ILHA DO RETIRO – O REFÚGIO DA TORCIDA MAIS APAIXONADA


Foto: Agora Nordeste

Oficialmente com o nome de Adelmar da Costa Carvalho, o estádio é popularmente conhecido como “Ilha do Retiro” por ser localizado em um bairro de Recife que possui o mesmo nome. Entre diversos apelidos carinhosos, “La Bombonilha” e “Caldeirão” são os melhores empregados quando falamos da casa da torcida mais apaixonada e mais da fuzarca em linha reta do mundo. 

A Ilha do Retiro foi adquirida em 1936. Parafraseando Guilherme de Aquino, o Sport nasceu sob o signo da valentia e a Ilha também. O tesoureiro da época afirmou que inicialmente o Sport só possuía 13 contos de réis e o terreno custava 100, mas com a articulação da equipe, a ajuda de sócios e um desconto, com 50 contos da Casa Própria, 20 contos de letras descontadas e mais 15 contos emprestados pela Federação, ao todo, 85 contos foi quanto custou ao Sport a Ilha do Retiro.

A inauguração foi em um amistoso contra o time do Santa Cruz, em 4 de julho de 1937, e o resultado não poderia ser outro: jogo disputado, mas com o Sport saindo vitorioso. O duelo marcou a estreia do palco de várias conquistas históricas.

A Ilha foi o primeiro estádio do nordeste a receber um jogo da Copa do Mundo: a partida foi entre Chile e Estados Unidos, em 1950. No mesmo ano, Ademir de Menezes, jogador do Sport, consagrava-se artilheiro da Seleção Brasileira com 9 gols na Copa do Mundo, fazendo história na ilha. Em homenagem ao atacante, uma estátua foi colocada na frente da ilha do Retiro, estampando o orgulho do nosso artilheiro jamais esquecido.  

Já dizia Frei Caneca, Recife é “o viveiro dos mártires brasileiros”. Portanto, só um local seria tão digno para uma das maiores conquistas do Sport. Foi na Ilha do Retiro que o Leão se consagrou Campeão Brasileiro de 1987, em um jogo contra o Guarani, ganhando por um placar de 1×0, e é nas arquibancadas da Ilha que a história desse campeonato é contada. Mesmo sendo campeão legítimo, o título do Sport é questionado pela mídia do eixo, mas quando a Bombonilha ferve é que cantamos em alto e bom tom: Queiram ou não queiram os juízes, o nosso Sport é, de fato, Campeão! 

O Brasil cabe na Ilha do Retiro e, em 2008, o Brasil foi do Sport de novo, da arquibancada, na frontal, nas sociais, o sentimento era um só: euforia. Como está escrito nas paredes do templo: “O Sport que emociona”, fez uma cidade inteira estremecer na noite de 11 de junho de 2008, quando a Ilha foi consagrada para sempre. Ninguém dormiu, o único destino daquela noite era a Ilha do Retiro, que foi, é e sempre será o refúgio da torcida mais apaixonada ou, como a mídia gosta de chamar: abusada.

A Ilha continuou protagonizando jogos históricos, mas na última partida pelo Campeonato Brasileiro da Série B de 2019, não imaginávamos que aquela energia em sintonia da arquibancada para o campo seria uma prévia de saudade. Com a vitória e o acesso à série A, pudemos entrar em campo, sentir toda a energia que a Ilha emana, o sentimento de todas as gerações que já passaram por ali, o amor de avós, avôs, crianças, adultos, tudo aquilo passava na mente de cada rubro-negro que pisou naquele campo chorando, alguns pagando promessas e outros só conseguiam gritar, nem sabíamos que era quase uma despedida, um intervalo que já dura mais de um ano. Ainda, no último jogo do Sport em 2020, antes da pandemia, como um ato de ironia do destino, repetiu-se a vitória da inauguração, com o Sport vencendo o Santa Cruz. 

A Ilha do Retiro proporciona uma migração que movimenta todo o estado, não é atoa que o maior torcedor do mundo ganhou esse título por caminhar 60 km para chegar ao Caldeirão Rubro-Negro, afinal, a Ilha do Retiro grita paixão, exagero e é sinônimo de casa, que, por enquanto, virou saudade.

Por Victória Ramos, torcedora e setorista do Sport Club do Recife.

*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.


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