REMÉDIO PARA FERIDA É LEMBRAR QUEM SE É 


A hegemonia perante ao estado segue sendo vermelha e branca desde 1945

Foto: Ricardo Duarte/ SC Internacional

Feridas profundas e dolorosas recém feitas, sangue e pele à mostra, ferimentos com o calor do corte na carne a ser sentido, olhos ainda molhados das lágrimas derramadas, rostos que não tiveram tempo de apagar o rastro da água que rolou por ali na recente e dolorosa noite de quarta-feira, 4 de outubro. 

Ainda com a voz rouca, com o coração se sentindo traído e com feridas a se lamber, a casa do Clube do Povo encheu-se de sua gente nem 100 horas depois de uma noite muito cruel com aquela torcida que só faz amar o seu Internacional. 

Não havia tempo para chorar, amargar ou brigar, era greNal, clássico, e já dizia meu pai e tantos outros: “greNal arruma a casa, cura ferida ou expõe o que está debaixo de todos os tapetes”.

Assim se fez e, ainda que no pós jogo se olhe o resultado, ele não conta a história do jogo. O 3 a 2 foi mentiroso, não conta sobre a superioridade da partida, sobre o baile de bola que deu o Inter, que fez o que quis e como quis, o 3 a 2 mostra que a gente ainda assim precisa pensar sobre as falhas individuais do time e do quanto falta malandragem de se fazer a bola parar de rodar no momento certo.

O Inter imprimiu seu jogo desde o primeiro minuto no clássico 440. Viu já no primeiro ataque um pênalti ser ajeitado para não  ser marcado, mas na insistência e na “energia” do camisa 13, precisou de apenas 5 minutos para se pôr à frente no placar. 

O Grêmio foi um espectador de luxo da partida, tal qual um ingresso comprado na primeira fileira de uma orquestra assistiu a sinfonia do Inter de Eduardo Coudet ser tocada em plena harmonia com a torcida, que pouco viu o time adversário atravessar com perigo o meio de campo na etapa inicial.

Aos 3 minutos do segundo tempo, Wanderson tirou a defesa inteira tricolor para dançar e há quem diga que eles ainda procuram por onde passou o belga, enquanto estufava as redes para ampliar o placar.

Aos 22 minutos, Rochet falhou em uma bola defensável e o time do Humaitá chegou a acreditar que sairia do Beira Rio na tarde deste domingo (8), com um placar positivo. Enquanto sonhava rapidamente, o Inter respondeu: Maurício arrastou quem quis enquanto invadia campo de ataque e encontrou Alan Patrick, como o grande 10 e maestro que sabe ser, para chegar ao terceiro gol Alvirrubro. A delicadeza de um gol para cada rebaixamento tricolor.

Foto: Ricardo Duarte / SC Internacional

Aos 28 minutos, uma falta no começo da grande área para o Grêmio deu a oportunidade a Suárez, que na batida descontou para os visitantes.

Havia no ar o embalo, a sintonia, a conexão de time e torcida de quem ainda sangrava junto uma ferida que demora por muito tempo a se fechar e cicatrizar. A ferida ardida não se curou, mas recebeu um remédio importante: o de lembrar-se quem se é, de defender as cores do vermelho e branco com cada centímetro do corpo, com cada gota de sangue e com cada batida do peito.

Por Jéssica Salini

*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.


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