Ibéria em Chamas: Portugal e Espanha decidem o Trono


Após empate por 2 a 2 no tempo normal e na prorrogação, portugueses vencem nos pênaltis e levantam a taça

Na tarde deste domingo, 8 de junho, às 16h (horário de Brasília), o Allianz Arena, em Munique, foi palco de mais um capítulo memorável da história do futebol.

Em campo, duas seleções vizinhas, rivais e gloriosas: Espanha e Portugal, que duelavam não apenas pelo título, mas pela chance de conquistar o bicampeonato da UEFA Nations League.

Neste jogo, a Espanha entrou em campo com o peso do favoritismo, embalada por sua técnica refinada e juventude ousada e título de campeã da última edição. 

O Portugal, por sua vez, trouxe a força da camisa, a experiência dos grandes jogos e a alma de seu capitão, que desde os primeiros passos com a seleção escreveu com gols, lágrimas e títulos, páginas inesquecíveis da história lusitana. 

Foto: UEFA




Esse jogo era mais do que uma final. Era um encontro de gerações. De um lado, o prodígio espanhol Lamine Yamal, símbolo de uma nova era que começa a florescer com coragem e talento. Do outro, o eterno Cristiano Ronaldo, lenda viva do futebol mundial, que mais uma vez carregava a esperança de um povo e a paixão de uma carreira marcada por feitos inigualáveis.

E nesta noite mágica em solo alemão, foi a estrela de Portugal que brilhou mais forte. Em um duelo eletrizante, repleto de reviravoltas e intensidade do início ao fim.

No tempo normal e prorrogação terminou empatado em 2 a 2, um reflexo da grandeza de duas seleções que se recusaram a ceder. Mas quando o destino decidiu que a decisão viria nas penalidades, foi a frieza portuguesa que falou mais alto, com cinco cobranças perfeitas, garantindo a vitória sobre a seleção espanhola. 

Primeiro Tempo: Portugal tenta resistir, mas a Fúria mostra sua força

O apito inicial mal soou e já ficou claro: seria uma final intensa, nervosa e digna de parar a Península Ibérica. Portugal e Espanha não se estudaram por muito tempo,  foram direto ao combate.

A Espanha começou com sua tradicional posse de bola  envolvente, e logo aos 21 minutos, Zubimendi abriu o placar em jogada bem construída, aproveitando o espaço na marcação lusa. O gol acordou Portugal, que até então parecia travado emocionalmente.

A resposta veio com a força de quem carrega uma camisa pesada. Aos 26’, Nuno Mendes, em lance de oportunismo e categoria, deixou tudo igual: 1 a 1. Era o empate que recolocava os portugueses no jogo e incendiou a torcida. O equilíbrio parecia estabelecido.

Mas, quando o primeiro tempo se aproximava do fim e a Fúria parecia mais controlada, veio o baque: Oyarzabal aproveitando um contra-ataque mortal, marcou o segundo da Espanha aos 45’. Um banho de água fria para os portugueses no momento em que o jogo parecia virar para o seu lado.

No meio disso tudo, o jogo foi pegado, cheio de faltas e cartões. Bruno Fernandes e João Neves brigaram por cada centímetro. Francisco Conceição sofreu e cometeu faltas, mostrando que Portugal não estava disposto a recuar. Já do lado espanhol, Lamine Yamal e Nico Williams levaram perigo constante pelas pontas, abusando da velocidade e das inversões rápidas.

Portugal tentou equilibrar na base da vontade, mas sofreu para fechar os espaços entre linhas. A Espanha, por sua vez, explorou bem as costas dos laterais portugueses e mostrou uma maturidade fria para aproveitar as falhas. A transição defensiva de Portugal foi o ponto fraco  e os dois gols espanhóis nasceram justamente de falhas nesse setor.

Cristiano Ronaldo apareceu pouco, cercado e bem marcado, mas sofreu faltas e tentou puxar moral para o time. Mas o jogo estava longe de terminado. Se tem algo que a história ensinou é: nunca duvide de Portugal. E nunca duvide de Cristiano.

Segundo tempo: Cristiano Ronaldo empata e mantém Portugal vivo

O segundo tempo começou com a Espanha na frente, mas logo ficou claro que Portugal não entregaria os pontos facilmente. Com mudanças ousadas, Roberto Martínez lançou Rúben Neves e Nélson Semedo para agitar o meio-campo e fortalecer a lateral. 

A Espanha tentou ampliar com Fabián Ruiz e Pedri, mas a defesa portuguesa e o goleiro Diogo Costa mantiveram o placar vivo.

Cristiano Ronaldo, aos 16’, apareceu como só ele sabe: oportunista, certeiro e letal. Empatou o jogo em 2 a 2, num lance típico de camisa 7,  de muito perto, mas com o peso de um gigante. O gol incendiou o duelo e trouxe emoção ao clássico ibérico.

As trocas continuam e o jogo ficou mais físico. Vitinha e Pedro Neto levaram amarelos por entradas duras, assim como Le Normand, já nos acréscimos. A partida foi parando e voltando, com faltas seguidas, marcações de impedimento e uma tensão crescente.

O drama aumentou nos minutos finais: Cristiano Ronaldo sentiu e saiu para a entrada de Gonçalo Ramos. Mesmo com a lenda em campo por menos tempo, sua presença foi decisiva para o empate. Bruno Fernandes ainda teve a chance da virada numa cobrança de falta venenosa, mas a bola passou tirando tinta da trave.

No fim, o empate foi justo num segundo tempo vibrante, com cara de clássico e cheiro de revanche futura. E para o torcedor foi emocionante o jogo iria para os prorrogação e quem sabe pênalti para testar os mais fortes. 

Prorrogação e Pênaltis

O tempo extra começou sob o peso da tensão típica de um clássico europeu em fase decisiva. Com as duas seleções já desgastadas física e emocionalmente, os 30 minutos de prorrogação foram um teste de nervos, estratégia e resistência.

Portugal apostou em Diogo Jota para oxigenar o ataque, enquanto a Espanha lançou Yeremy Pino e, depois, Morata, em busca de um golpe final. Mas não houve golpe, houve desgaste. 

Rafael Leão foi quem mais tentou desequilibrar, sofrendo uma série de faltas e levando a defesa espanhola ao limite, inclusive obrigando Pedro Porro a uma entrada ríspida que rendeu amarelo.

Apesar das tentativas, como a cabeçada desperdiçada por Yeremy Pino e os chutes de longa distância de Pedro Porro e Cucurella, o empate persistiu. 

Os dois times travaram mais na força do que na inspiração. O jogo virou um duelo de paciência, onde o medo de errar falou mais alto do que a coragem para vencer. A prorrogação terminou como começou: 2 a 2. E, como manda a dramaturgia do futebol, fomos para os pênaltis.

Disputa de Pênaltis: Drama em cada passo

No palco onde nervos de aço e pés calibrados decidem destinos, Portugal brilhou. A disputa por pênaltis coroou um duelo tenso com uma vitória lusitana marcada pela precisão e pela frieza dos seus cobradores.

Tudo começou com Gonçalo Ramos, que bateu como quem sabe que o primeiro pênalti dita o tom: rasteiro, firme, sem chance. Mikel Merino respondeu com elegância para a Espanha, igualando.

Na sequência, Vitinha mostrou personalidade e deslocou o goleiro com categoria. Do outro lado, Álex Baena, mesmo pressionado, não se abalou e manteve tudo empatado.

A partir daí, os portugueses subiram o tom. Bruno Fernandes, especialista da marca fatal, deu aula de técnica. Isco, o maestro espanhol, manteve a esperança vermelha viva.

Mas então veio a virada: Nuno Mendes, lateral de ofício, cobrou com a frieza de um centroavante. A responsabilidade foi para Álvaro Morata, que viu seu chute parar nas mãos do goleiro português. Um silêncio caiu sobre os espanhóis, enquanto os lusos começaram a sentir o gosto da vitória.

Coube a Rúben Neves colocar o ponto final. Com um chute seco, rasteiro e indefensável, decretou: Portugal campeão!

A vitória nos pênaltis não foi obra do acaso, mas do preparo. E Portugal, com sangue frio e coração quente, mostrou que também sabe vencer quando o talento precisa dividir espaço com a tensão.

A lenda veste vermelho: Cristiano escreve mais um capítulo eterno

Foto: John MACDOUGALL / AFP

É preciso reverenciar a história sendo escrita, mais uma vez pelos pés, pela alma e pelo coração de um homem que virou lenda: Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro, ou simplesmente, CR7 ou Robozão. Aos 40 anos, ele continua fazendo o impossível parecer rotina e, de novo, arrasta Portugal com ele rumo à eternidade.

Cristiano não é só um jogador. Ele é o rosto de uma geração, a alma de um país. Um símbolo que vai além de números e taças, embora ele tenha os dois de sobra. Com a camisa da seleção, CR7 se tornou sinônimo de liderança, raça, superação e, principalmente, amor incondicional à pátria.

Desde o garoto franzino que estreou cheio de sonhos, até o homem que hoje carrega um país inteiro nas costas, Cristiano reescreveu o destino de uma seleção que, até então, não sabia o que era vencer. Com ele, vieram a Euro 2016, a Liga das Nações de 2019, e agora, em 2025, mais um título para gravar na alma dos portugueses.

Mas Cristiano entregou mais do que gols e olha que são 938 no total. Ele entregou presença. Esteve ali nos momentos que ninguém vê: no vestiário silenciado, no grito antes do apito, no olhar firme que dizia: “vamos vencer”. Ele não foi só um craque. Foi inspiração. Foi exemplo. Foi a esperança viva de que Portugal podia, sim, ser gigante no futebol mundial.

Aos olhos do planeta, ele já é um dos maiores de todos os tempos. Mas para o povo português, ele é eterno. Cada título com ele em campo é mais que uma vitória. É uma emoção que não cabe no peito. É uma era que nunca será esquecida.

Nesta noite mágica de 8 de junho, a história ganhou mais um capítulo dourado. Cristiano, mais uma vez decisivo, arrancou o empate que manteve viva a chama do título. Com isso, cravou ainda mais fundo seu nome como o maior artilheiro da história das seleções. E nesta edição da Liga das Nações não foi diferente, artilheiro do campeonato 9 jogos e 8 gols, Robozão só mostra que não existe idade para brilhar, basta ter determinação e amor pela sua profissão. O maior da história do futebol. 

Que sorte a nossa viver isso ao vivo. Ver seu talento em campo. Sentir que fazemos parte dessa história, dessa era, dessa lenda, e como se fosse escrito por algum roteiro divino, o final ecoa o passado: na Euro 2016 que Portugal foi campeão, CR7 saiu lesionado e viu Portugal brilhar com o título. Em 2025, saiu aos 88 minutos, machucado, e mais uma vez, o destino sorriu para ele. Para Portugal. Para todos nós. Porque com Cristiano Ronaldo, a história nunca acaba. Ela se repete. Se reinventa. E emociona.

Por Mury Kathellen

*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo


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