Coelho leva 3 a 0 do Avaí na Ressacada, acumula mais um revés longe do Horto e vê oscilação ameaçar início de Série B
O América-MG mais uma vez escorregou longe do Independência e o torcedor, que já carrega cicatrizes recentes de campanhas irregulares, começa a sentir o alerta soar mais alto. Neste sábado (26), o Coelho visitou o Avaí na Ressacada, em Florianópolis, e saiu de campo com um sonoro 3 a 0 na conta. O placar, além de dolorido, reforça o calvário da equipe como visitante nesta Série B. JP, Raylan e Gaspar marcaram os gols do time catarinense, que não desperdiçou as chances que o América insistiu em oferecer, principalmente em falhas na saída de bola — um filme repetido demais para quem almeja voltar à elite.

O América entrou em campo com: Matheus Mendes no gol; Júlio, Ricardo Silva, Lucão e Marlon formando a defesa; Miqueias, Kauã Diniz e Miguelito no meio; Stênio, Figueiredo e Willian Bigode completando o ataque. E, apesar da sequência irregular fora de casa, o time até começou tentando propor o jogo. Logo aos 8 minutos, Miqueias chegou com perigo próximo ao gol do Avaí, dando a entender que o América queria mudar o roteiro. Mas o adversário foi rápido em mostrar força: aos 16 minutos, o Avaí respondeu e levou perigo, deixando claro que, se o Coelho deixasse espaço, pagaria caro por isso.
Aos 22 minutos, veio aquele tipo de lance que irrita qualquer torcedor: falta na entrada da área, posição boa, e Willian Bigode desperdiça batendo mal, mandando longe da meta. O castigo, como já virou tradição, não demorou: aos 32 minutos, um erro grotesco na saída de bola, terminou no gol do Avaí — JP não perdoou e abriu o placar. Antes do intervalo, o sofrimento ainda teve mais capítulos: aos 43 minutos, outro vacilo na saída, entregando chance para o adversário, e, já nos acréscimos, o travessão salvou o Coelho de levar o segundo. Uma arbitragem displicente, que ignorou faltas claras e deixou de aplicar cartões, completou o pacote desse primeiro tempo indigesto.
No segundo tempo, o América até tentou mudar o panorama. A entrada de Cauan Barros, no lugar de Kauã Diniz, trouxe mais presença no meio, e ele já apareceu bem logo aos 2 minutos, chegando com perigo ao ataque. Aos 7 minutos, foi a vez de Miguelito arriscar um belo chute a gol, mostrando que queria apagar a má impressão do primeiro tempo. Aos 10 minutos, Figueiredo teve talvez a melhor chance do Coelho na partida, finalizando forte, mas o goleiro do Avaí, Igor Bohn, fez uma defesa espetacular — e por aí já dava pra perceber que o dia não seria dos atacantes americanos.
E o roteiro seguiu cruel. Aos 12 minutos, mais uma chance inacreditável desperdiçada pelo América, quando parecia mais fácil marcar do que errar. A falta de capricho nas finalizações foi abrindo espaço para o Avaí crescer no jogo. O técnico William Batista, vendo o time se perder ofensivamente, mexeu aos 19 minutos: tirou Willian Bigode e colocou Benítez, tentando dar mais criatividade ao meio. Mas o Avaí não dava trégua. Aos 24 minutos, Matheus Mendes precisou operar um verdadeiro milagre em finalização clara de Alex Manga, mantendo o Coelho vivo na partida.
As mudanças continuaram aos 28 minutos, quando Mariano entrou na vaga de Júlio, tentando reforçar o setor defensivo que já dava sinais de descontrole. Aos 30 minutos, Cauan Barros, um dos poucos respiros do time, voltou a aparecer bem, chegando mais uma vez ao ataque e tentando chamar a responsabilidade. Do outro lado, o goleiro Igor Bohn fazia a partida da vida dele, defendendo tudo e mais um pouco — o que, claro, somado à ineficiência americana nas finalizações, ia desenhando o desastre. Mesmo com o jogo escapando das mãos, Miguelito insistia. Aos 32 minutos, o garoto teve mais uma boa chegada, mostrando que era o único tentando algo diferente na segunda etapa. Aos 34 minutos, mais uma alteração: Stênio deu lugar a Renato Marques, numa tentativa de dar novo gás ao ataque. Mas a bola teimava em não entrar. Aos 38 minutos, Miguelito caiu na área após contato, gerando bronca geral da torcida americana, que pediu o pênalti.
E como quem não faz, toma — o castigo veio rápido. Aos 41 minutos, Raylan acertou uma cobrança de falta e ampliou o placar para o Avaí. William Batista, já irritado com a condução da arbitragem e o rumo da partida, acabou levando cartão amarelo por reclamação. Mas o pior ainda estava por vir. Aos 46 minutos, o Avaí aproveitou o desespero do América e cravou o terceiro gol com Gaspar, fechando a conta na Ressacada e deixando o Coelho atordoado em campo, com mais cinco minutos de acréscimo apenas para cumprir tabela.
No pós-jogo, a entrevista coletiva de William Batista não trouxe alívio para o torcedor. O treinador preferiu focar nos números frios da posse de bola e repetiu o discurso de que o placar não refletiu o desempenho do América em campo — algo difícil de engolir para quem viu os erros na saída de bola se repetindo e as chances claras sendo desperdiçadas. O Avaí não teve piedade: foi letal quando teve oportunidade, enquanto o Coelho, mais uma vez, se enrolou nas próprias falhas. Demérito nosso em não saber finalizar e mérito do adversário em aproveitar cada vacilo.
Se há um ponto positivo na fala de William Batista, foi o momento em que ele abraçou a torcida americana e questionou, com razão, o tipo de manchete que circulou durante a semana. O treinador criticou a matéria publicada pelo portal O Tempo Sports, que estampava: “Vencedora do BBB faturou mais da metade da renda bruta do América no ano”. Uma provocação desnecessária e que só serve para desviar o foco do que realmente importa: o futebol em campo. Agora, o América volta as atenções para o próximo compromisso, no domingo (4 de maio), às 20h30, quando encara o Operário, em Ponta Grossa, pela sexta rodada da Série B. Um confronto que promete ser pedreira e que exige mais do que posse de bola: precisa de competência.
Por Laura Assis Ferreira
*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.