A noite não foi estrelada no Mineirão


Cruzeiro cumpre tabela, mas esquece o futebol, consegue um empate sem alma e uma atuação sem história

Nesta quarta-feira (28), o Cruzeiro entrou em campo pela Copa Sul-Americana para encarar o Unión Santa Fe, na nossa Toca 3- Mineirão.  O clima era de despedida, uma chance de encerrar a campanha com dignidade, ganhar confiança e brindar a torcida com uma atuação à altura do manto. Mas o que se viu foi um jogo morno, sem brilho, que terminou em um empate sem gols.

Com um time alternativo e menos entrosado, a Raposa até tentou, mas não conseguiu transformar a superioridade numérica e o apoio das arquibancadas em vitórias. Não houve magia, não houve explosão. Faltou intensidade, faltou fome. A bola até rondou a área adversária, mas sem força para mudar o placar.

Não foi uma noite em que o Cruzeiro mostrou porque é gigante. Foi uma partida burocrática, de cumprimento de tabela, em que o 0 a 0 refletiu bem o que se viu em campo: pouco futebol e muita frustração.

Agora, com a Sul-Americana para trás, é hora de voltar os olhos para o que realmente importa: Copa do Brasil e Brasileirão. Esses sim pedem um Cruzeiro vibrante, intenso e pronto para mostrar sua verdadeira grandeza.

Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro

Primeiro tempo: Muita posse de bola e pouco futebol jogado 

O apito inicial mal começou e Cruzeiro e Unión Santa Fe já deixaram claro: não seria uma noite de gentilezas.

Logo nos primeiros movimentos, Murilo soltou uma bomba de fora da área, testando os reflexos do goleiro e dando o tom do que viria a seguir um duelo travado, mais físico que técnico, com lampejos de criatividade sufocados por faltas em série e tensão crescente.

O Unión apostava na velocidade de Lucas Gamba, que teve uma boa chance de cabeça aos 18’, mas parou na própria pontaria. O Cruzeiro respondeu minutos antes, aos 14’, com Matheus Pereira, que arriscou de longe e mostrou que, se fosse para ser truncado, a Raposa também sabia morder.

Mas o que se viu foi uma coleção de interrupções, faltas duras e ânimos exaltados. Fascendini, volante do Unión, parecia determinado a aparecer, mas não com a bola nos pés. Repetiu entradas ríspidas até que, num lance mais grave, recebeu o amarelo. A entrada foi revista pelo VAR, que não teve dúvidas: vermelho direto. A expulsão foi o ponto mais quente de um primeiro tempo que teve mais faltas do que criatividade.

Com um a mais, o Cruzeiro teve a chance de abrir o placar ainda na primeira etapa. Eduardo teve a melhor oportunidade, aos 43’, após bola parada, mas desperdiçou com uma finalização apressada, quase displicente, um lance que sintetizou bem o que foi a primeira metade: muita entrega, pouca inspiração.

Os quatro minutos de acréscimo passaram como o restante do jogo: sem brilho, sem faísca. Faltou aquele Cruzeiro elétrico dos últimos jogos. Mesmo sem valer classificação, o torcedor esperava ver mais garra, mais presença, mais futebol de um gigante que não entra em campo só para cumprir tabela.

A vantagem numérica no fim do primeiro tempo parecia um ponto de virada. Restava saber se a equipe celeste teria ambição suficiente para transformar esse cenário em domínio no segundo tempo.

Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro

Segundo tempo: a superioridade numérica que nunca se materializou

Com um a mais desde o primeiro tempo, o Cruzeiro voltou do intervalo carregando a responsabilidade de transformar a vantagem numérica em vitória concreta. O cenário parecia promissor, o roteiro ideal para um desfecho feliz, na prática, a execução deixou a desejar.

Logo nos minutos iniciais, o time celeste se lançou ao ataque com ímpeto, tentando traduzir a superioridade em gols. As investidas vinham de todos os lados, com trocas rápidas de posições e a bola circulando incessantemente na área adversária, à caça de um espaço para furar o bloqueio argentino.

Léo Jardim, em busca de intensidade e emoção, mexeu no banco e acionou Bolasie e Dinenno, buscando mais presença de área e alternativas ofensivas. A ideia era clara: pressionar, ocupar o campo adversário e criar chances reais. Mas as oportunidades foram escassas, e quando surgiram, encontraram o goleiro argentino, que fechou o gol com segurança, frustrando qualquer tentativa celeste de abrir o placar.

Para dar novo gás, Rodriguinho, William e Lucas Villalba também entraram em campo. Villalba, especialmente, mostrou garra e insistência, arriscando chutes de fora da área e buscando brechas, mas a bola teimava em não entrar e parecia que fazia um pacto secreto com o destino para negar o gol.

Do outro lado, mesmo com um a menos, o Unión Santa Fe mostrou organização e resistência exemplar. Quando sufocados, lançavam bolas para frente, quando encontravam espaço, ameaçavam com contra-ataques pontuais, mantendo o Cruzeiro à espreita.

O tempo corria, o Cruzeiro pressionava, mas faltava aquele lampejo de genialidade, o toque de lucidez que transforma volume de jogo em gol. Nos acréscimos, o Mineirão vibrou com uma cabeçada de Bolasie, bem defendida no canto, um último suspiro antes do apito final.

O empate em 0 a 0 ficou selado, trazendo uma sensação agridoce: dominou, criou, teve o homem a mais, mas não conseguiu balançar as redes.

Foi um segundo tempo de luta e insistência, mas também de frustração.  Um lembrete claro de que, no futebol, superioridade numérica não garante superioridade em campo.

Próximo desafio 

O próximo compromisso do Cruzeiro já tem data e peso: no dia 1º de junho de 2025, o gigante celeste recebe o Palmeiras no Mineirão, em duelo válido pela 11ª rodada do Campeonato Brasileiro. 

Diante de um adversário tradicional e sempre competitivo, a Raposa tem a chance de mostrar sua verdadeira força, fazer valer o mando de campo e reafirmar sua ambição de brigar entre os primeiros colocados da tabela. É jogo grande, cenário perfeito para um time que quer ser protagonista.

Por Mury Kathellen

*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo


Deixe um comentário

Veja Também:

Faça o login

Cadastre-se