Furacão desperdiça mais uma chance em casa, e comparação inusitada do técnico escancara o momento de muita pressão e desordem
“A resposta, meu amigo, está soprando no vento.” Assim disse Bob Dylan, para lembrar que, muitas vezes, as verdades estão no ar, ainda que dispersas, sutis, inescapáveis.
Na noite desta quinta-feira (08), a brisa da mudança e um sussurro de retomada pode ser percebido na Ligga Arena. O Athletico entrou em campo contra a Chapecoense pela 7ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro esperançoso de reencontrar sua força que, por instantes apareceu, mas não bastou para emplacar a vitória. O empate por 1 a 1 deixou um aviso de que o Furacão ainda sopra em ventos desordenados.

Se houve algum vento favorável ao paranaense, ele sem dúvidas passou pelos pés de Lucas Esquivel. Voltando de lesão e já como titular, a jovem promessa do Athletico foi incansável na lateral esquerda, e foi dele a maioria das jogadas do time. Zapelli, por sua vez, dançou entre os marcadores como quem rege uma orquestra, livre e leve! Lampejos individuais da glória? Acho que não.
Com apenas um minuto de jogo, Felipinho foi amarelado, dando o tom de que o duelo seria duro e disputado. Aos 8’, Renan Peixoto, que dessa vez não brilhou como se esperava, ajeitou para Tevis, que bateu com desvio e para sua infelicidade viu a bola raspar a trave e sair. Minutos depois, Patrick e o próprio Tevis acertaram mais duas vezes a bola na trave. Parecia esse um prenúncio de que a bola custaria a entrar.
Aos 29’, um toque claríssimo de mão dentro da área da Chapecoense inflamou a Ligga Arena, mas nem o VAR foi chamado. A arbitragem seguia cega aos apelos do Furacão. Mas o futebol não perdoa quem não faz, é como no ditado e essa máxima se fez presente logo na volta do intervalo.
Aos 4 minutos, após um erro de Belezi, que estava improvisado na lateral, o atacante da Chape invadiu pela esquerda, driblou o zagueiro e deixou a bola para o centroavante abrir o placar. O VAR chegou a revisar e anulou o gol por impedimento. Um alívio breve.
Aos 21 minutos, Tevis foi derrubado dentro da área: pênalti marcado para o paranaense. Alan Kardec foi para a cobrança, mas parou no goleiro, batendo mal e perdendo a chance de abrir o placar.
O Furacão sentiu e o Verdão, que já vinha pressionando, cresceu. O time da casa passou a sofrer até os 25 minutos, quando novas substituições tentaram reorganizar a equipe, inclusive com a estreia da jovem joia do Caju, Léo Derik.
Já aos 45’ da segunda etapa, em mais uma falha defensiva, a Chapecoense marcou, esfriando de vez a torcida. No apagar das luzes, o VAR entrou em cena. Após pênalti em Tobias Figueiredo, Giuliano foi para a cobrança e converteu, atenuando o triste empate por 1 a 1 na Ligga Arena. Foi pouco. Foi tarde. Foi triste.
Afinal, quantos pontos ainda serão necessários perder para que se saiba que já se perdeu demais?
Apesar do placar final, o destaque da partida poderia facilmente recair sobre o talento destoante do jovem Tevis, que empregou garra e com força ao enfrentar o adversário. Ou sobre a maestria do argentino Zapelli, ao encantar a bola com sua técnica refinada no meio de campo. Talvez até sobre a agilidade, desenvoltura e potência de Lucas Esquivel ao dominar a lateral esquerda rubro-negra e esperançar os corações da torcida fazendo as principais jogadas do duelo.
Porém, o verdadeiro nome do jogo, foi sem dúvidas, o do técnico interino, João Correia. Com muita coragem, ele deu a letra e, apesar do resultado, deixou um gostinho amargo de um futebol que, quem sabe, ainda possa encontrar o caminho da glória eterna.
Em entrevista coletiva após o empate contra a Chape, o professor Correia analisou o desempenho da equipe com franqueza e uma boa dose de ironia:
“O jogo não foi top, mas tivemos aspectos positivos… Eu não sou mágico, eu sou treinador. Mágico é o Harry Potter”, apontou. A metáfora pode até divertir, ainda que o Harry seja um bruxo, mas pouco alivia o coração athleticano que esperava muito mais desse Rubro-negro. Ousado, não?
A magia pode não estar no ar, mas a insatisfação de não ter uma entrega perfeita está como uma nuvem de uma forte e brava tempestade. O meia Giuliano resumiu esse sentimento com sinceridade: “Temos um time pra estar em uma posição melhor”. Apesar do tom negativo, todos sabem que nem no mundo de Harry Potter se pode usar mágica para mudar o resultado do quadribol, é preciso tempo, treino, estratégia e trabalho bem-feito.
Com esse resultado, os times seguem com campanhas idênticas, 3 vitórias, 3 derrotas e 1 empate. Mais um empate para história desse confronto. O Paranaense segue na nona colocação do torneio e o Catarina na oitava posição, ambos com 10 pontos.
O Athletico volta a campo na próxima semana no sábado (17), quando enfrenta o Vila Nova pela 8ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro. A partida acontece às 18h30 (horário de Brasília), no Vila Nova Futebol Clube, em Goiânia.
Resta saber: o Furacão seguirá soprando em busca dos ventos da mudança ou se continuará vagando lentamente sem direção, à espera de uma resposta que, por ora, segue perdida no ar?
Por Bruna Dias
*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.
Um comentário sobre “Sem a magia da vitória, o Athletico segue sem rumo na Série B!”
Parabéns pelas palavras, show.