A sensação após mais uma derrota da Seleção Brasileira é literalmente de luto. Estamos perdendo, aos poucos, o status de melhor seleção do mundo. Do nosso lado, por enquanto, só temos os números. Ainda temos o escrete mais bem-sucedido do futebol mundial.
Após 2002, quando assistimos a ressurreição e glória do Fenômeno , as coisas começaram a mudar. Aquela seleção tinha três jogadores vencedores da Bola de Ouro. Depois disso, só o Kaká em 2007. Enfim, algo estava errado. Em 2014, fomos massacrados em casa. Talvez tenha sido este o último aviso dos Deuses do futebol para que ressignificássemos o nosso futebol. Mas nada mudou.
Quando se fala em seleção, é impossível não se lembrar do Pelé, nosso Rei Eterno. Assim, no ano de 2022, além de mais um vexame na Copa do Mundo, ainda assistimos a sua partida, e parece que levou junto dele a alma do nosso futebol.
Veio o ciclo Copa de 2026, e junto dele uma sucessão de erros, a começar pela escolha do técnico. Ficamos na promessa da vinda do Ancelotti, cujo contato acredito que nunca houve, e tivemos que nos contentar com Ramon Menezes e depois Diniz. Esse último foi uma invenção da mídia: ganhou a Libertadores com uma estratégia suicida e foi transformado em Guardiola. E foi o próprio Guardiola quem nos demonstrou, em 40 segundos, que o esquema do Diniz só funcionava por aqui.
Depois do Diniz foi a vez de Dorival Júnior. Se o propósito era escolher um técnico “nacional”, o Vojvoda e Abel Ferreira estavam mais bem ranqueados. Dorival, repetindo técnicos anteriores, viajou para a Europa para observar jogadores. Parece que um dos critérios para vestir a amarelinha é ter passaporte. Acabou fazendo o de sempre: trouxe jogadores que estão na reserva em seus clubes ou nomes desconhecidos. Seria mais interessante um estágio com o Ancelotti ou Guardiola.
O futebol evoluiu e nossos técnicos estão estacionados. Enquanto há técnicos argentinos em todos os grandes campeonatos da Europa, os nossos, no máximo, estão no continente asiático.
O principal papel do técnico é encaixar os jogadores no time, respeitando as características de cada um. Isso não acontece na nossa seleção. Enfim, não bastam os ingredientes, é preciso um cozinheiro que pense.
Diante disso tudo eu não aceito o pedido de desculpas do Vini Jr, porque, no meu modo de ver, a culpa não é dele. Se acreditarmos que o crucificado deve ser ele, vamos repetir o erro que cometemos com Neymar em 18 e 22. Isso em nada vai trazer melhorias para o futebol brasileiro.
Passamos por situações difíceis em outras eliminatórias. Por isso acredito que nos salvemos. Será necessária muita luta por parte daqueles que estão fora das quatro linhas.
Celeste Gonçalves
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