprometido. Expulsão imediata, Cruzeiro com um a menos.

Mesmo assim, o time celeste não se entregou. Kaio Jorge ainda levou perigo nos acréscimos, mas o placar não se mexeu. Um primeiro tempo digno de novela: teve pancada, chuva, tensão, drama e garra.

Foto: Celo Gil

Segundo tempo: resistência à prova e um herói improvável

Se o primeiro tempo foi guerra, o segundo foi resistência. Com um a menos e um campo afogado, o Cruzeiro mostrou alma. Yannick Bolasie entrou no intervalo e trouxe gás novo. William arriscou de fora, Bolasie também tentou. Mas lá estava ele: Lucas Arcanjo, o goleiro do Vitória, em noite iluminada. Pegou tudo. Bola molhada, bola seca, chute forte, chute rasteiro… Nada passava.

A chuva apertou de novo e as poças voltaram a ser vilãs. Wanderson puxou contra-ataque, mas a bola morreu numa poça. Lance após lance, o gramado virou um quebra-cabeça molhado onde talento e vontade escorregaram.

O Vitória tentou pressionar com Matheuzinho e Gustavo Silva, mas era dia da zaga celeste e de Cássio,  que seguraram a bronca. Aos 42’, Marquinhos ainda mandou uma falta venenosa que passou tirando tinta da trave. Wanderson arriscou nos minutos finais. Faltou o detalhe. Faltou o gol. Mas não faltou entrega.

Com 17 finalizações mesmo com um jogador a menos, o Cruzeiro mostrou que não teme o impossível. Já Lucas Arcanjo saiu como o grande nome da noite: um paredão em meio ao dilúvio.

No fim, o empate teve gosto de superação. Zero no placar, mas mil na entrega. Mas quem assistiu viu um espetáculo de garra, superação, chuva e um goleiro que decidiu virar protagonista. O futebol, às vezes, é assim: sem gol, mas cheio de história. O Cruzeiro segue firme, forte e  molhado, na briga pela parte de cima da tabela.

Próximo desafio: 

Com a pausa para o Mundial, o próximo compromisso do Cruzeiro será apenas em julho, contra o Grêmio, no Mineirão. Para muitos clubes fora do torneio, esse período é quase como férias, mas para o Cabuloso, é hora de manter o foco, a intensidade e, acima de tudo, a vontade de jogar.

O torcedor, é claro, já sente saudades de ver o azul celeste em campo. Mas o mês de julho está logo ali, e com ele, a promessa de mais emoção, entrega e luta do time que não foge da batalha.

Por Mury Kathellen

*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo


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