UM MISTO DE TRISTEZA E REVOLTA


Após uma bela campanha no Brasileirão Feminino A1, as Palestrinas se despediram da competição na tarde deste sábado (10) com uma dura derrota para o Corinthians. A partida, que ocorreu em um Allianz Parque com recorde de público para a modalidade (foram mais de 11 mil torcedores), terminou com o placar de 4 a 0 para as alvinegras. 

A alegria ficou por conta da presença e apoio da torcida, porém, o time em campo estava irreconhecível. Não apenas pela escalação sem a dupla de zaga titular, mas pela postura com a qual o Palmeiras entrou em campo. No jogo de ida, fora de casa, as Palestrinas mostraram garra e mesmo atrás no placar, buscaram o empate até o final. Já no Allianz Parque, o time se mostrou apático, abatido e perdido.

Com a melhor campanha já feita, Palestrinas se despedem do Brasileirão de forma amarga.  Foto: Fabio Menotti/Palmeiras 

O Palmeiras entrou em campo sem sua dupla de zaga titular, que sequer foram relacionadas, sem o técnico para comandar o time, pois Ricardo Belli foi expulso no jogo de ida. Foram as adversárias quem tiveram a primeira oportunidade e, aos 7 minutos, após revisão do VAR, foi assinalado um pênalti a favor das alvinegras. O lance foi daqueles questionáveis, interpretativos, mas que a regra permite que seja marcado. A penalidade foi cobrada e convertida.

As Palestrinas sentiram o gol e não conseguiam avançar para o campo de ataque, e nas poucas vezes que chegavam encontravam uma defesa bem colocada. A melhor chance foi aos 28 minutos, com um chute de fora da área de Ary Borges, que foi tranquilamente defendido pela goleira adversária. As alvinegras marcaram o segundo, aos 44′, e o Derby foi para o intervalo com o time da casa em desvantagem. 

O terceiro gol das adversárias veio no início da segunda etapa, aos 4 minutos. O Palmeiras estava desorganizado e desorientado, levou o quarto gol, aos 15′. As adversárias aumentaram a pressão e Amanda salvou as alviverdes de levar ainda mais gols. Aos 34, Sochor ficou cara a cara com a goleira e tentou encobrir mas chutou em cima de Lelê. Nos minutos finais, Camilinha e Sochor tiveram a chance de marcar ao menos uma vez, mas viram a goleira adversária espalmar, impedindo o gol.

Torcida compareceu e apoiou o time até depois do apito final. Foto: Fabio Menotti/Palmeiras 

Que o futebol feminino do Palmeiras é mal administrado não é novidade para ninguém, no entanto, essa falta de profissionalismo não só custou uma possível vaga na final do Brasileirão como expôs as fragilidades da categoria. Sobre a ausência das zagueiras, o que se relata é que Agustina teria reagido desproporcionalmente ao fato de não ter sido capitã na última partida e foi afastada, e Thais em “solidariedade” à companheira se recusou a jogar o Derby. 

Já não bastava o fato do clube ter recontratado o técnico Ricardo Belli (6 meses após sua demissão), sendo que Hoffmann Túlio tinha levado o time para as quartas de final em uma campanha espetacular, onde as Palestrinas terminaram na liderança, além de terem vencido o Corinthians, fato que não acontecia há 17 anos. Além da tristeza pela derrota e eliminação, fica o sentimento de revolta pelo descaso da diretoria com a modalidade, que é desvalorizada e deixa nítido que só foi reativado pela obrigação mas que o clube não tem a intenção de investir e fazer com que o futebol feminino cresça. 

Como torcedora e apoiadora do futebol feminino, espero e torço para que o Palmeiras perceba o erro, corrija e passe a tratar a categoria com o carinho e respeito que merece. 

AVANTI PALESTRINAS!

Por Vânia Souza 

*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.


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