A HISTÓRIA DE UMA TORCIDA QUE NÃO DEIXOU O CLUBE MORRER

Em 26 de fevereiro de 2022, eu estava na Vila Capanema. Aquela tarde marcou a nossa queda no campeonato estadual, a terceira seguida em um período de um ano.

O Paraná Clube atingiu o fundo do poço em modo queda livre. Daquele dia em diante, tudo seria mais difícil e nós tínhamos plenas noções disso. Sem conseguir o acesso da série D para a série C, o campeonato estadual era nossa única alternativa. O rebaixamento foi como uma faca enfiada em nosso coração.

Em 11 de abril de 2024, eu recebi uma mensagem que dizia “Gabi, quero dividir uma ideia e saber se vocês poderiam contribuir”. Ali começava a maior intervenção da vida do Paraná Clube. Aquele era o momento de fazer o coração Paranista voltar a bater.

“Vocês lançaram uma campanha para vender 100 mil ingressos? Isso é loucura, não vai dar certo”.

As opiniões negativas eram incontáveis. As piadas, o descrédito. Talvez tenham esquecido de tudo que já fizemos por esse time e, mais uma vez, estaríamos lá para reerguer o clube que amamos. Era nosso dever escrever essa história e dar o primeiro passo para sair da lama.

Não foi um caminho fácil. Nosso elenco passou por diversas limitações, lesões e desfalques importantes. Traçamos uma rota em que o 1×0 seria goleada e também valia 3 pontos. Sentimos medo, angústia, ansiedade. Milhares de lágrimas foram derramadas nesse meio tempo, cada uma delas era um peso a menos que carregávamos, era um passo a mais rumo ao principal objetivo de uma temporada tão curta.

Nos dias em que faltava a qualidade, era a raça e o comprometimento que faziam a diferença. Um time inteiro conectado com as milhares de vozes das arquibancadas, éramos 12 em campo em todas as partidas.

Vivemos momentos inesquecíveis, celebramos junto ao elenco como se fosse um campeonato mundial – e no fundo, no fundo, era isso mesmo que deveria ser feito. 

Uma invasão sincronizada nos colocou no gramado para confirmar o que sempre tivemos certeza: nós conseguimos! Mais de 100 mil ingressos vendidos para os 5 primeiros jogos em casa.

Nós fomos o desfibrilador que fez o coração do Paraná Clube voltar a bater. Contrariamos todas as opiniões e mostramos que seguimos aqui, e agora, fazendo os adversários temerem a nossa presença.

Escolheram um estádio precário, reduziram a carga de ingressos, proibiram a nossa presença e escolheram o vinho que mais gostam. Só esqueceram que na volta teriam que lidar com mais de 130 mil choques de alta voltagem.

A ansiedade e a agonia tomaram conta. Foram necessários 43 minutos para que gritássemos a plenos pulmões o alívio que agora se instaurava. O grito de gol mais importante da nossa história, embaixo da chuva que lavava a alma de cada torcedor Paranista presente no Couto Pereira.

Nossa festa ainda foi coroada com mais dois gols que saíram dos pés de quem não nos abandonou. Quem não entende a grandeza desse momento, com certeza não entende sobre amor.

Essa história não é apenas sobre um simples acesso, essa história não é apenas sobre um time que precisa se reerguer em um momento difícil. Essa é uma história de amor. É sobre reunir a família e reacender o orgulho de um sentimento que se passa de geração em geração, é sobre ter uma segunda família, aquela que escolhemos nas arquibancadas e que também divide esse sentimento. 

Essa é a história de milhares de torcedores apaixonados que há muito precisavam resgatar as boas lembranças e que, finalmente, fizeram esse coração bater mais forte do que nunca.

O acesso do Paraná Clube não é apenas o primeiro passo para a recuperação do time, é a história de uma torcida que não deixou o clube morrer.

Foi no peito, na raça e honrando as nossas cores. O caminho ainda é muito longo, mas nós estamos de volta e vamos escrever tudo isso JUNTOS!

Por Gabrielle Bizinelli

*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo