Com gol ilegal validado, Juventude cai na semifinal do Gauchão

Mais uma vez precisamos acompanhar de olhos atentos como a máquina funciona. Neste sábado (1), o “Super Grêmio” empatou com o Juventude no Jaconi pelo placar de 2 a 1 (3 a 3 no agregado).
Nos pênaltis, Gustavo agarrou duas, assim como Volpi. O chute derradeiro foi o de Ênio, que mandou a bola para fora pelo canto direito. Juventude eliminado, Grêmio na final. Se o último chute foi um erro de Ênio, como pode a máquina ter operado o Juventude mais uma vez contra o Tricolor de Porto Alegre? Me acompanhe que eu te explico!
O Papão passou os cinco primeiros minutos de jogo se defendendo bastante, sem grandes chances ou mesmo trazer perigo para o Grêmio. Porém, aos sete minutos, a bola foi alçada na área dos visitantes e o Ju chegou para o jogo. A partir daí, o campo de ataque foi a casa do Alviverde, que executou bons dribles. O problema ainda residia na falta de domínio para criação por conta de passes muito fortes. Ainda no primeiro tempo, Alan Ruschel já havia sido alvo de dois pontapés que nem cartão viraram.
Jean Carlos ia arriscando de fora da área, administrando o espaço que os adversários cediam e jogando com raça. Aos 30 minutos, Daronco – estrela da tarde – chamou a parada técnica por conta do calor de 31 graus que fazia na cidade de Caxias.
Logo depois da volta, Emerson Batalla finalizou uma bomba para cima de Tiago Volpi, marcando o primeiro perigo de gol real pro lado do Papão. Jadson mandou uma bola por cima do gol aos 40 e um minuto depois Talliari foi derrubado entrando na área, o que gerou apenas um cartão amarelo.
As estatísticas estão do meu lado. O Juventude dominou o início do jogo, acabando o primeiro tempo com cinco finalizações, enquanto o Grêmio tinha apenas uma. Desesperado pelos avanços do Juve, o zagueiro tricolor Jemerson cometeu duas faltas violentas e levou dois cartões amarelos, sendo expulso ao final da primeira etapa. Saldo positivo para o Ju.
Querendo manter seu time ativo e descansado, o professor Fábio Matias trocou um jogador de cada zona de ataque, promovendo a entrada de Mandaca, Ênio e Nenê. Jean Carlos, Erick Farias e Giraldo foram para o banco sabendo que estavam fazendo um bom jogo e mal tinham a ideia de que a virada estaria sendo escrita com essas substituições.
Aos 20 minutos da etapa complementar, Adriano Martins foi servido por um levantamento certeiro de Ênio e finalizou a bola no canto esquerdo do gol de Volpi. O gol do empate agregado levou a torcida à loucura e o seu autor aos prantos. O zagueiro Adriano tinha apenas dois jogos no Gauchão e coroou seu terceiro com o gol que manteria o Juventude vivo no jogo.
Embalados pela abertura do placar, os jaconeros começaram a pressionar a saída de bola e ocupar cada vez mais os espaços do campo de ataque. Essa atitude fez com que aos 40 minutos do segundo tempo Nenê achasse o ângulo para acionar o recém-entrado Mandaca para a virada de fato acontecer. 2 a 0 e as torcidas de todos os lugares sonhando com a oitava final do Juzão.

O segundo tempo teve bastantes entradas violentas do time de Porto Alegre para cima dos jaconeros, resultando em 8 faltas contra os visitantes antes dos acréscimos. O jogo teve duas paralisações, uma por conta de uma possível lesão de Ewerthon e depois para o atendimento de Nenê. Essas paradas, juntas, somam 3 minutos de paralisação. Anderson Daronco escolheu dar 8 minutos de acréscimo.
Aos – inacreditáveis e desnecessários – 52 minutos, o meio campista tricolor Gustavo Martins recebeu uma bola na área e finalizou de bicicleta. Uma pintura, se não fosse pelo fato de o jogador atingir Mandaca bem no rosto. Uma falta tão clara que o VAR chamou o senhor Daronco para revisar o lance duas vezes. Da primeira, o árbitro não deu muita bola, porém a tensão do jogo estourou em uma confusão generalizada para os dois lados que acabou com o treinador Gustavo Quinteros atingindo o rosto de de Ênio*.
Depois de dez minutos de paralisação, Daronco manteve sua decisão de validar o gol – mesmo vendo o lance novamente – e expulsou Quinteros**, do lado do Grêmio, e Reginaldo, do lado do Juventude, por conduta antidesportiva.
A tentativa constante de condicionamento da arbitragem pelas equipes da capital, em especial o Tricolor, resultou em uma tragédia moral que ficará marcada na história do futebol gaúcho. Um gol validado mesmo com uma falta clara e perigosa acontecendo em meio a sua execução.
O jogo foi até os 66 minutos e nenhuma das duas equipes tinha fôlego para a disputa de pênaltis. Wagner Leonardo converteu o primeiro para o Grêmio e Tiago Volpi defendeu a tentativa de Nenê. 0x1. Para igualar, o goleiro jaconero Gustavo defendeu a tentativa de Pavon e Giovanny marcou para o Juve. 1×1.
Matias Arezo converteu o terceiro para o Tricolor e foi seguido por um golaço de Jadson. 2×2. Tiago Volpi apareceu novamente em uma disputa por pênaltis, convertendo a quarta cobrança e depois defendendo a tentativa de Alan Ruschel. 2×3. Gustavo mostrou que é bom de pegada e interceptou a cobrança de Villasanti, porém, seu esforço foi em vão quando Ênio finalizou sua tentativa para fora, coroando o Tricolor com a vaga na final.
É muito sufocante nadar e morrer na praia. Nadar bem. Nadar melhor que o seu adversário. E morrer na praia por oito minutos de acréscimo que não deveriam existir e um gol que não deveria ser validado em campeonato nenhum.
O que se tira desse jogo é a esperança de que erros como esse não se repitam nunca mais, com nenhum time, mas principalmente com times do interior que dão a vida nos estaduais, enquanto os adversários cogitam não participar no próximo ano por birra com uma arbitragem que os serve como se vestissem a sua camisa.
Parabéns ao Grêmio. Se ganharem, que seja no campo e não na cabine.
*Após o jogo, o meio campista do Juventude, Ênio, se dirigiu até uma delegacia para registrar uma Ocorrência Policial contra Gustavo Quinteros por conta da agressão sofrida durante a confusão que aconteceu após o gol do Grêmio.
**Apesar de ter sido expulso, Gustavo Quinteros compareceu à coletiva de imprensa que aconteceu após o jogo. A presença do treinador da coletiva contraria Artigo 34 do regulamento do Campeonato Gaúcho, que diz que o jogador ou membro da comissão técnica que for expulso não pode dar entrevista no estádio e estará sujeito à punição pelo TJD-RS.
Por Luiza Corrêa
*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo