Depois da tempestade, vem o arco-íris 


Juventude marca em cima do Bragantino e consegue primeira vitória na elite

Em um jogo praticamente dominado pelo time paulista, as Gurias Jaconeras conseguiram superar as adversidades para alcançar um resultado de entrar para a história esmeralda. Na tarde desta quarta-feira (16), tendo o gramado da Montanha dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, como palco, o Juventude conheceu pela primeira vez em sua história o que é vencer na série mais alta do Brasileirão Feminino. Trabalhando em uma jogada individual, Jaielly marcou o único gol da partida e garantiu os três pontos para o time da casa. 

Crédito: Nathan Bizotto/ECJ

É muito significativo que a vitória tenha vindo dos pés de uma jogadora que estava ausente no confronto contra o Cruzeiro na rodada passada. Jaielly foi liberada de viajar para Minas Gerais com a equipe para que pudesse resolver alguns problemas pessoais. No entanto, reintegrada ao elenco, a camisa 7 entrou para resolver também os problemas da equipe. 

O primeiro tempo foi marcado por uma superioridade até que expressiva por parte do Juventude, que trabalhou bem a bola e tentou passes para conseguir alguma finalização que resolvesse o jogo para as Esmeraldas. Mesmo assim, a primeira chance real e perigosa veio só aos 16 minutos, quando Teté chutou a gol, porém acabou nas mãos da goleira Alice. Oito minutos depois, Tamires, a zagueira do Massa Bruta, até invadiu a área para tentar deixar o seu, mas Renata não permitiu que se concretizasse. 

Então, como se estivesse predestinada a fazer a história acontecer em uma tarde de quarta-feira, Jaielly recebeu o lançamento de Alice e levou a bola só mais um pouquinho para a frente, quase invadindo a área, e sem ajeitar, disparou a finalização em direção à rede bragantina. Mesmo sendo um chute rasteiro, a goleira Alice pulou atrasada e não conseguiu impedir o primeiro e único gol do jogo. A euforia na qual as jogadoras explodiram ecoou pelo estádio enquanto a comissão se confundia com o elenco do time em abraços e pulos emocionados. Era muito clara a compreensão de que algo mágico estava acontecendo diante dos olhos de todos. 

Depois disso, o jogo não teve grandes chances, nem ainda no primeiro tempo, nem na etapa complementar. Jaielly até tentou ampliar aos 8´, ao ser vítima de uma falta perigosa, porém a cobrança de Eduarda Tosti acabou se chocando contra a barreira do Massa Bruta. Temendo que as donas da casa enlarguecessem o placar, o Bragantino se impôs e decidiu se colocar de maneira mais ofensiva em campo. 

Foi a vez de uma outra “resolvedora” de problemas entrar em foco. Renata não deixou nada passar, se esticando e marcando todo o gramado da área com as travas de suas chuteiras. O Paredão Jaconero estava disposto a não deixar que o empate acontecesse e, realmente, ele não aconteceu. 

Dos pés de Jaielly e das mãos de Renata, o Juventude provou pela primeira vez o gosto de levar três pontos para casa após uma performance importante em cima de um time pertencente à elite do futebol brasileiro. Depois de começar a temporada com um empate positivo contra o Coelho. Depois de segurar o que deu contras Brabas. Depois de deixar que erros permitissem que o Fluminense arrancasse suas chances de vitória e serem goleadas pelo Cruzeiro, as Esmeraldas tiveram seu esforço reconhecido e presenteado com uma vitória. Vitória essa em cima de um time que goleou o Internacional e conseguiu empatar com os times do Derby Paulista. 

Crédito: Nathan Bizotto/ECJ

Não importa a posição na tabela. Por alguns segundos, o Juventude foi o time mais incrível do Brasil. Por alguns minutos, as Gurias Jaconeras foram as mulheres mais desbravadoras da história. Enquanto Jaielly berrava o alívio de abrir o placar em cima do Bragantino, não houve nenhum lugar mais importante para se estar do que o Estádio Montanha dos Vinhedos. Por alguns momentos, não existiu lugar mais protegido do que a área de Renata. E foi ali, naquela hora, que os ditados populares começaram a fazer sentido. 

“Quem espera, sempre alcança”.

“Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”.

“A pressa é inimiga da perfeição”.

“Um dia é da caça, o outro do caçador”.

Naquela hora, pode-se entender que, realmente, depois da tempestade, vem o arco-íris. Quem olhasse para os céus de Santa Cruz do Sul veria as listras chamativas enfeitando a morada das nuvens. Veria o sol refletindo entre as gotas de suor das meninas e refratando em cores infinitas. Veria a coloração esmeralda tomar conta da cidade. Sentiria a euforia das Esmeraldas explodir por entre os prédios. E, por fim, entenderia que naquele momento o mundo inteiro estava se curvando aos pés da novidade. 

Parabéns, Esmeraldas! Estamos só começando. JUntas. 

Por Luiza Corrêa

*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.


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