Lá na curva, o quê que tem?


Juventude viaja à Cidade Maravilhosa a fim de conseguir a segunda vitória na competição 

Na noite do próximo sábado (26), as Gurias Jaconeras desembarcam no Luso Brasileiro, no Rio de Janeiro, para enfrentar o Flamengo pela sétima rodada do Brasileirão A1. A bola rola às 21h e tem transmissão confirmada pela TV Brasil. 

Depois de ver a vitória escapar pelas mãos em Brasília, as Esmeraldas precisam se munir de sua fé e confiança para buscar os 3 pontos fora de casa, mais uma vez. A jornada do herói se inicia com o chamado ao desconhecido e precisa de problemas a serem resolvidos ao longo da trama, mas todo mundo sabe que bons contos de fadas só acabam com um final feliz. A segunda vitória do Papo é só questão de tempo. 

Nathan Bizotto/ECJ

Após muito bater cabeça com o antigo técnico, o adversário do Juventude parece estar se ajeitando. Apesar da derrota para o Bragantino pelo Brasileirão, o Flamengo conquistou o título da Copa Rio na última quarta-feira (23) em cima do Fluminense no Estádio Moça Bonita, Rio de Janeiro. Agora com Rosana Augusto no comando da casamata, o rubro-negro parece ter tudo para finalmente se firmar no campeonato e mostrar o rendimento que podem ter com um elenco tão qualificado. Não diria que nesse momento elas seriam vilãs na história do Ju, mas com certeza antagonistas importantíssimas a serem vencidas para que as nossas protagonistas ganhem mais confiança. É inviável sentir medo de qualquer adversário nesse momento. Para conseguir o que quer, você deve olhar além do que você vê.

No último jogo contra o Real Brasília, o Juventude entregou uma das jogadas mais bonitas da rodada – quiças da competição. O chute do meio da rua de Kamile Loirão encobrindo a goleira Taina e invadindo a rede sem pedir licença é uma daquelas cenas que sabemos que vai nos acompanhar por muito tempo, tal qual a primeira vez que assistimos nossa princesa favorita dançar a sua valsa. Kamile, naquele momento, conquistou seu lugar na franquia de princesas oficiais do Brasileirão. Aliás, ela, Alice e Renata são boas integrantes deste grupo. Um dia o Brasil vai se dar conta das joias que existem nesse futebol da serra gaúcha. A jornada de mil quilômetros começa com o primeiro passo.

O time está extremamente bem organizado e entrosado, o que fica muito claro quando vemos todas as engrenagens dessa máquina de jogar futebol em campo. Mesmo que sua posição na competição não seja das mais confortáveis – 13 lugar com 5 pontos -, as Gurias batalham como guerreiras em busca da segunda vitória, que as alçaria um pouco mais alto na tabela. Acompanhar seus treinos dá a impressão de que estamos no momento musical do filme onde a protagonista deixa seus anseios escaparem, porém sem perder a esperança. É quase como se elas já conseguissem se enxergar tão vitoriosas quanto merecem ser e dizendo que estão quase lá. E eu realmente acredito nisso.

Nathan Bizotto/ECJ)

Se assistindo aos treinos a impressão é essa, os jogos, então, confirmam as expectativas. A cada passe e jogada mais trabalhada pelo meio campo fechadinho das Jaconeras, estamos vendo alguma coisa acontecer. O roteiro está sendo escrito em tempo real para nos afeiçoarmos a uma certa figura de zebra que vai surpreender em algum momento mostrando o quão especial pode ser. O gol de Kamile e as defesas de Renata são apenas uma prévia dos poderes reais que circundam seus pés e mãos mágicas. As derrotas no meio do caminho são apenas a aflição que faz o final feliz ser tão gostoso.

Sem demais idas ao departamento médico e com um grupo bastante entrosado, as 11 iniciais de Luciano Brandalise na batalha deste sábado devem ser: Renata May; Grazi, Rayane Pires, Bruna Emília e Bell Silva; Alice, Dani Venturini e Duda Tosti; Jaielly, Teté (Drielly) e Kamile Loirão. Nada diferente da formação mágica que tem conseguido resultados positivos nos últimos jogos. Um time que me agrada bastante, aliás. Essa formação consegue equilibrar a defesa agressiva das zagueiras com os bons dribles das volantes e o cérebro muito ativo de Duda Tosti trabalhando o meio campo com a ajuda das laterais para que o ataque seja fatal – ou pelo menos incomode. Todas as zonas do campo conversam e se entendem para que o coletivo fale mais alto do que o individual.

Claro que as peças do Flamengo são incríveis. Isso é indiscutível. Talvez com a exceção da goleira Vivi – provável titular do jogo de sábado -, boa parte da nata da habilidade está defendendo o Mais Querido. Meus destaques iriam para as meio-campistas Djeni Becker, que conhece muito bem os times gaúchos, e Gláucia, a lateral Jucinara e, claro, a atacante Cristiane. No momento que a camisa 11 do Mengão aprender o que é uma linha de impedimento, acabou para todo mundo. Até lá, ainda temos chances de jogar duro para cima delas. Se nós podemos sonhar, nós podemos realizar. 

O ruim nessa situação é que, mesmo que eu enxergue um roteiro amarrado e cheio de vida sendo escrito pelos pés das Esmeraldas, eu não posso ter certeza das cenas dos próximos capítulos. Mesmo nos contos de fadas modernos é difícil de prever o que vai acontecer. Eu acredito que é possível jogar bem e vencer o próximo jogo, mas mesmo a certeza de torcedora é incerta. O próprio pessimismo é incerto. No final das contas, estamos todos assistindo o desenrolar do campeonato nos perguntando: ’’lá na curva, o quê que tem?’’

Por Luiza Corrêa

*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo


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