O FUTEBOL DE DOMINGO E O PESO DO PUNHO CERRADO


A 15ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2021, além dos bons jogos e da mudança na liderança da competição, também foi marcada por manifestações anti racistas e protestos tão pesados quanto necessários.

Em Minas Gerais, o América-MG reforçou mais uma vez o seu apoio à causa, através de uma ação simbólica na estreia do seu terceiro uniforme. O novo material americano faz parte da campanha “#ConsciênciaNegraTodoDia”, e o clube vem se posicionando sempre nas redes sociais a favor da causa antirracista (saiba mais na página do clube https://www.americamineiro.com.br/2021/08/04/consciencianegratododia-america-resgata-primordios-e-reforca-a-luta-antirracista-em-seu-novo-uniforme-3/). 

Foto: Mourão Panda / América-MG

Além disso, na Arena Independência e antes da bola rolar contra o Fluminense, os atletas de América MG e Fluminense se ajoelharam no gramado e ergueram os punhos, em referência ao gesto anti racista mundialmente conhecido. 

Foto: Instagram Oficial/América-MG

No Maracanã, a bola já rolava quando Taison arrancou em contra ataque aos 8” e partiu para marcar seu 1º gol pelo Internacional desde seu retorno. Após o abraço dos companheiros, o camisa 10 comemorou seu gol tão importante também com o gesto de punho cerrado e em riste. 

Ao fim da  partida, Taison disse em entrevista: “Eu sofri preconceito na Ucrânia, sofri racismo. Sempre que eu fizer gol, seja lá ou aqui, eu vou comemorar desta maneira”. O jogador colorado atuou pelo Shaktar Donetsk por mais de uma década e sofreu racismo também em mais de uma oportunidade. Taison chegou a ser punido pela federação ucraniana por se posicionar contra ofensas raciais em uma partida.

Mesmo com atos como este estarem se tornando constantes, cada manifestação feita por um atleta inspira e representa milhões de torcedores. Tal ato dá voz àqueles que seguem sendo calados e invisibilizados pela sociedade, por cultura com um conceito pré concebido e carimbado no tom da pele.

O atleta que dentro de campo muitas vezes é um herói e vê milhares de camisetas serem estampadas com seu nome, precisa além de tudo enxergar se humano e saber que como tal pode e deve sim ser instrumento de movimentos tão importantes.

Em silêncio, na absoluta ausência de palavras, com olhos e punhos que só buscam a queda do preconceito. Sem um grito, sem uma palavra de ordem ou uma única palavra o América MG, o Fluminense e a Taison fizeram um domingo de futebol muito maior que o normal.

Foto: Ricardo Duarte/ SC Internacional

Por Jéssica Salini e Rayssa Rocha, setoristas no Portal Mulheres em Campo

*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo


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