Conhecer nossas origens, para respeitar nossas tradições!
Um branco e um preto unido, como cantou Sabotage, deram origem à razão de viver de mais de 30 milhões de Loucos. Na força trabalhadora, no sonho de quem movia o país e admirava o esporte bretão nasceu o alvinegro mais amado – e também odiado, do Brasil. A luz de um lampião, na esquina entre as ruas José Paulino e Cônego Martins, foi fundado por cinco operários, ainda como uma utopia, o Sport Club Corinthians Paulista, no dia 1º de setembro de 1910.
Alguns dias antes, o destino havia sido traçado. Uma excursão trouxe ao Brasil o clube inglês do Corinthian FC, que deslumbrou e inspirou os apaixonados Joaquim Ambrósio, Antônio Pereira, Rafael Perrone, Anselmo Correa e Carlos Silva. O bairro escolhido não poderia ser outro que não o Bom Retiro, centro comercial e têxtil de São Paulo. Não à toa, o primeiro presidente escolhido foi o mascate (cortador de tecifos) Miguel Battaglia, que sempre fez questão de exaltar que o Coringão era do povo e que o povo faria o time.
Desde o começo tudo foi suado, mais difícil. O primeiro desafio foi a compra de uma bola, que contou com a contribuição de quem sequer imaginou o futuro glorioso do Timão. Menos de duas semanas depois, em um campinho alugado e capinado por uma força tarefa de corinthianos, o alvinegro jogou pela primeira vez. O campo do Lenheiro, como era conhecido por ter sido depósito de lenha, foi a casa da Fiel, que já garantia: Corinthians veio para ficar! O placar foi o de menos, o que importava era a festa dos torcedores.
A primeira vitória veio no jogo seguinte diante do Estrela Polar, por 2 a 0. O time foi caindo nas graças da torcida, o que só aumentou quando a equipe goleou o Atlética da Lapa, time formado por jogadores ingleses. Para comemorar o placar elástico de 5 a 0, novamente a torcida se uniu e comprou os primeiros uniformes para o time. É daí que vem o preto e o branco! O uniforme escolhido era bege, com punhos e gola pretas, mas com o tempo a cor desbotou e ficou branca. É por isso que devemos ter orgulho das cores que vestimos, do manto que ostentamos, pois foram conquistados com muito suor.
Seguindo sua história de luta, o Corinthians deixou a várzea e foi brilhar na elite em 1913. Em meio a aristocracia paulista, o Coringão era o time do povo, o único com operários e trabalhadores em campo e nas arquibancadas, e também o primeiro do estado a aceitar atletas negros.
O primeiro título veio logo no ano seguinte, com a conquista invicta do Paulistão de 1914. A campanha somou 10 vitórias em 10 jogos e 37 gols anotados. Nos anos seguintes, o clube foi se consolidando como um dos mais vitoriosos do país, conquistando 9 estaduais, com três tricampeonatos, entre 1920 e 1940. Tal feito jamais foi repetido por outra agremiação!
Nós sempre fomos diferentes. Somos aqueles que não escondem a camisa após a derrota, pelo contrário, aí mesmo que erguemos a cabeça e estufamos o peito. Prova disso é a alcunha de Fiel Torcida e as inúmeras invasões ao longo de nossa história. A mais marcante delas, do Maracanã em 1976, coloriu metade do estádio, que tinha mando do Fluminense, com nossas cores. Com a força da Fiel, saímos com a vitória nos pênaltis, mas a agonia pela fila de mais de 20 anos sem títulos durou um ano a mais, já que na final perdemos para o Internacional.
O dia 13 de outubro de 1977 marcou uma grande epopeia. 23 anos de jejum acabaram em 7 segundos, quando Basílio, na insistência, garantiu a festa do Timão sobre a Ponte Preta.
Dali pra frente tivemos a geração democrática e que não se curvava para ditadores de Sócrates e Casagrande; o brilhantismo de Neto e o primeiro título Brasileiro em 90. Em 95, sob a batuta do Pé de Anjo, Marcelinho Carioca venceu a Copa do Brasil de forma invicta. Numa das fases mais gloriosas da história alvinegra, grandes nomes passaram pelo Parque São Jorge, como Gamarra, Dida, Edilson, Rincón, Tevez, Ricardinho, Luizão, Kleber… Assim, conquistamos três Brasileiros (1998,1999 e 2005), quatro do Campeonatos Paulistas (1997, 1999, 2001 e 2003), a Copa Bandeirantes, uma Copa do Brasil (em 2002) e o Mundial (em 2000).
Mas como dito anteriormente, nada para o Corinthians é fácil. Após anos sendo usado e mal administrado, a conta chegou altíssima. Para nossa tristeza, o time amargou a Série B em 2007. Foi então, que com o coro da Fiel que entoava a plenos pulmões “Eu nunca vou te abandonar”, o Corinthians renasceu como uma fênix!
De lá pra cá, os saudosistas costumam dizer que ficou mais fácil torcer para o Corinthians. Tivemos a era Ronaldo Fenômeno, a conquista da tão sonhada Libertadores com um elenco chefiado por Cássio, Sheik, Danilo, Tite e Cia. Conquistamos o mundo novamente, desta vez no Japão. Veio a Arena e muitas outras taças.E sempre que diziam que iriamos despencar, seguimos firmes, atuando como o 12º jogador, empurrando e levantando o Coringão.
Quebrando paradigmas, o Corinthians pouco a pouco se tornou gigante também no futebol feminino. Com um projeto inovador, as Brabas foram atropelando rival a rival e se consolidaram como a melhor equipe de futebol feminino do país. Tudo começou em 1997, foi retomado em 2016 em parceria com o Audax, e assumido diretamente pelo clube em 2018. Nossas meninas conquistaram 3 vezes a Copa Libertadores da América, 3 Campeonatos Brasileiros, a Copa do Brasil, uma Supercopa e 3 Paulistões.
Como teu passado é uma bandeira e o teu futuro é uma lição, não poderia deixar de relembrar fatos que fizeram do Corinthians o que ele é. Que saibamos exaltar todos os dias nossas raízes, para seguir num caminho glorioso!
Parabéns Sport Club Corinthians Paulista
Por Mariana Alves
*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo
Um comentário sobre “SOU GAVIÃO FIEL DE ORIGEM LOUCO: 112 DE CORINTHIANS, DO TIME DO POVO!”
Que texto incrível não deixou faltar nenhum detalhe da história do nosso Timão, a única coisa que não sabia é foi o primeiro paulista a ter negros no seu elenco
Nosso Corinthians é gigantes os antis secam, mas nunca chegarão aos pés de nossa grandeza.
Parabéns pelo texto!