COUTO PEREIRA – NO ALTO DE TANTAS GLÓRIAS


Foto: Leonardo Sguarezi (@leosguarezi)

O estádio Major Antônio Couto Pereira é a casa do Coritiba. O “gigante de concreto armado”, como é carinhosamente conhecido, fica situado no bairro Alto da Glória, na capital paranaense. Nome propício a história desse time que, entre altos e baixos, faz seu nome brilhar entre os maiores clubes de futebol do Brasil.

E como não falar da nossa casa sem sentir aquele aperto no coração de saudades? Já são 16 meses sem a presença da torcida no estádio. São mais de 450 dias sem sentir as arquibancadas tremerem a cada comemoração após o gol. Por conta da pandemia, fomos impedidos de estar fisicamente no Couto, mas nossos corações e nossas lembranças nunca abandonaram aquelas escadas, aqueles degraus pintados de verde e branco. 

Que tal matar um pouco dessa saudade através desse texto? Embarquem comigo nessa!

HISTÓRIA 

O terreno que seria construído o templo alviverde foi adquirido em 1928, pelo presidente do Coritiba na época, Antônio Couto Pereira. O estádio foi construído no decorrer dos anos e inaugurado oficialmente em 1932, com o nome de Belfort Duarte, sobrenome do ex-atleta João Evangelista, que recebeu a homenagem. A partida inaugural foi entre Coritiba e América/RJ, e o resultado foi 4×2 para o Verdão.

Ao longo dos anos, o estádio foi sendo reformado, mas apenas em 1977 foi renomeado como Major Antônio Couto Pereira. O ex-presidente do clube foi homenageado com seu nome à casa dos coxas-brancas um ano após seu falecimento. O estádio chegou a ter capacidade para 60 mil pessoas mas, após a última reforma em 2014 – quando ocorreu a inauguração do setor Pro Tork -, a capacidade total foi reduzida para 40.502 pessoas.

JOGOS MEMORÁVEIS

O Couto já recebeu diversos eventos marcantes, como a presença do Papa João Paulo II, em 1980, além de alguns shows memoráveis, como Maroon 5 (2017), Roger Waters (2018) e Paul McCartney (2019). O show da banda Metallica, que seria em 2020 e teve tempo recorde de vendas, foi adiado por conta da pandemia. Todavia, não podemos esquecer dos principais jogos que a torcida alviverde presenciou. Vamos relembrar alguns:

Coritiba 1×0 Atlético-MG – 1985

A partida foi válida pelo jogo de ida das semifinais da Taça Ouro – atualmente denominada de Campeonato Brasileiro. O Verdão venceu por 1×0, sob olhares de mais de 33 mil pessoas, com gol de Heraldo e tinha a vantagem para o duelo de volta, no Mineirão. O jogo seguinte terminou 0x0 e classificou a equipe alviverde para a disputa do título inédito brasileiro, o qual conquistou em cima do Bangu.

Coritiba 5×1 Atlético-PR – 1995

Palco de incontáveis AtleTIBAS, o Couto Pereira recebeu um dos clássicos mais inesquecíveis para a torcida. Em pleno domingo de páscoa, o duelo, válido pelo Campeonato Paranaense, terminou 5×1 para o Coxa, com gols de Brandão (3), Jetson e China (contra). Além da goleada sobre o rival, a partida foi marcada também pela estreia do meia Alex em clássicos – na época com apenas 17 anos – e contou com quase 19 mil pessoas nas arquibancadas.

Coritiba 2×1 São Paulo – 1998

O duelo foi válido pelo Campeonato Brasileiro. Era um domingo e a boa campanha do clube na época motivou a torcida a ir em peso ao jogo. Os arredores do estádio estavam lotados e o público foi, em média, de 55 mil pessoas – apesar de muitos relatarem ter bem mais que isso. Para se ter uma ideia, mais de 20 mil pessoas ficaram fora do estádio, de tanta gente que tinha. O Verdão venceu de virada por 1×2, com gols marcados por Sandoval e Struway.

Coritiba 6×0 Palmeiras – 2011

Um dos jogos mais insanos presenciado pelo torcedor alviverde. Na época, o clube estava em excelente fase e vinha de uma sequência de 23 vitórias  consecutivas. Porém, antes do duelo, o técnico Felipão – comandante do Palmeiras na ocasião -, disse em entrevista que o Coxa só não havia perdido porque não tinha enfrentado uma equipe grande. Resultado? 6×0 em cima do alviverde paulista, em partida válida pelas quartas de final da Copa do Brasil, com gols marcados por Emerson, Davi, Bill, Geraldo, Léo Gago e Anderson Aquino. Quase 29 mil coxas-doidos presenciaram um show em cima de Felipão e cia, além de selar a 24a vitória seguida do clube, o que rendeu uma menção honrosa ao Guiness Book.

Coritiba x Palmeiras em 2011. Foto: Coritiba

Coritiba x Vasco – 2011

Ainda em 2011, o Coritiba chegou a sua primeira final de uma copa do Brasil. O adversário era o Vasco e, na primeira partida em São Januário, o Verdão havia sido derrotado por 1×0. Precisando vencer por um resultado igual para levar a decisão aos pênaltis ou por dois gols de diferença para ser campeão, a torcida alviverde fez uma linda festa, com direito ao famoso “Green Hell”. Quase 35 mil pagantes apoiaram o time aos gritos de “vamos, vamos meu Verdão, vamos, não pare de lutar”. O Vasco chegou a abrir o placar, mas graças a sinergia entre a torcida e os jogadores, o Verdão conseguiu a virada, com Bill e Davi. O cruzmaltino novamente empatou e o Coxa também marcou o terceiro com Willian Farias (hoje de volta ao clube), mas não foi o suficiente e o time carioca acabou levando a taça. 

A torcida alviverde fez uma festa linda nas arquibancadas, na decisão da Copa do Brasil. Foto: Fernando Maio

Coritiba x Ponte Preta – 2019

O duelo teve um clima de muita emoção e tristeza. Coritiba e Ponte Preta se enfrentaram pela abertura da série B em 2019, e o que parecia apenas mais um jogo comum, ia além: foi a primeira partida do clube após o falecimento do maior ídolo do clube, Dirceu Krüger. O presidente na ocasião, Samir Namur, decidiu liberar a entrada gratuita para a torcida neste confronto, como uma forma de homenagem ao eterno flecha loira. Com quase 32 mil pessoas, o Verdão venceu por 2×0, com dois gols de Rodrigão, que comemorou fazendo o sinal de uma flecha apontando para o céu.

Coritiba x Bragantino – 2019

A última partida com casa cheia antes da pandemia – e nem nos nossos maiores pesadelos imaginávamos isso. Com quase 40 mil pessoas, o Verdão precisava vencer para ficar bem perto do acesso à série A. A disputa estava acirrada no G4 e o Bragantino já tinha garantido o título e o acesso. Um jogo tenso, disputado, mas que veio o alívio no gol de falta de Giovanni na segunda etapa. O suficiente para a cerveja voar, os torcedores sorrirem à toa e respirarem aliviados. Faltava muito pouco para o Verdão voltar à primeira divisão – o que se confirmou na última rodada – e o apoio da torcida foi fundamental naquele jogo e na temporada.

Poderia ficar aqui relembrando inúmeras partidas inesquecíveis, mas o texto se tornaria um livro. E claro, vale ressaltar também que nem sempre foram “mares de rosas”. Também presenciamos momentos difíceis, como algumas eliminações precoces em Copas do Brasil, vices campeonatos (como os de 2011 e 2012 na mesma competição), e o marcante e doloroso duelo contra o Fluminense em 2009, o qual culminou o rebaixamento do clube naquele ano e promoveu uma batalha campal jamais vista. As lágrimas do torcedor alviverde naquele tenebroso domingo mostrou o quanto o amor por esse clube transparece e,  ali, mesmo em meio ao caos, não soltamos a mão do time e mostramos o porquê somos a torcida que nunca abandona.

Esperamos em breve retornar à nossa casa. Chegar ao Couto bem mais cedo, beber com a torcida na rua Mauá, no Varandas, participar das tradicionais ruas de fogo, fazer aquele esquenta na caminhonete do Rassan antes de passar pelas catracas do estádio, comprar aquele Brahma de 8 pila, abraçar um desconhecido na hora do gol, sorrir, chorar, gritar, xingar, cantar, seja no primeiro, segundo ou terceiro Anel, seja no Pro Tork, nas sociais, no meio da Império Alviverde levando um “tá ligado”… a saudade e a expectativa de voltar para o nosso estádio aumenta a cada dia que passa.

Pode ser aquele jogo ruim em que a bola não entra, em que o atacante não está inspirado ou o goleiro está em um mau dia, mas ver aquele pôr do sol nos fins de tarde é o acalento que todo torcedor espera. É mágico. Apresento-lhes o nosso gigante de concreto armado, a nossa casa, o nosso amado Couto Pereira!

Um dos fins de tarde vistos do estádio. Foto: Igor Barrancievicz (@obkzphoto)

Por Viviane Mendes, coxa doida de coração.

*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.


Um comentário sobre “COUTO PEREIRA – NO ALTO DE TANTAS GLÓRIAS

  • Muito lindo, Viviane, amei o texto, e verdade não vemos a hora de podermos estar juntos na mossa casa alviverde, obrigada por traxer essas lembranças.

Deixe um comentário

Veja Também:

Faça o login

Cadastre-se