Na Bombonera, o Fortaleza arrancou um empate contra o Boca Juniors selando a classificação na Sul-Americana
Eu que tanto reclamei de empates, nunca agradeci tanto por um. Jogo típico de “las noches de Copa”. Estádio La Bombonera fervendo, o Boca Juniors amassando o Fortaleza, o time jogando feio, a estrela de Kervin Andrade brilhando e um empate arrancado aos 45’ do segundo tempo, em um contra-ataque fatal. Padre Antônio Furtado cravou e o Leão arrancou um ponto importante na casa do adversário garantindo a liderança do Grupo D.
E chega de repetir que “nem o mais otimista torcedor acreditava no empate ou vitória”. Acreditava sim. O discurso de “apequenamento” pode até vir dos outros, mas nunca de nós mesmos. Estamos aí e seguimos buscando nos consolidar nacional e internacionalmente. O gol de Kervin avisa que o Tricolor do Pici chegou. “Ah, mas o Boca hoje não põe mais medo em ninguém”, não importa. Camisa, história e tradição não se apagam, é o Boca Juniors e o Fortaleza segue invicto nos confrontos diretos contra o gigante do continente.
Desde o início que o jogo havia tomado um roteiro dramático. Após liderar o grupo desde o começo da competição, o Fortaleza viu o Boca abrir o placar com Cavani, sendo que na noite anterior o Nacional Potosí havia vencido o Trinidense. Liderança perdida e chance até mesmo de piorar o cenário com uma possível desclassificação na última rodada.
O time não se encontrava em campo e o adversário empurrava o Tricolor para trás. João Ricardo fez duas defesas milagrosas quando já estava 1×0 evitando que os donos da casa abrissem a porteira. Era a primeira vez do Fortaleza na Bombonera e a defesa se portava bem (caso não fosse bola aérea). A torcida do Leão, que cortou o continente em quase 5 mil km, cantava e acreditava que ainda era possível celebrar na casa adversária. Dedos cruzados, terços a posto, sinal da cruz, benzimentos e rezas. Ia ser na fé.
O frio de Buenos Aires não conseguiu deter o calor dos cearenses. A joia, El Tuti, o enviado do Senhor, o abençoado, o menino dos pés de ouro, ele, KERVIN ANDRADE, iniciou o contra-ataque rasgando o campo para receber a bola e marcar no apagar das luzes, deixando o místico estádio em silêncio. Só se ouviu o rugido dos tricolores que ecoou do lado dos visitantes. Seguimos, líderes e classificados para a próxima fase da Sul-Americana. É o Fortaleza, senhores.
Por Sara Cordeiro
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