Samba, carnaval e futebol: enlaces da história Colorada


Num sábado de carnaval o Colorado decide sua ida ou não a final do Campeonato Gaúcho 2025, mas seu cortejo com a festa do samba vem de histórias mais antigas

Foto: Reprodução internet

É aconselhado pela autora do texto que você o leia ouvindo um bom samba. Se posso ser ainda mais ousada, sugiro o samba enredo de 2009 da Imperadores do Samba. Na busca pela canção você irá entender…

Entre ajustes na escalação, no ritmo dos bumbos, no manto vermelho e branco ou nas fantasias, esse sábado (28), divide-se entre o carnaval e o futebol. Mas na Avenida Padre Cacique, na altura do número 881, o carnaval não é mera coincidência e traça seu próprio enredo com o Clube do Povo.

Rezam as lendas, contam-se fábulas de que havia uma disputa para a escolha de cores do clube que fora fundado em 04 de abril de 1909 pelos irmãos Poppe. Dos jovens que se apresentaram na reunião de 11 de abril de 1909 que decidiria as cores, o nome e a primeira diretoria do clube que acabava de se fundar. Amantes de futebol, mas também do carnaval porto alegrense dividiam suas paixões entre duas escolas de samba e daí surgia também a disputa pelas cores que vestiriam a história do Internacional.

Engraçado dizer que o Inter poderia ter se vestido de verde e branco. Que sorte a nossa que não! Não há verde no mundo que represente paixão e amor tal qual o vermelho do Colorado! Mas antes de definido, a disputa se dava entre os alviverdes da Sociedade Esmeraldo e os alvirrubros da Sociedade Venezianos, que decidiram no voto a escolha das cores daquele que se enlaçaria com o samba.

Fundado para todos aqueles que amassem futebol independente de cor, credo, gosto musical ou qualquer uma das diferenças que se regram e regravam para escolher quem pode ou não amar um determinado clube de futebol, o Inter viu nascer de um carioca sambista aquela que seria a canção entoada na Avenida Padre Cacique ou aonde estivesse o Colorado. Nélson Silva, que adotara o Inter como seu quando chegado a Porto Alegre, escreveu em uma mesa de bar no pós jogo de uma derrota Alvirrubra a “marchinha” classificada por ele Celeiro de Ases, o hino oficial do clube.

Nas arquibancadas, o torcedor por sua vez nunca foi de palmas e silêncio, visto com estranheza pelos torcedores do lado rival e sua alemoada. Desde cedo teceu-se com a festa e a alegria em apoio ao time, assim também nasceu em 1969 a mais antiga e tradicional torcida organizada do sul do país, a conhecida Camisa 12, que se localiza até os dias de hoje na curva norte do Beira Rio e dita em ritmo de samba seu apoio e amor.

Já em 2009 a história do Clube do Povo tornou-se samba enredo do carnaval de Porto Alegre. E assim cantado pela Imperadores do Samba, o enredo chamado de “150 Anos de História, Vermelho e Branco uma Só Paixão”, deu o título para a escola.

O Internacional que celebra no samba suas raízes, a construção de sua história, seu hino tão celebrado e porque não suas cores tão vibrantes e fortes. Tal qual o repique entra em campo em mais uma noite de carnaval em busca de reaver seu lugar no topo do estadual, nos embalos de seu povo que vibra, samba, apoia e enfrenta mais uma disputa por voltar a tornar de campeão de suas terras.

A história ainda que contada, descrita e até marcada cronologicamente, não explica o que sente ou a que ritmo bate o coração que adentra o Beira Rio. E assim não haverá tambor ou enredo capaz de celebrar em tanta sincronia o amor quanto aquele cantado na Avenida Padre Cacique em homenagem ao Colorado. Aquele que é celebrado do mesmo jeitinho que Nélson Silva ou Vicente Rao em suas enormidades e amores pelo Clube do Povo foram nos ensinando ao longo de mais de um século de Inter.

Por Jéssica Salini

*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.


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