Todo torcedor do Bahêa já inicia o ano com uma comemoração dupla. Além da virada do ano, no dia 1º de janeiro comemoramos a data de fundação do Clube. Em meio aos pedidos de um ano próspero, com muita saúde, paz e amor, desejamos que o ano seja repleto de mudanças positivas e conquistas para o Tricolor da boa terra. E com a aprovação da reforma do estatuto, o Bahia começou o ano fazendo parte do Grupo City, que é o mais novo dono de uma SAF no Brasil. Janeiro encerrou com um triunfo em cima dos rivais, pelo campeonato baiano. Mais à frente, levantamos a 50ª taça da competição e disparamos em títulos estaduais.
Em Fevereiro, a torcida LGBTricolor fez história no país, tendo o apoio do Clube em comemoração ao Dia Nacional da Visibilidade Trans. O grupo se reuniu para assistir uma partida, fazer uma campanha de conscientização e fortalecer a presença de todos e todas no estádio.
Com um belo marketing, mas um péssimo futebol. Dentro das quatro linhas, a equipe baiana deixou sua torcida preocupada ao fazer um Campeonato do Nordeste bizarro e ser eliminado ainda na fase de grupos. Em paralelo, também disputou a Copa do Brasil, onde deu uma melhorada, mas foi eliminado nas oitavas de finais, em uma disputa de pênaltis acirrada com o Grêmio.
O primeiro turno terminou de uma forma amarga tanto para a equipe feminina quanto a masculina. As Mulheres de Aço fizeram um Campeonato Brasileiro pífio e foram rebaixadas para a Série A2. Entra ano, sai ano e o descaso com o futebol feminino continua. Mesmo com a entrada do Grupo City essa postura irresponsável do Clube não muda. Prometeram uma reestruturação, mesmo com mais um título baiano, a equipe segue com a mesma deficiência técnica, apesar de ter atletas boas, não têm muito peso para disputar um Brasileirão.
Já a equipe masculina, lutou desde o início da competição nacional para se afastar da zona de rebaixamento. Foi considerado o terceiro pior ataque da competição, dos números ruins da equipe no Brasileirão, destaca-se o ataque pouco efetivo. Em 19 jogos, foram 4 triunfos, 6 empates e 9 derrotas, 18 gols marcados e 25 sofridos. Apenas em 2012 e 2014 o Tricolor teve campanhas piores nesta altura da competição, ambas as ocasiões com 17 pontos ganhos.
2º TURNO
Depois de um primeiro turno horroroso com muitas inconsistências, se esperava uma virada de turno boa para o Tricolor, já que o clube faz parte de uma das maiores SAF do país. Mas o inacreditável aconteceu, a equipe baiana seguiu ladeira abaixo, o clube do povo passou por maus “bocados” na etapa final do Campeonato Brasileiro.
Agora disputando apenas uma competição, o Esquadrão de Aço só precisava se ajustar e somar pontos na tabela, porém, o time não conseguiu evoluir e insistia com um treinador que perseguia os mesmos erros em campo. o Bahia entrava em campo sem armações táticas e técnicas, até começava bem mas rapidamente era tecnicamente neutralizado por seus adversários, e assim permaneceu até quase ser rebaixado.
A guerra na Bahia passou a ser fora de campo, diversas manifestações e protestos da torcida tricolor pelas ruas e redes sociais exigindo a saída do técnico Renato Paiva. Até que faltando cerca de 3 meses para o fim da temporada, o grupo City decidiu demitir o então técnico e contratar um grande ídolo do futebol brasileiro para comandar o Esquadrão de Aço, a contratação do ex-arqueiro foi relâmpago.
O técnico Rogério Ceni assumiu o Bahia em meio a uma grande crise. O time beirava ser rebaixado, agora era tudo ou nada. Assim como sua chegada, seu trabalho foi logo demonstrado. Em 10 jogos, Rogério Ceni igualou o número de triunfos que o Renato Paiva alcançou em 22 partidas disputadas. O novo comandante atingiu a marca de 50% de aproveitamento com 15 gols marcados em apenas 10 partidas a frente da equipe, o que antes era de 22 jogos com 33% de aproveitamentos e apenas 23 gols marcados.
Do nada o Tricolor baiano passou a ter o melhor ataque do segundo tempo. Foi o respiro que o time precisava, mas ainda tinha poucos pontos conquistados, já que no primeiro turno havia feito uma campanha péssima, a pior de sua história em tempos de pontos corridos.
Foi preciso muito trabalho e torcida para manter o Bahia na Série A. Ceni teve poucos dias para implantar seu jogo tático e técnico ao elenco, que a essas alturas já estava desgastado e precisou também de uma injeção motivacional, pois muitos já estavam psicologicamente abalados, o trabalho do treinador foi completo, dentro e fora de campo, para converter todo esforço em pontos.
Em meio a toda essa turbulência do cai ou não cai, o clube teve sua eleição para a Diretoria Executiva e conselheiros, elegendo pela primeira vez na história um ex atleta como Presidente, Emerson Ferretti, ex-goleiro do Bahia, bola de prata defendendo o Esquadrão, venceu de forma surpreendente as eleições, já que não era o favorito. Ele contou com o apoio da torcida pelo seu ídolo e surpreendeu a imprensa baiana vencendo de “lavada” seus adversários, com uma campanha do boca a boca.
A última rodada chegou e o Bahia não dependia apenas dele mesmo para seguir na primeirona. Para que o Esquadrão de Aço se mantivesse na série A, dependia de combinação de resultados. A última rodada foi tripla, Vasco, Santos e Bahia poderiam cair, mas dos 3, o único que não dependia só de si era o time baiano. E o milagre aconteceu, com “99% de chance de cair é 1% de fé”, o Tricolor permaneceu na série A, depois de um triunfo espetacular sobre o Atlético-MG e um revés do Santos.
O aniversário do clube se aproxima, no dia 1⁰ de janeiro de 2024 completaremos 93 anos, que a virada seja o início de uma boa fase, se manter na série A é um bom começo. E que seja um ano repleto de realizações e PAZ! Pois há muitos anos a torcida do Bahêa não sabe o que é isso! São muitas emoções meus amigos.
Por Thamires Barbosa e Suzane Pinheiro
*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.