Com time alternativo e futebol sem brilho, Cruzeiro joga abaixo do esperado e se despede da Sul-Americana sem vencer uma única partida
Na altitude de Riobamba, o Cabuloso se despede da Sul-Americana em tom de lamento. O jogo aconteceu na noite desta quarta-feira , 7 de maio. O Cruzeiro entrou em campo no Estádio Olímpico de Riobamba, no Equador, e empatou em 1 a 1 com o Mushuc Runa, um adversário modesto diante da história de conquistas que carrega o clube celeste.
Sem suas principais estrelas e longe do futebol que um dia o consagrou como gigante continental, o resultado apenas selou uma campanha melancólica na Copa Sul-Americana, marcada por atuações apáticas e nenhuma vitória em 2025.
É difícil para o torcedor assimilar mais um tropeço. O Cruzeiro, clube de viradas épicas e noites memoráveis na Libertadores, Copa do Brasil e Brasileirão, parece hoje uma sombra do que já foi. Mas há escolhas que falam por si.
Ainda antes da partida, o técnico Léo Jardim já sinalizava que essa seria uma batalha abandonada, diante de cenários mais promissores em outras frentes, assim a competição deixou de ser a prioridade e não iria com a sua força máxima.

Com um time alternativo e um futebol sem alma, o Cruzeiro entrou em campo como quem cumpre uma obrigação. Desde o apito inicial, a sensação era de um jogo sem propósito. Faltou garra, sobrou desinteresse. O empate, contra um adversário tecnicamente inferior ao potencial do time, foi o espelho perfeito de uma campanha que decepcionou até os mais céticos.
Este foi o primeiro ponto conquistado pelo clube no torneio, após três derrotas consecutivas. Restando duas rodadas e afundado na lanterna do Grupo E, o time de Leonardo Jardim já não tem chances de alcançar o vice-líder Palestino, que soma nove pontos.
A Sul-Americana termina para o Cruzeiro antes do fim, não pelos números, mas pela falta de espírito. Fica a frustração de uma jornada que nunca decolou, refletindo uma campanha sem alma e sem protagonismo, palavras que soam estranhas quando associadas a Raposa, um clube de história continental e múltiplos títulos internacionais.
O jogo
Este jogo é difícil de descrever, principalmente para quem carrega no peito a paixão por um time tão grandioso. Ver o Cruzeiro ser eliminado precocemente de uma competição sempre deixa uma sensação desconfortável. Ainda mais quando assistimos a uma atuação tão distante do que estamos acostumados, um futebol sem brilho, sem vibração, sem nada que nos faça lembrar da magia da Raposa.
A equipe entrou em campo com um espírito de desistência, oferecendo um jogo sem graça, mais parecendo um remédio para insônia, capaz de devolver a tranquilidade a quem lutava para pegar no sono. Uma partida sem emoção, sem brilho, tanto para os torcedores da Raposa quanto para os do adversário.
Cruzeiro e Mushuc Runa protagonizaram um primeiro tempo marcado pela total ausência de lances empolgantes em Riobamba. A primeira metade do jogo terminou sem um único chute a gol. Mesmo dominando 65% da posse de bola, o Cruzeiro não conseguiu criar nenhuma oportunidade clara e sequer ameaçou a defesa do time da casa.
O Mushuc Runa, por sua vez, só tentou algo mais incisivo nos acréscimos, com uma pressão improvisada na área celeste, mas sem sucesso. Um primeiro tempo morno, sem nenhum sinal de vida para ambas as equipes e, principalmente, sem a animação que a torcida esperava.
Na etapa final, o Mushuc Runa foi mais agressivo e levou mais perigo ao gol celeste, enquanto o Cruzeiro seguia apático, sem reação. No entanto, em comparação com o primeiro tempo, houve um leve aumento na intensidade do jogo. Aos oito minutos, o atacante Cristian Penilla tocou para o meio-campista Carlo Orejuela, que se antecipou à marcação e finalizou com precisão: 1 a 0 para os equatorianos.
O Cruzeiro não demorou a reagir. Aos 15 minutos, a Raposa empatou com uma jogada bem construída. O meia Eduardo, após passe de Kaique Kenji, finalizou. O goleiro Rodrigo Formento defendeu, mas o rebote ficou com a Raposa, e Lautaro Díaz não perdeu a oportunidade, empurrando a bola para o fundo das redes: 1 a 1. Esse foi, sem dúvida, o momento mais marcante de todo o jogo para o Cruzeiro.
Mas, infelizmente, o restante da partida seguiu sem grandes emoções. O Mushuc Runa quase ampliou o placar, mas uma grande defesa de Cássio evitou o gol adversário. Já o Cruzeiro, pouco produtivo ao longo de toda a partida, não soube aproveitar o seu breve momento de reação para pressionar o time da casa e buscar a vitória que, de certa forma, poderia ter mantido viva a chama da classificação.
Apático, sem alma, o Cruzeiro se despede da Sul-Americana na quarta rodada da fase de grupos, com a sensação de que o sonho foi interrompido de maneira precoce, mas dolorosa.
A eliminação não deixa espaço para mais esperanças, e os dois jogos restantes contra Palestino e Unión serão apenas para cumprir tabela, sem nenhum objetivo maior. O torcedor, agora, só resta guardar a tristeza de uma campanha que jamais conseguiu decolar.

Próximos desafios
O Cruzeiro volta a campo no próximo domingo (11), quando enfrenta o Sport pelo Campeonato Brasileiro. A partida será na Ilha do Retiro, às 16h.
Pela Copa Sul-Americana, tanto o Cruzeiro quanto o Mushuc Runa voltam a jogar na próxima semana. O Mushuc Runa enfrenta o Unión Santa Fé na terça-feira (13), enquanto o Cruzeiro recebe o Palestino na quarta-feira (14).
Por Mury Kathellen
*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo