Até que ponto eu como torcedora deveria ainda me sentir surpresa em ver o mesmo elenco não saber jogar uma partida decisiva? Até que ponto é novo o choro da decepção que recai depois de 2019 e 2020? Ainda há surpresas no fracasso?
Noite de Libertadores, noite de decisão na Padre Cacique. Noite de dar rumo e sequência na competição. Noite de reencontrar uma equipe que não há muito tempo havia perdido as contas de quantas vezes buscou a bola no fundo da rede.
Pelo jogo de ida das oitavas de final, o Internacional outra vez tinha o Olímpia-PAR pela frente, um Olímpia-PAR que não havia se transformado milagrosamente, era o mesmo que havia sido sacudido em um belo 6×1 dentro do mesmo Beira Rio não muitos meses atrás. O mesmo Olímpia-PAR que em 3 confrontos na temporada só marcou um gol contra o Internacional.
Se os paraguaios eram os mesmos, do lado de cá o peso que havia sido imposto aos nossos grandes heróis e multicampeões, já parecia muito maior do que a capacidade deles de carregar. Toda vez que entram em campo em um jogo decisivo dentro do clube, o futebol desaparece de suas mentes, a capacidade de encontrar o gol sucumbe diante de seus olhos, o peso do fracasso se sobressai em seus ombros.
A partida por si deixou claro desde o primeiro instante a superioridade colorada, seja por números, scores ou por lances isolados, o Inter foi absurdamente superior ao adversário, não é o meu clubismo falando, é sobre como foi exatamente a partida.
O Inter perdeu gol de quase todas as maneiras possíveis, de perto, longe, por baixo, por cima… Pode sair da partida com uma bela produção visual de como se perder gols, do gol impedido de Taison ainda na primeira etapa ao inacreditável fato de Edenilson perder uma penalidade após 14 chutes certeiros.
O roteiro estava escrito e como sempre, o roteirista da vida do torcedor Colorado é sempre absolutamente cruel e sem piedade.
Sem gols dentro do tempo normal, a decisão partiu aos pênaltis e no último chute lá estava mais uma estrela de uma elenco que não ganha nada: Galhardo errou a cobrança e o Olímpia-PAR por sua vez não desperdiçou. Mais um fracasso para a conta do elenco mais derrotado do futebol brasileiro.
Mais uma vez, seguem sendo intocáveis e inegociáveis as estrelas do elenco que nada trazem, nada vencem, nada ganham.
Edenilson segue sendo driblado por todos os Cirinos da vida há 3 anos, já são três temporadas perdidas num looping infinito dentro do mesmo lance. Ao seu lado os mesmos Dourados, Patricks e Galhardos, dos mesmos que não são capazes de encontrar brio em vestir essa camiseta, os mesmo incapazes de marcar um gol que entraria para a história, seja numa equipe desprezível que foi vazada por qualquer time no Brasileirão 2020, seja num Olímpia-PAR que ficou fora dos gramados por 45 dias antes de se garantir nas quartas de final e que dificilmente avançará.
A nós, torcedores, segue o eterno quase que sempre cai a ser resolvido nos pés de quem sempre será um eterno jogador do Caxias levando 8×1 numa final de Gauchão. A fotografia da derrota que só muda de data de temporada em temporada, carrega os mesmos rostos e a mesma legenda.
Por Jéssica Salini, setorista do Sport Club Internacional
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