DE CAJU A SANTOS: O ATHLETICO E SUA FÁBRICA DE GOLEIROS VITORIOSOS


Furacão coloca mais um goleiro na história da Seleção Brasileira

Artes/ Fernanda Bueno

Que o Athletico tem uma história repleta de goleiros excepcionais, todo torcedor rubro-negro paranaense sabe, mas há duas Olimpíadas, o Brasil e o mundo também vêm descobrindo os talentos atleticanos debaixo das traves.  É importante destacar, que esta belíssima história não começou nas Olimpíadas de 2016.

O nome do Centro de Treinamento do Athletico leva o nome de CAJU, apelido de Alfredo Gottardi que é também conhecido como “A Majestade do Arco”. O goleiro histórico fez sua primeira partida com a camisa rubro-negra em 1933 e passou 16 anos defendendo a meta atleticana. Caju conquistou 6 títulos de Campeonatos Paranaenses, além de inúmeras taças e torneios. Sua qualidade foi coroada quando CAJU foi convocado para a Seleção Brasileira, em 1942, época em que o futebol paranaense sequer era conhecido, muito menos valorizado. O goleiro jogou ao lado de Domingos da Guia, Tim e Zizinho e protagonizou defesas à altura de Sua Majestade. Desta forma, foi eleito o melhor goleiro do Campeonato Sul-americano e recebeu dos uruguaios o apelido soberano.

Depois do sucesso na seleção, muitos clubes brasileiros e estrangeiros, como o Peñarol, tentaram contratar Sua Majestade, mas o goleiro somente vestiu duas camisas: a da Seleção Brasileira e a do Athletico Paranaense.

Nesse hiato de mais de 60 anos, tivemos outros goleiros convocados, como o próprio Neto, que foi convocado duas vezes para a Seleção, mas com tanta concorrência, como a do grande Júlio César, teve poucas oportunidades e não conseguiu se destacar.

O próximo da lista de goleiros atleticanos que fizeram história na seleção é Weverton. O arqueiro foi contratado pelo Furacão na metade de 2012, quando a equipe disputava a série B. Além de ajudar o Athletico a retornar à Série A, tornou-se ídolo e escreveu seu nome na história atleticana. Como não lembrar da Copa do Brasil de 2013 quando Weverton fechou o gol contra o Grêmio e ajudou a levar a equipe à final?! 

De título, o goleiro apenas conquistou um paranaense, o de 2016, mas o alto nível nos 5 anos e meio em que ficou no Athletico lhe renderam a conquista de um bem maior: o carinho da torcida atleticana.

Após viver uma ótima fase no Athletico (quando ainda era Atlético), em 2016 foi convocado para compor a Seleção Olímpica como titular. Uma das especialidades do Weverton sempre foi pegar pênaltis, e foi com essa genialidade que o arqueiro atleticano garantiu a medalha de ouro para o Brasil quando pegou uma cobrança de pênalti na disputa com a Alemanha. A conquista marcou o primeiro ouro olímpico brasileiro, e o goleiro atleticano foi imprescindível para essa conquista.

Se é dos bons goleiros que os times vivem, vamos falar do goleiro reserva de Weverton, que assumiu a titularidade quando ele foi contratado pelo Palmeiras, em 2017: ADERBAR MELO DOS SANTOS NETO. Assim mesmo, em caixa alta, porque ele merece.

Atual goleiro titular do Athletico, Santos, como é chamado o arqueiro, tem 31 anos, e é um daquelas jóias que chamamos com orgulho, de piá do CAJU. Santos chegou em Curitiba vindo da Paraíba direto para o CT do CAJU em 2008, com apenas 18 anos de idade, e nunca mais saiu. Com 13 anos de dedicação exclusiva ao Furacão, Santos certamente está no rol dos maiores jogadores da história do Athletico.

Santos tem 6 títulos com a camisa do Furacão. Dentre os mais importantes, a Sul-Americana de 2018 e a Copa do Brasil de 2019, com atuações decisivas. Como não lembrar do pênalti que pegou na remontada contra o Grêmio, na semifinal da Copa do Brasil de 2019? 

A sobriedade, a humildade e a frieza de Santos o tornaram um gigante debaixo das traves, e assim como Weverton, um ótimo defensor de pênaltis. Com certeza, essas qualidades motivaram Jardine a convocá-lo para a Seleção Olímpica. Mas ninguém, fora a torcida rubro-negra, imaginava que o humilde e discreto goleiro seria o protagonista do futebol masculino nas Olimpíadas até aqui e que, além de escrever seu nome na história do Athletico, o faria também na história da Seleção. Assim como seu antecessor, a qualidade técnica nas defesas de pênaltis fizeram os companheiros de campo e todos os brasileiros amantes do futebol vibrar, rir e chorar, tudo ao mesmo tempo e com tanta emoção.

Após uma partida difícil diante do México, em jogo que aconteceu pela semifinal nesta terça-feira (03), e que terminou com um empate sem gols, a classificação estava nas mãos dos goleiros. Com a cobrança de pênaltis, o arqueiro com nome de Santo foi herói e defendeu a primeira cobrança de Aguirre. Ele acertou o canto e com muita firmeza agarrou a bola, certamente desestabilizando os demais cobradores. Tanto é verdade, que o México ainda desperdiçou uma cobrança, marcando a classificação do Brasil para a final.

Defesa de Santos na partida entre Brasil e México. Foto: Lucas Figueiredo/CBF

A inspiração de Santos? O goleiro Dida. Em entrevista à Folha o arqueiro disse: “Sempre me inspirei muito no Dida. Ele sempre teve um posicionamento muito bom dentro de campo, pegava pênaltis e era um grande goleiro”.

Certamente foi a inspiração em bons posicionamentos que garantiu a bela defesa no momento mais precioso. Obrigada, Santos! As nações atleticana e brasileira te agradecem.

Por fim, importante que se diga que além das convocações para a seleção, os três arqueiros têm mais uma coisa em comum. Estão no topo da lista de goleiros que mais fizeram jogos pelo Furacão. CAJU lidera com 620 partidas, seguido de Weverton com 318 partidas e Santos, com 158*.

Por Daiane Luz

*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna, não representam, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.

*Números contabilizados até 28/05/2020. Fonte: Wilson Pimentel/Torcedores.com.


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