Nas penalidades, o Brasil cai para a Croácia e está eliminado da Copa do Mundo
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Ainda com o sangue fervendo me pergunto: por que o futebol consegue ser tão cruel? Por que Tite não deixou o Militão que estava bem no jogo? Por que Neymar, que é o nosso craque, não começou batendo o pênalti? Perguntas… e ainda por cima, sem respostas.
Passou um filme na cabeça, 2006, 2010, 2014 e 2018. Uma sensação dolorida. Ver toda nossa trajetória sendo jogada “no lixo” mais uma vez.
Não foram só coisas ruins, aconteceu uma coisa boa: o gol histórico do “menino” Ney. O feito do melhor jogador do país igualou em sua 124ª partida a marca de Pelé, maior artilheiro da história da seleção com 77 gols em 91 jogos.
Foi o primeiro do Neymar em um jogo de quartas de final da competição. Anteriormente, havia passado em branco nos duelos contra a Colômbia, em 2014, e diante da Bélgica, em 2018.
O gol de Neymar na prorrogação foi aquele salvador. Após tabelinha com Lucas Paquetá, Neymar entrou livre dentro da área e, diferentemente das outras oportunidades, não chutou de primeira.
O craque driblou Livakovic e, com um toque sutil, abriu o placar e saiu para o abraço. A emoção e o grito entalado na garganta saíram, a sensação de que estávamos classificados estava presente, mas ainda existia a segunda etapa da prorrogação.
O empate veio no fim do tempo extra, levando a um desfecho que os croatas queriam desde o início: as penalidades. O contra-ataque que ocasionou o gol de empate da Croácia aconteceu em um momento da partida em que o Brasil, apesar de vencer, estava desorganizado em campo.
Um time com tantos jogadores experientes do meio para trás não foi capaz de controlar os nervos. Algo meio sem explicação, mas que acontece com os melhores times. Depois vieram os pênaltis e os croatas foram mais competentes.
No momento de definir a ordem dos batedores, Neymar, o cobrador oficial de pênaltis da seleção, não foi selecionado para as cobranças iniciais. A ordem levada pelo Brasil foi com Rodrygo, Casemiro, Pedro e Marquinhos.
Neymar seria o quinto e último a bater. Rodrygo e Marquinhos erraram suas cobranças, a Croácia converteu todas as penalidades que cobrou – inclusive com seu camisa 10, Luka Modric, – e o Brasil foi eliminado sem que o jogador considerado seu melhor batedor fosse utilizado.
Repete-se, assim, a maldição das quartas de final: em 2006 contra França, em 2010 contra Holanda e 2018 contra a Bélgica. Novamente, um europeu. A Copa do Catar vem apresentando diversas zebras, africanas, asiáticas, e até mesmo as maiores escolas europeias como Alemanha e Espanha já foram vítimas. Independentemente do continente do adversário, o Brasil não poderia ter perdido esse jogo, apesar do heroísmo dos croatas, que mais uma vez suportaram uma prorrogação.
São coisas que só o futebol sabe nos explicar. Pensem: como uma equipe, que finalizou mais de 10 vezes em direção ao gol, perde pra um que chutou só uma? A bola pune, né? Uma festa brasileira se transformou numa tristeza tremenda.
No mundo do esporte, aprendi que uma vitória ou derrota são decidida nos mínimos detalhes. Por uma “má” convocação, falta de gols, falta de um bom futebol e assim vai…
Ao convocar mais jogadores de ataque do que opções para a defesa, Adenor assumiu o risco de uma escassez de peças para momentos decisivos. Foi o que aconteceu: com o corte de Alex Telles, lateral-esquerdo reserva, e a lesão de Alex Sandro, o titular, que retornou nas quartas de final sem condições de atuar por 90 minutos e começou no banco, o Brasil exigiu demais de Danilo, deslocado da direita para a esquerda, e Eder Militão.
A troca de Richarlison por Pedro pouco alterou a dinâmica do ataque brasileiro, que seguiu dependente da criatividade de seus principais jogadores.
Outra mexida feita por Tite na prorrogação foi a entrada do meia Fred no lugar de Lucas Paquetá. O lance do gol croata nasceu de um ataque desperdiçado pelo Brasil no lado direito, em que Fred e o atacante Pedro, que havia entrado no segundo tempo, não se entenderam e acabaram desarmados.
No momento em que a Croácia recuperou a bola, Fred, embora tivesse a função de reforçar o meio-campo, era o jogador mais adiantado do Brasil, deixando espaços na proteção à zaga.
Os problemas já estavam aparecendo desde a primeira fase, mas talvez, cegos pelo hexa, não percebemos ou deixamos passar. A Seleção Brasileira vinha apresentando dificuldades para encontrar espaços contra adversários que vinham mais fechados.
Foi o caso da estreia contra a Sérvia, da vitória apertada sobre a Suíça e do embate contra a Croácia. A exceção foi o duelo contra a Coreia do Sul nas oitavas de final, em que o Brasil, encarando um rival que se mostrou pouco conservador na defesa, fez quatro gols no primeiro tempo.
Não vou criticar alguém e muito menos procurar culpados. O futebol é injusto. E cria vilões que propriamente nunca tiveram essa predisposição.
Mas não vou mentir, dói muito pensar que estávamos muito perto e, agora, simplesmente, acabou tudo. Dói lembrar das defesas do Livakovic. Dói lembrar dos gols perdidos. Dói lembrar que perdemos justo nos pênaltis, com nosso melhor cobrador do mundo em campo e não batendo. Dói lembrar que a Seleção Croata só deu um chute ao gol.
A Seleção Brasileira igualou agora seu maior jejum de títulos de Copa do Mundo: 24 anos, o mesmo que enfrentou de 1970 a 1994. Isso me assusta, mas também entendo que pra tudo há um propósito. Que as lições de 2022 sejam aprendidas para o próximo ciclo.
Aos jogadores, principalmente os mais novos, ergam a cabeça e sigam em frente, por mais que doa muito. Talvez, em 2026 haja uma outra oportunidade para vocês, e quem sabe, alcançarem o Hexa. Nunca se sabe, nada é impossível.
Foi uma honra escrever sobre o Brasilzão para vocês. O meu sentimento de tristeza é igual ao de vocês, leitores. 2026 é logo ali. Voltaremos mais fortes!
Por Thayná Carvalho
*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.