O TIME DE TODOS, PORÉM DEPENDE…


Vingadoras perdem mais uma e estão matematicamente rebaixadas no Brasileirão 

@GaloFeminino

Por mais difícil que seja para encontrar palavras, precisamos falar sobre as Vingadoras e essa temporada de 2024.

Chegamos ao fim de mais uma rodada do Brasileirão Feminino, a 13ª, e com ela veio mais uma derrota das meninas, derrota essa que sacramentou matematicamente a queda da equipe para a série A2.

A temporada de 2024 começou deprimente para as Vingadoras quando se olha o extracampo, aqueles bastidores que pouco se mostram. Houve um desmanche que ninguém entendeu e nem foi explicado, não tivemos renovação de contrato com ninguém da equipe e o time ao menos anunciou isso, a torcida ficou sabendo através das próprias atletas que se despediram via redes sociais.

Depois do desmanche, veio à tona o que muita gente já esperava: relatos anônimos das atletas das formas insalubres que esse time era tratado. O que era para ser o básico, virou o mínimo para as meninas, que mesmo sendo tratadas de forma levianas, dentro de campo entregavam raça pelo escudo e pela torcida.

Infelizmente, esse rebaixamento já era pedra cantada, roteiro conhecido, fruto de uma péssima gestão de uma SAF que pouco se importou com a modalidade, em investir em um projeto que estava dando frutos.

Em outro cenário, até seriam válidas as críticas às atletas, até porque estamos fazendo uma péssima campanha, mas as meninas chegaram no meio do caos, quase sem uma pré temporada, sem nenhum planejamento, com pouco tempo de entrosamento e com várias incertezas no clube.

Viramos presa fácil dos adversários durante toda a competição, o bobo da corte que todo mundo sabe que vai garantir os 3 pontos e até um saldo de gols importante. De 13 rodadas disputadas, perdemos doze e empatamos uma. Até agora está impossível de conhecer o sabor do triunfo, a comemoração dos 3 pontos.

Levamos incríveis 40 gols, goleadas surreais, históricas e vexatórias. Pior ataque, pior defesa e pior equipe da competição, para um time que até pouco tempo tinha peças para brigar pelo topo.

Juro que faltam palavras para descrever o maior descaso que essa diretoria, SAF e 4 R’s estão fazendo com as Vingadoras. Não é de hoje que o Clube Atlético Mineiro trata o time feminino com descaso, de forma obrigatória, empurrando com a barriga, e não por realmente entender a importância da modalidade. 

Os descasos já vem há tempos, seja de partidas sem transmissão, jogos em locais insalubres como no campo da Arena Santa Cruz, depois mudou para o Sesc Venda Nova e quando começou a ter cobranças de algumas torcedoras presentes no local, começaram a proibir a presença das mesmas.

A Arena MRV foi construída e não faltou galera de terno e gravata para gritar aos quatro ventos que a casa também era delas, estamos chegando a quase 1 ano de estádio construído e até hoje elas não tiveram nem um dia de treinamento naquele local.

Não podemos esquecer das diversas situações de desrespeito e falta de profissionalismo até para desligar as atletas. Sem contar na falta de toalhas, a escassez de uniforme para as meninas enquanto o masculino ostenta vários lançamentos.

@GaloFeminino

Ainda dá para citar o distanciamento entre time e torcida, a grande parte por conta do clube que nunca desenvolveu uma aproximação das Vingadoras com a massa alvinegra, qualquer conteúdo criado em prol das meninas era sempre em semana de clássico, se houvesse um triunfo no confronto ou quando as meninas chegavam na final do estadual.

Porém, não dá para negar uma certa omissão de grande parte da torcida em relação às cobranças. Além do feminino ser uma modalidade importantíssima e que está crescendo bastante, é nosso escudo, cores e nome que entram em campo jogo após jogo e tem a história manchada por incompetência de direção. 

Além disso, não tem apresentação das atletas, divulgação de ingressos antes do clube proibir a torcida de comparecer nos jogos, pouco se sabe como andam os treinamentos, quanto tempo de recuperação para uma atleta lesionada, não temos nenhuma entrevista coletiva seja em pré ou pós jogo, e qualquer outro tipo de informação básica que se tem sobre um time de futebol.

Enquanto o clube arrota aos quatro ventos que é o time do povo, os bastidores provam que não é bem assim. Pode até ser do povo, desde que esse povo não seja a equipe feminina porque aí já passa do orçamento e a história é outra.

Quando perguntados sobre as meninas, a história é sempre a mesma e nunca tem um responsável por isso. É SAF que manda para a diretoria, diretoria que manda para o presidente e presidente de volta para a SAF. 

Estamos acompanhando jogo após jogo nossa história ser manchada por culpa de homens que não entendem a mínima de futebol. Por homens que acham que futebol feminino é obrigação, perca de tempo e dinheiro.

Como se não bastasse, o clube ainda está afastando das bancadas aqueles que ainda vão prestigiar as meninas e que protestam por mudanças, por melhorias e o mais importante, por respostas.

Enquanto os adversários vão se reforçando e se qualificando, o time feminino do Atlético vai ficando para trás, levando goleadas e sem um pingo de reconhecimento da onde deveria vir.

Seguimos de cá esperando mudanças, com uma pequena esperança de que há uma luz no fim do túnel e as meninas voltaram mais fortes e o mais importante, com a valorização que merecem!

Sentimento, amor sincero ao alvinegro!

 Por: Thais Santos

*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo


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