Se você acompanhou os preparativos para a Copa do Mundo ou ao menos procurou conhecer minimamente os adversários do Brasil, certamente ouviu falar, de forma praticamente unânime, que Camarões era a equipe mais fraca do grupo G, e que não se esperava muita coisa deles.
O momento conturbado vivenciado pela equipe, que sofreu com troca recente de treinador e não vinha de um bom retrospecto em campo, realmente não lhes era favorável. Quando a equipe perdeu de 1 a 0 para a Suíça logo na estreia, tomando um gol de um camaronês naturalizado suíço, ninguém achou estranho.
Quando, às vésperas da segunda rodada, mais uma polêmica se apresentou à equipe, fazendo com que o goleiro Onana, o principal jogador da Seleção, deixasse a delegação por questão disciplinar, poucos se espantaram.
Mas quando, diante da Sérvia – que havia dado trabalho para o Brasil no primeiro jogo – Camarões começou na frente, e teve um poder de reação incrível para chegar ao empate quando perdia por 3 a 1, foi visto com bons olhos.
O que dizer, então, de conquistar uma vitória, nos acréscimos, contra o país que mais troféus de Copa do Mundo acumulou até hoje e que nunca havia perdido para uma seleção africana na história do torneio?!
Rigobert Song contou com um Brasil de jogadores reservas, é verdade, até porque com a classificação garantida, e com problemas de lesões, não fazia sentido que a canarinha entrasse completa em campo. Isso não impediu a esmagadora maioria dos brasileiros de subestimar a capacidade de resiliência e garra dos camaroneses.
Cientes da superioridade técnica brasileira, mesmo jogando com a equipe reserva, os Leões Indomáveis apostaram em uma defesa bem postada, que pudesse trabalhar nos contra-ataques nas possíveis falhas brasileiras, principalmente pela direita do adversário.
O primeiro tempo não guardou muitas emoções ao aficionado por futebol, com destaque somente para o goleiro Epassy, titular desde a saída conturbada de Onana, que fez duas defesas difíceis em bolas de Martinelli; destaque também para a cabeçada forte de Mbeumo, aos 47 minutos, que obrigou o goleiro Ederson a trabalhar e foi a primeira bola a gol do Brasil nesta Copa.
Na segunda etapa, embora a seleção brasileira tenha tido mais volume de jogo, fato é que as poucas chances criadas não surtiram nenhum efeito para o Brasil e não levaram grande perigo ao gol de Camarões, que começou a sair um pouco mais para o jogo, também com pouca – ou quase nenhuma – efetividade.
Porém, Aboubakar, que já havia agitado e sido o protagonista da partida contra a Suíça naquele suado empate em 3 a 3, foi o responsável direto pela tristeza dos brasileiros. Nos acréscimos do jogo, aos 92 minutos, o atacante recebeu um cruzamento aéreo pela direita, de Ngom, e, no meio da zaga, subiu e cabeceou no canto esquerdo do goleiro Ederson, que só acompanhou a bola entrar para o fundo das redes.
O jogador foi expulso na sequência, por comemorar tirando a camisa, mas certamente isso não abalou nem o jogador, nem mesmo a Nação Camaronesa que, orgulhosos puderam dizer que bateram o “tout puissant” Brasil pelo placar de 1 a 0.
O trabalho de Eto’o enquanto presidente da Federação, da comissão técnica e de todos os atletas deve ser enaltecido e registrado na história da Seleção Camaronesa que, mesmo diante de todos os problemas e, contrariando as expectativas, marcou 4 pontos e, muito embora não tenha avançado de fase, conquistou o terceiro lugar no grupo, levando na bagagem a moral de ter vencido a Seleção Brasileira.
Camarões de despede da Copa do Mundo FIFA 2022 de cabeça erguida e ciente de que sua garra e unidade enquanto equipe calou quem dela duvidava, além de ter ensinado aos brasileiros que futebol também se joga, e não apenas se ganha.
MERCI POR TOUT!
L’histoire continue…
OBRIGADA POR TUDO!
A história continua…
Por Daiane Luz, setorista no Portal Mulheres em Campo
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