América de Natal estreia com empate xoxo que acaba com a lua de mel da torcida com o time após o Tricampeonato
Por mais que a estreia fora de casa costuma ser encarada como um jogo para somar pontos, o empate em 0 a 0 entre Horizonte e América de Natal, neste sábado (19), no Estádio Domingão, em Horizonte-CE, pela abertura do Campeonato Brasileiro Série D, teve sabor amargo para os torcedores alvirrubros. Mais do que o placar sem gols, o que preocupa é a repetição dos mesmos erros que causaram a eliminação precoce do time no mesmo campeonato em 2024.

Era esperado que o América, um clube de maior tradição, estrutura e folha salarial mais robusta, impusesse seu jogo contra um Horizonte limitado tecnicamente. E, nos minutos iniciais da partida, parecia que isso iria acontecer. O Mecão controlou o meio-campo, rondou a área do time mandante e fez o nome do goleiro John Wilquer ecoar nas rádios, única forma de acompanhar a partida após a CBF suspender, em cima da hora, os direitos de transmissão anteriormente repassados aos clubes mandantes. A estreia do canal “TV Galo”, do Horizonte, foi frustrada — mais um capítulo do descaso com o torcedor na Série D.
Mesmo pressionando, com a posse de bola e se impondo na marcação, faltava organização no terço final do campo, o time parecia afobado. As jogadas morriam nos pés dos atacantes e a bola parecia queimar em momentos decisivos. O time, que iniciou a partida com a base do Estadual e vem sofrendo com desfalques por lesão, voltou a esbarrar no velho fantasma da ineficiência ofensiva.
Aos 44 minutos do primeiro tempo, teve a primeira polêmica contra o América no campeonato. O arqueiro do Galo tentou evitar que Thailor alcançasse a bola, após um rebote em uma defesa difícil, mas agarrou apenas as pernas do atacante do Mecão, que foi ao chão e pediu pênalti. O árbitro da partida, por sua vez, fez ouvido de mercador e mandou seguir o lance. Pouco tempo depois disso, o primeiro tempo acabou e a esperança da torcida era de que o técnico Moacir Junior usasse da sua mágica no intervalo e fizesse o Mecão voltar mais eficiente na segunda etapa.
Mesmo após algumas substituições durante a etapa complementar, o Alvirrubro não conseguiu encontrar o caminho do gol. Seguia dominando o meio de campo e pressionando o time da casa, mas pecando nas finalizações. Para completar, escapou de sair derrotado após chance clara de Dentinho, aos 19 da segunda etapa, que por alguns centímetros não balançou as redes de Renan Bragança.
A melhor oportunidade do Dragão no segundo tempo veio dos pés de Souza, em uma cobrança de falta, aos 39 minutos, mas esbarrou na defesa do goleiro John Wilquer, que por pouco não ficou com as penas na mão. A segunda etapa encerrou como um repeteco da primeira e a sensação que ficou é de que esse era o jogo para pontuar. Sem querer faltar com o respeito ao adversário, mas o América tinha a obrigação de fazer valer sua superioridade técnica – além de superioridade em investimentos e tradição.
Agora, Moacir Junior terá muito trabalho ao longo da semana para ajustar um time que parece ainda não ter estreado na competição. É verdade que o Alvirrubro conseguiu pressionar a saída de bola e acertar passes e transições, porém a desorganização nas jogadas ofensivas e a falta de efetividade cobraram seu preço nesse jogo e podem custar caro mais a frente, especialmente porque a próxima partida já é contra o Treze, um adversário muito mais competitivo, um dos fortes candidatos à classificação para a segunda fase neste que é o grupo da morte.
No próximo sábado (26), o Mecão reencontra sua torcida na Arena das Dunas e, mais do que isso, terá a obrigação de mostrar uma resposta. O apoio da arquibancada será importante, mas precisa ser correspondido em campo. A Série D não perdoa quem começa tropeçando, e o América, que investiu pesado para sair dessa divisão, já está em dívida.
Por Carmen Gabrielli.
*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.