Jejum findado, história de paternidade respeitada. Inter conquista título do Campeonato Gaúcho sobre o Grêmio

Na tarde deste domingo (16), o Sport Club Internacional recebeu o Grêmio no Estádio Beira Rio para defender não somente a vantagem construída no jogo de ida na casa do adversário, o Inter entrou em campo na busca de defender a história e assim como em 1969 deixar em panos limpos que octacampeão só existe o Colorado. Assim fez, a partida terminou empatada por 1 a 1, mas com 3 a 1 para o Inter no agregado.
“Estamos prontos para sermos felizes” Sim, Roger Machado, enfim estamos prontos para sermos felizes outra vez. Ainda com a pele arrepiada, ainda com os olhos molhados e a garganta ecoando o grito que havia ficado preso nela em 2017, 2019, 2020/2021 e porque não 2024, vivemos o oportunismo da celebração. Ainda com as batidas do coração intercalando entre a normalidade e a arritmia do sentimento a flor da pele vivemos a felicidade outra vez.
No campo um jogo que não foi perfeito, mas que foi muito bem jogado, mental e fisicamente e a cada quase que poderia chegar do lado adversário, cada lance que podia trazer perigo a área Alvirrubra se via na casamata Colorada, um homem que também estava pronto para ser feliz vestindo vermelho e branco. Quando Roger Machado olhou ao céu límpido da tarde deste domingo (16), com Internacional Campeão Gaúcho sob seu comando e agradeceu sua ancestralidade pelo que lhe trouxe até aqui, Roger também reverencia o sentimento que não precisa ser escondido ou camuflado.
Os dias, as horas, os minutos que discorreram do jogo de ida e da vitória Colorada sobre o rival na Arena OAS pareceram eternos, assim como cada segundo de jogo, mas quem viveu “tragédias” recentes sabe na pele quando a história caminha em outra direção. Via se no céu, sentia se no ar, sabia se na mesma clareza e perfeição da falta em que Enner Valencia bateu com perfeição para estufar as redes adversárias e aumentar a vantagem Alvirrubra. Sabia se também que no mapa que traçava o reencontro da felicidade Colorada haviam peças destinadas a dar passos importantes, havia Roger Machado, havia Enner Valencia, havia o elo da cor da pele que é tão odiado pelo lado de lá e enaltecido pela história daqui.
Havia o gol a ser marcado pelo Grêmio e as nuances de tudo que podia acontecer, afinal nós já estivemos do outro lado, do lado de quem vê misera esperança mesmo quando tudo é tão claro à sua frente.
O jogo por si foi visto, será revisto dezenas que dirá centenas de vezes, cada lance polêmico. A mão na bola que não foi assinalada, a queda feia de Bernabei depois de uma imprudência de Igor Serrote, o gol perfeito em uma falta distante de Enner Valencia, as brigas e até as demoras questionáveis ou não dos glândulas serão discutidos por milhares de ângulos diferentes, a justiça de ambos os gols, eu aqui quero falar de felicidade.
Chegamos em um ponto do caminho direcionados por um homem grandioso que muito foi questionado ao vestir vermelho e branco. Chegamos a final de um Campeonato Gaucho 3 anos após a última vez que disputamos este título, chegamos aqui após 9 anos sem vencê-lo, trouxemos de volta o título estadual ao seu lugar natural já que sim, ainda que não vencesse 2025 o Inter seguiria como maior campeão do estado, chegamos de mãos dadas com Roger Machado numa reverência entre clube e homem, entre clube e torcedor.
Voltamos a sermos felizes, a estar no topo, a deixar de temer a felicidade, somos campeões gaúchos outra vez.
Por Jessica Salini
*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo