MULHERES NA COPA: OS DESAFIOS DO CATAR E DA FIFA EM 2022


Ilustração/Site Istoé

A expectativa para mais uma Copa do Mundo está cada dia maior e faltam apenas sessenta dias para o planeta bola parar para acompanhar as seleções mundiais. A Copa tem início no dia 20 de Novembro, com a estreia dos anfitriões contra o Equador. Entre os desafios de receber o maior evento esportivo do mundo, o Catar se prepara para ser o primeiro país do Oriente Médio a receber turistas com culturas bem distintas dos seus costumes atuais em uma Copa. 

Por ser uma região com origens na religião islâmica, o Catar mistura modernidade e tradição, através de suas riquezas e cenários exorbitantes. Apenas para receber o torneio, os árabes construíram sete estádios, todos na capital, Doha. São eles: Al Bayt, Al Thumama, Khalifa International, Ahmad Bin, Ali Estádio 974, Al Janoub, Education City e Lusail. Além disso, serão mais de 100 novos hotéis e as linhas de metrô e estradas do país foram ainda mais modernizadas. 

Toda esta infraestrutura está pronta para receber os torcedores, imprensa internacional e participantes da competição mais importante do futebol. Porém, para além do espetáculo aguardado em campo, fora das quatro linhas as mulheres ocidentais terão um choque de realidade ao entrar em um país com costumes tão restritos e machistas. Algumas regras são gerais, como o consumo de bebidas apenas em locais permitidos, proibição de demonstrações de afeto em público, fotografias em locais turísticos sem autorização, entre outros.  

As proibições específicas para o público feminino são, em geral, voltadas para o vestuário e comportamentos da mulher, que devem ser adequados ao contexto local. Entre essas restrições estão ombros, joelhos, colo e barriga cobertos. As roupas devem ser discretas, sem transparências ou marcar o corpo. É indicado o uso de saias abaixo do joelho e camisetas amplas. As mulheres devem se sentar de forma comportada e manter a sola dos sapatos firmes ao chão.

A Copa do Mundo sempre foi um evento desafiador para as mulheres torcedoras, que acabam sendo colocadas em um lugar de hiperssexualização ou de repressão pelo machismo ainda bastante predominante. Infelizmente, em 2022 não deve ser diferente de outras edições recentes. Na última Copa, em 2018, na Rússia, uma jornalista local foi assediada por brasileiros. Em 2010, Larissa Riquelme, modelo paraguaia, ficou conhecida como “musa” pelo seu corpo e se tornou alvo de todo tipo de machismo. 

Montagem/Site Pragmatismo Político

As mulheres muçulmanas já vem sendo alvo de piadas e memes ridicularizando as vestimentas de sua cultura milenar. Os preconceitos se estendem também aos LGBTQIAP+, que é ainda mais reprimida se tratando do esporte mais popular do mundo. As medidas para prevenir e punir esse tipo de violência contra a mulher e outras minorias, infelizmente, são mínimas e dependem da legislação local. 

A FIFA, como instituição organizadora do mundial, também pouco se envolve ou auxilia nestes episódios que estão se tornando recorrentes. A entidade tenta diversificar os locais do evento e dar oportunidade para países que representam outros povos e culturas. Porém, a maior festa do esporte mundial precisa ser mais inclusiva e respeitosa com todos, independente de qualquer discriminação. 

Por Rayssa Rocha

*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo. 


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