Com gol nos minutos finais, time salva invencibilidade no Independência, mas segue devendo futebol
O América-MG protagonizou uma reação emocionante na noite desta quarta-feira (14), ao empatar por 2 a 2 com o Paysandu, no estádio Independência, em partida válida pela sétima rodada da Série B do Campeonato Brasileiro. Após estar perdendo por 2 a 0, o Coelho buscou o empate nos minutos finais, com gols de William Bigode e Júlio César, mantendo assim uma invencibilidade de 552 dias jogando em casa.

Apesar da reação no fim, o empate teve gosto amargo. O América voltou para o segundo tempo desligado e viu o Paysandu abrir o placar aos 13 minutos, em uma cobrança de escanteio que parecia inofensiva. A bola sobrou para Rossi, que arriscou de longe e contou com um desvio em Marlon para colocar no ângulo, sem chances para Matheus Mendes: 1 a 0.
O Coelho tentou responder, mas se perdeu nas decisões no terço final. O segundo gol veio aos 25 minutos, em jogada de Nicolás que terminou nos pés de Benítez. Após chute travado, ele mesmo ficou com o rebote, driblou a marcação e finalizou por baixo do goleiro americano.
Quando tudo parecia perdido, o América encontrou forças para reagir. Aos 40 minutos, William Bigode sofreu falta na entrada da área e, na cobrança, mandou direto para o ângulo esquerdo do goleiro Matheus Nogueira. Aos 44’, após cobrança de escanteio, Júlio César subiu mais alto que a defesa adversária e cabeceou firme para empatar o jogo e manter a invencibilidade no Horto — um alívio para a torcida que já preparava as vaias.
Apesar da reação, o resultado não esconde as fragilidades de um time que ainda demonstra pouca consistência tática e emocional. O América teve mais posse de bola e finalizações, mas voltou a pecar nas escolhas ofensivas e na lentidão para reagir aos momentos críticos do jogo. A equipe parece travada diante de adversários mais compactos, e a instabilidade defensiva segue custando caro. O empate serviu para aliviar a pressão momentânea, mas a torcida segue com a pulga atrás da orelha: até quando o Coelho vai depender da emoção para compensar a falta de organização?
Na entrevista coletiva, o técnico William Batista manteve o tom confiante. Disse que o América realiza “um bom trabalho” — não apenas pela reação contra o Paysandu, mas também por feitos recentes, como a vitória sobre o Atlético no Mineirão após 20 anos e a eliminação do Cruzeiro nas semifinais do Campeonato Mineiro. Agradeceu às organizadas Barra Una, Seita Verde e Avacoelhada, que, segundo ele, foram o “13º jogador” no apoio incondicional mesmo com o time em desvantagem. William também comentou temas que abalaram o clube na semana, como o aumento expressivo da dívida americana, revelada em reportagem do portal No Ataque, que apontou um salto de mais de R$30 milhões no passivo do clube apenas em 2024 — e que pegou muitos torcedores de surpresa.
O técnico também falou sobre o caso envolvendo o meia Miguelito, suspenso preventivamente após acusação de injúria racial em partida contra o Operário. William reiterou sua confiança no jogador, afirmou que o clube está prestando o suporte necessário e pediu serenidade até o julgamento, marcado para a próxima segunda-feira (20), às 11h30, no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
Em meio a uma noite tensa, uma ação de afeto roubou a cena antes do apito inicial. Na campanha “Entrando em Campo por um Lar”, o América-MG promoveu uma parceria com o projeto Adotando Amor e a Matilha Rural, e os jogadores entraram acompanhados por 11 cães disponíveis para adoção. Durante a partida, representantes do projeto cadastraram torcedores interessados em adotar, que levaram para casa kits com ração e brindes. A iniciativa reforça o compromisso do clube com causas sociais e o bem-estar animal — e, por um instante, foi o respiro que a noite precisava.

Laura Assis Ferreira – Colunista do América no Portal Mulheres em Campo
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