Vitória joga mal, não consegue criar nem defender, perde para o Cerro Largo e se complica na Sul-Americana
Me faltam palavras, adjetivos e até verbos para descrever o que aconteceu no Barradão. Mais uma vez, o Vitória não atuou bem, resultando na derrota por 1 a 0 para Cerro Largo, — equipe que nunca havia conquistado um resultado positivo na competição —, dentro de casa, pela terceira rodada da fase de grupos da Copa Sul-Americana.
Se no início da temporada a torcida se empolgava com o desempenho do time, a noite desta terça-feira deixou claro que, além da falta de qualidade, falta vontade e coragem. Thiago Carpini não errou quando disse que o time iria sofrer como em 2024. Quem errou fui eu — que não acreditei e o critiquei pelas palavras. Tudo o que ele alertou vem se confirmando, mas tudo isso anda acontecendo, por causa do pessimismo dos atletas, que esqueceram o que fizeram no ano passado, das partidas que realizaram nesta temporada e dos resultados conquistados até aqui. Falta coragem para acreditar no próprio potencial, no Leão da Barra e, principalmente, falta vontade de buscar a vitória.

Nos primeiros jogos da temporada, a ideia era construir as jogadas, incomodando o adversário. Depois, abriram mão de serem a equipe protagonista das partidas e passaram a apostar somente nos contra-ataques. Era o que estava funcionando — pelo menos dentro das limitações —, e rendeu alguns bons resultados. Mas Carpini mudou a ideia para o confronto contra o time uruguaio, sacando Ricardo Ryller e colocando Ronald Lopes no meio de campo. Com o propósito de ter mais qualidade no passe, controlando as ações no meio de campo, partindo com a posse de bola ao ataque. A ideia fazia sentido, já que, jogando em casa, espera-se uma postura ofensiva. No entanto, mais uma vez, vimos um time sem qualidade e criatividade quando estava com a posse de bola. Parecia um time que jogava apenas para se defender e torcia por uma jogada salvadora.
O primeiro tempo, no geral, foi travado. Nem o Vitória, nem o adversário criaram com frequência, e o meio de campo ficou congestionado. As melhores chances do Rubro-Negro no primeiro tempo vieram num chute de longe de Baralhas, que acertou a trave, e numa finalização de Ronald, que passou perto.
A etapa final escancarou, mais uma vez, as dificuldades do Leão da Barra. O Cerro Largo começou a levar perigos em jogadas de bola parada. O treinador Carpini fez alterações no time, que até surtiram efeito. Aos 22 minutos, Matheuzinho tocou para Janderson, que driblou o goleiro, mas, pressionado pela marcação, finalizou para fora. A finalização escancara outro problema do time: quando finalmente consegue criar uma boa oportunidade, peca na finalização ou demora demais para concluir, desperdiçando o momento ideal do chute.
O gol do adversário saiu aos 29 minutos, com Peraza, de cabeça, em mais uma falha defensiva. Um erro que custou caro e escancarou a vulnerabilidade do sistema defensivo. Além disso, a partida expôs, mais uma vez, as dificuldades do elenco do Vitória, que não consegue criar jogadas, tem dificuldades nas finalizações e ainda sofre com fragilidades defensivas.
Esses problemas vêm sendo notados há algum tempo e eles não estão acontecendo por falta de qualidade dos atletas. O que falta é o time voltar a encaixar, voltar a se conectar, para conquistar resultados grandes e inesquecíveis. Não pedimos títulos — lógico que seriam válidos e importantes —, pedimos vontade, entrega no campo e resultados conquistados, se não for no futebol jogado, que seja na raça.
O Vitória volta a campo no próximo domingo (27), no Barradão, às 18h30, contra o Grêmio, pelo Campeonato Brasileiro.
Por Tamara Ferreira
*Esclarecemos que os textos desta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.