Inter cai diante do Fluminense e aprofunda crise no Brasileirão
A noite de domingo (1), no Beira-Rio, foi um amargo lembrete da fase delicada que o Internacional atravessa. O frio de 11°C que envolvia Porto Alegre parecia um sinal da temperatura morna e da atuação desmotivadora que o Colorado apresentaria em campo, culminando em uma derrota por 2 a 0 para o Fluminense pela 11ª rodada do Campeonato Brasileiro.

Não foi apenas mais um resultado negativo, foi um atestado de fragilidade que mantém o time a apenas um ponto da zona de rebaixamento, ampliando a incômoda sequência de cinco jogos sem vitória na competição nacional.
A expectativa antes do jogo era de uma reação. Apesar de uma suada vitória na Libertadores e uma campanha impecável na base, o time principal no Brasileirão vinha tendo dificuldades. O técnico Roger Machado, buscando dar um novo fôlego à equipe, realizou algumas mudanças táticas em relação ao jogo anterior. Ramon substituiu o lesionado Bernabei na lateral esquerda, enquanto Vitinho, recuperado, retomou sua posição na ponta direita, deslocando Wesley para a esquerda. A ideia era ter mais velocidade e profundidade pelos lados do campo, tentando surpreender a defesa carioca.
No entanto, qualquer traço de otimismo se desfez rapidamente. O Fluminense, sob a batuta de seu treinador, entrou em campo com uma proposta tática muito mais coesa e efetiva. Aos 10 minutos do primeiro tempo, o Beira-Rio silenciou em um lance que expôs as recorrentes falhas defensivas do Inter. Samuel Xavier, lateral-direito do Fluminense, percebeu o espaço entre a zaga colorada e, com um passe rasteiro e preciso, encontrou Kevin Serna infiltrando por trás dos zagueiros. Serna, com frieza exemplar, teve tempo e espaço para escolher o canto e encobrir o goleiro Anthoni, abrindo o placar para o Tricolor.
Este gol precoce não é um caso isolado: o Internacional sofreu sete gols antes dos 15 minutos de jogo em suas últimas 12 partidas, uma estatística que grita por atenção e correção tática. A linha defensiva colorada, frequentemente desorganizada e desatenta, parece não conseguir encontrar o encaixe ideal, deixando os zagueiros expostos e o goleiro vulnerável.
Após o golpe inicial, o Fluminense quase ampliou no minuto seguinte, com Serna novamente participando da jogada e o goleiro Anthoni tendo dificuldades em um rebote. O Inter, atordoado, demorou a responder. A primeira finalização colorada ao gol de Fábio só veio aos 23 minutos, em um chute de Wesley de fora da área que não levou grande perigo.
Apenas aos 27 minutos Alan Patrick conseguiu finalizar com mais convicção após uma jogada de Ramon e Vitinho, mas Fábio estava bem posicionado. O ataque Colorado, mesmo com a presença de Borré, parecia desconectado, com dificuldades em criar jogadas de profundidade e precisão no último passe. A impaciência da torcida se fez notar nas primeiras vaias, um prenúncio do que viria no intervalo.
No vestiário, Roger Machado buscou reagir. Para o segundo tempo, aos 6 minutos, Borré, que teve uma atuação apagada, foi substituído por Gustavo Prado, buscando mais movimentação e agilidade no ataque. Pouco depois, Vitinho, que sentiu o braço, deu lugar a Bruno Tabata. As alterações visavam dar mais mobilidade e poder de fogo, e o Inter até demonstrou uma leve melhora.
Wesley, incansável, continuou sendo o jogador mais perigoso, tentando chutes de fora da área e cabeçadas, como aos 15 minutos, quando após cobrança de falta de Alan Patrick, cabeceou com perigo, mas Fábio fez uma defesa espetacular, salvando o Fluminense. Brian Aguirre, que entrou no lugar de Fernando aos 23 minutos, também trouxe algum gás, com uma boa jogada pela linha de fundo que quase resultou em gol após desvio na zaga. Juninho, aos 29 minutos, também levou perigo de cabeça. Aos 34 minutos, Bruno Tabata finalizou de fora da área, e Fábio defendeu com firmeza.
Contudo, a falta de efetividade ofensiva do Internacional foi novamente punida. Aos 38 minutos do segundo tempo, o Fluminense deu o golpe fatal, selando a vitória. Paulo Baya, que havia acabado de entrar, recebeu a bola com liberdade e arriscou um chute de fora da área. A bola, traiçoeira, desviou em Vitão e, para o desespero de todos os colorados, passou por entre os braços do goleiro Anthoni, que falhou de forma grotesca. O “frango” sacramentou o 2 a 0 e a frustração no Beira Rio. O grito de “olé” da torcida para as trocas de passes do Fluminense nos minutos finais foi um claro sinal da decepção e da resignação com o desempenho da equipe.
A derrota para o Fluminense expôs as profundas fragilidades do Internacional em todos os setores: uma defesa que não consegue se postar com segurança, um meio-campo sem criatividade para municiar o ataque, e um ataque que, mesmo com nomes de peso, não consegue converter as poucas chances criadas.
A falha individual do goleiro Anthoni no segundo gol, somada às dificuldades coletivas, agrava ainda mais a situação. Roger Machado tem um trabalho intenso pela frente para encontrar soluções, reverter a situação, resgatar a moral do elenco e, acima de tudo, buscar a vitória para afastar o fantasma da parte de baixo da tabela. A sequência de partidas será crucial para definir os rumos do Internacional no Campeonato Brasileiro. O ambiente no Beira Rio, que já foi um caldeirão, agora reflete a apreensão de um time que precisa urgentemente reencontrar seu caminho.
Próxima partida: Atlético-MG e Internacional, na Arena MRV, dia 12 de Junho às 21h30.
Por Larissa Ferreira
*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo