Corinthians despacha o freguês e chega a quarta final consecutiva do Paulistão
Corinthiana desde que me conheço por gente, nunca imaginei a emoção que sentiria ao voltar ao estádio. Quando o carro foi chegando a Arena Barueri, automaticamente as lágrimas começaram a rolar e só consegui agradecer a Deus por estar viva e poder voltar a fazer o que amo!
O futebol feminino, tantas vezes taxado e menosprezado, me proporcionou uma verdadeira epopeia, daquelas capazes de lavar a alma, seja pela glória da goleada, pelas lágrimas de emoção, pela chuva que caiu durante o duelo ou pelo sistema de irrigação do estádio, que mal planejado, encharcou os torcedores. Assim, com muitos detalhes únicos, as Patroas carimbaram o passaporte rumo a mais uma final e despacharam suas maiores freguesas, as Guerreiras Grenás.
A partida marcou o retorno da Fiel aos jogos das Brabas. Dentro de campo, nossas guerreiras dominaram o jogo, enquanto as meninas da Ferrinha mais se jogavam e batiam do que qualquer outra coisa. A primeira chance das Patroas saiu em cabeceio de Vic Albuquerque, mas milagrosamente, Luciana defendeu. Portilho e Tamires também tentaram, mas sem sucesso.
A Fiel aumentou o volume e as Patroas cresceram em campo. Portilho, em boa jogada, tocou para Vic Albuquerque na entrada da área, que serviu Tamires. Luciana, esperta, salvou novamente. No escanteio, Gabi Zanotti mandou por cima do gol. O Corinthians seguiu insistindo, e a Ferroviária acordou, fazendo Natascha trabalhar em chute de Rafa Mineira.
Já passava dos 40 minutos e nada de gols. A apreensão aumentou e o grito de incentivo também. Embaladas pelo canto das arquibancadas, as meninas cresceram. Vic Albuquerque carimbou o travessão e já nos acréscimos, Adriana abriu o placar, 1 a 0.
Gol, intervalo, chuva e festa. Nada importava, o dia era nosso, a festa era das Minas. Dos mais de 2000 torcedores presentes, a maioria esmagadora era de mulheres. A frase “nós por nós” nunca fez tanto sentido.
O segundo tempo veio para fechar com chave de ouro a história do duelo. O Corinthians foi avassalador e não teve piedade do seu maior freguês. Enquanto a equipe de Araraquara pensava em bater, as Brabas queriam, e fizeram, gols. Gabi Zanotti, a maior carrasca da Ferrinha, guardou o dela. Este é o quinto gol da camisa 10, no quinto jogo consecutivo contra Ferroviária.
Em meio a chuva de gols perdidos, as adversárias descontaram com Carol Tavares. De nada adiantou, minutos depois, Vic Albuquerque marcou, aproveitando passe de Diany, 3 a 1.
Com o gol, Arthur Elias resolveu mexer na equipe. Neste momento, Ludmila perdeu a compostura, empurrou Gabi Portilho e deu início a uma confusão em campo. Com tapa na orelha, sangue no olho e gritos de “eliminadas”, Miriã foi derrubada dentro da área por Luciana, pênalti. Adriana foi para a cobrança e fechou o caixão grená, 4 a 1 Corinthians.
O resto foi olé e gritos de CPF na nota. Tchau Ferroviária, que venha a final. Chegamos a nossa 12° final, a quarta consecutiva do Paulistão – 2018, 2019, 2020 e 2021. No entanto, antes da final teremos a Libertadores. O Corinthians estreia na competição nesta quinta-feira, contra o San Lorenzo.
Por fim, só me resta agradecer a Deus por ter nascido corinthiana e por ter passado ilesa ao furacão da Covid. A gratidão se estende a minha Fiel companheira de bancada, de Corinthians, de vida: Victória Monteiro. Seguimos invictas em jogos do Timão. Seguimos chorando pelo Corinthians. Seguimos apoiando o futebol feminino, fazendo mais por elas. Seguimos sendo CORINTHIANS!
Por Mariana Alves
*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.