Moacyr Barbosa Nascimento, ou simplesmente Barbosa, filho de Emidio e Isaura, é um ídolo que merece todas as homenagens em seu centenário. Infelizmente, não está mais vivo, mas bem aventurada a geração que pôde ver esse monstro no gol.
O jovem que saiu de Campinas talvez não sonhasse que um dia estaria no hall de ídolos do futebol brasileiro e de um dos maiores clubes do mundo, o Vasco da Gama. Barbosa e Vasco são um só, é difícil você falar de um e não lembrar do outro. Pode perguntar para qualquer torcedor: qual o maior goleiro da história do Vasco? A resposta é sempre rápida: Barbosa! É por isso que não se deve resumir Barbosa apenas por um gol sofrido em uma final de Copa do Mundo, ele foi muito mais que isso, ele foi filho, marido, irmão, pai de coração, amigo e ídolo.
UM POUCO DA SUA HISTÓRIA NO FUTEBOL
Nascido em 27 de março de 1921, Barbosa começou no futebol como ponta, mas foi embaixo das traves que sua história começou a mudar. Lá Barbosa era diferenciado, elástico, seguro e destemido, sendo logo indicado ao Vasco, por nada mais nada menos que Domingos da Guia, para começar a sua grandiosa história no clube.
Em 1945, o goleiro assumiu a titularidade do gol Cruzmaltino onde conquistou ao longo de sua carreira 15 títulos, o mais importante deles o Sul-Americano de 1948 invicto onde fez grandes defesas incluindo a de um pênalti na final contra o River, garantindo o empate e título para o Vasco e colocando o clube na história não só do futebol Sul-americano, mas também do futebol mundial. Além disso, o arqueiro fez parte do grande Expresso da vitória e disputou pelo Vasco 431 partidas, com 282 vitórias, 74 empates e 72 derrotas.
Por mais que algumas pessoas façam questão de lembrar apenas do “erro”, Barbosa teve uma história muito bonita defendendo as cores do nosso país. O goleiro chegou a Seleção Brasileira em 1945, onde conquistou o seu primeiro título. Em 1949 já era titular absoluto, onde naquele mesmo ano conquistou a Copa América. Também pela Seleção Brasileira conquistou a Copa Rio Branco de 1947 e 1950.
Até que chegamos na Copa do Mundo de 1950 e a final no Maracanã, onde no meio de 11 jogadores, apontaram o dedo para apenas um. Mesmo sem ser o grande culpado, ficou marcado pela derrota sofrida pelo Brasil naquela final e carregou esse peso por vários anos, em uma de suas últimas entrevistas comentou sobre este fato:
“Eu não quero ser o Barbosa de 50. Quero ser o Barbosa normal, que foi jogador e hoje vive a vida.”
Barbosa encerrou a sua carreira aos 42 anos no Campo Grande (RJ) após uma lesão. Antes disso também jogou pelo Santa Cruz (PE) e pelo Bonsucesso (RJ). O goleiro encontrou refúgio para descansar em Praia Grande, litoral paulista, e lá encontrou Tereza Borba, a filha que nunca teve. Tereza ficou ao lado de Barbosa até seu último dia e sempre fez questão de mostrar que a sua história não se resumia apenas a um jogo. Barbosa faleceu em 2000 aos 79 anos.
SERÁ SEMPRE ETERNO
O Vasco foi uma das grandes paixões do goleiro e nos dias atuais a imensa torcida, dividida por gerações de Barbosa, Carlos Germano, alguns de Helton, Fernando Prass, Martín Silva considerado como o ídolo mais recente no gol e vários outros, lutam para manter viva a memória desse grande ídolo do nosso clube. Na inauguração do CT, o nome mais votado foi o de Barbosa, mas a direção preferiu nomear como CT do Almirante, porém temos certeza que homenagens não faltarão para o seu centenário. A primeira surpresa foi o mosaico no setor social de São Januário, com os dizeres “Barbosa 100”, provavelmente permanecerá até o dia 07/04, data do seu falecimento.
Este fato, nesta data comemorativa, nos traz uma lição e reflexão. Muitas vezes crucificamos jogadores, até mesmo nossos ídolos, por um simples erro ou atitude, esquecendo dos seus grandes feitos. Isso pode ser crucial na vida daquele atleta. Neste texto estamos falando sobre Barbosa, mas se tirarmos um minuto para refletir, perceberemos que já criticamos inúmeros jogadores, sem imaginar o peso que isso causará na vida daquele ser humano.
“Todos queriam que o Barbosa carregasse uma cruz. A única que ele carregou foi a cruz de malta.” #Barbosa100
Por Jessica Martins e Aniele Lacerda, torcedoras e colunistas do Vasco da Gama no Portal Mulheres em Campo.