O CENTENÁRIO É LOGO ALI!

Prestes a completar 100 anos, o Athletico se despede de 2023; um ano atípico, com projeções inesperadas e um futuro incerto

Em 26 de março de 1924, a simples amizade entre os times do futebol paranaenses, Internacional Foot-Ball Club e América Foot-Ball Club, culminou em uma fusão. Esse foi o marco zero de uma história centenária, a criação de um clube de futebol vitorioso, conhecido por sua ambição, entusiasmo, rebeldia e inovação. Tal união deu origem a um gigante do futebol sulista, que hoje é uma potência em ascensão no cenário futebolístico brasileiro: o Club Athletico Paranaense.

Com quase 100 anos de história, o time rubro-negro, é o maior vencedor do estado. O Athletico conquistou seu primeiro Campeonato Paranaense em 1925, contra o Operário Ferroviário de Ponta Grossa. Atualmente, são 27 taças do estadual em sua galeria, tendo disputado mais de 4.550 jogos em sua história. 

No século 21, o Rubro-Negro teve seus principais títulos conquistados, se tornando o único clube do futebol paranaense a conquistar títulos internacionais oficiais. Em 2001, foi pela primeira vez Campeão Brasileiro; em 2018 e 2021 conquistou a Copa Sul-Americana, sendo o primeiro brasileiro a ser  bi-campeão da competição; em 2019 faturou a Copa do Brasil, o primeiro do Paraná; Também foi finalista da Copa Conmebol Libertadores nas edições de 2005 e 2022. 

Quando se fala em números, o Furacão se encontra em sexto, no Ranking de Clubes da Conmebol 2024. Atrás apenas dos brasileiros, Palmeiras e Flamengo. Assim, o Rubro-negro é o único clube não-fundador a ter ultrapassado membros fundadores em títulos de abrangência, tanto nacional, quanto internacional. 

No ano de seu centenário, o Athletico Paranaense vai para sua décima participação na Copa Sul-Americana, em busca do Tricampeonato. Além disso, disputará o Campeonato Paranaense, o Brasileirão e a Copa do Brasil. Apesar do agito e a quantidade de competições a concorrer, o ano de 2024 teve projeções inesperadas e desalentes para o torcedor athleticano.

O ano de 2023 tinha tudo para ser gigante, só dependia do próprio Athletico e esse foi o grande “x” da questão. O ano teve início com a disputa do estadual, o elenco principal jogou 99% das partidas, que normalmente eram jogadas pelo elenco de aspirantes (sub-23). As partidas foram em gramados cheios de buracos, em vestiário raiz, e nas arquibancadas de concreto. 

Devido a confusões no clássico Athletiba de 2022, o rubro-negro enfrentou punições nos dois primeiros jogos do campeonato, isso se deu por decisão do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-PR). Como tentativa de reverter a medida de portões fechados, as duas partidas tiveram apenas mulheres e crianças nas arquibancadas. No primeiro jogo, 32 mil mulheres e crianças estiveram reunidas na Arena da Baixada. Uma partida repleta de emoções, 90 minutos cantados ao som de vozes femininas. Um verdadeiro espetáculo, vitória para os movimentos feministas dentro do esporte. 

Na noite de 9 de abril, o Paranaense se consagrou mais uma vez Campeão Paranaense, desta vez invicto. Foram 47 pontos em 17 jogos, sendo destes 15 vitórias e apenas 2 empates. O elenco rubro-negro nessa trajetória, teve uma sequência de 20 jogos sem perder, co. 16 vitórias e 4 empates, contando os 2 jogos do Brasileirão 2022, 17 jogos pelo Campeonato Paranaense 2023 e um pela Libertadores 2023. 

Na Copa do Brasil, o Athletico não foi muito longe, eliminou o CRB e o Botafogo, porém foi derrotado pelo rival Flamengo nas quartas de final. No jogo de ida no Maracanã, o Furacão saiu na frente, abrindo o placar aos 6 minutos com Agustín Canobbio, mas logo tomou a virada, com gols de Pedro (pênalti) e Bruno Henrique. Na volta, a equipe paranaense torcia pela remontada em casa, mas contratempos atrapalharam. O teto retrátil ficou aberto para que a linda festa acontecesse, mas uma tempestade desabou na Arena no meio do jogo, causando problemas. Esses contratempos resultaram em uma derrota por 2 a 0 para o time visitante, eliminando o Athletico da competição.

Ao som de “Libertadores, estamos chegando…”, o Athletico iniciou sua 9ª participação na Conmebol Libertadores, uma campanha inicialmente promissora. O time teve um bom desempenho na fase de grupos, enfrentando Alianza Lima (Peru), Libertad (Paraguai) e Atlético Mineiro (Brasil), com 4 vitórias, 1 derrota e 1 empate. Entretanto, nas oitavas de final, houve mudança de chave e de técnico. No confronto contra o Bolívar, o rubro-negro perdeu o jogo de ida por 3 a 1,  com um gol de respeito do Erick. No jogo de volta, o Athletico empatou o placar agregado, marcando dois gols com Fernandinho e Vitor Roque. A decisão foi para os pênaltis, onde o capitão Thiago Heleno desperdiçou a última cobrança, resultando na eliminação da equipe da Libertadores.

Quando se fala em Campeonato Brasileiro, o Athletico deixou a desejar, principalmente no segundo turno. Lesões frequentes na equipe principal e mudanças no comando técnico prejudicaram o desempenho do Furacão, resultando em muitas irregularidades. O time encerrou as 38 rodadas com 14 vitórias, 10 derrotas e 14 empates, ganhando o título de “Empathetico”. Os empates bobos e as derrotas inesperadas para equipes menos expressivas levaram o Athletico a permanecer na 8ª posição da tabela, somando 56 pontos e ficando fora do G6, consequentemente, fora da Copa Conmebol Libertadores 2024.

No futebol feminino, os resultados foram parecidos. O elenco que havia recém subido para o Campeonato Brasileiro A1, não conseguiu manter o bom desempenho e foi rebaixado para Série B do Campeonato (A2). No entanto, vitórias ocorreram no estadual. As gurias Furacão conquistaram o tetracampeonato paranaense com uma campanha impecável. Donas do melhor ataque e defesa da competição, foram 5 vitórias e um empate, 23 gols marcados e apenas um sofrido. A final foi contra o rival Coritiba, foi marcada por muita tranquilidade e domínio athleticano, as gurias venceram pelo placar de 3×1.

Ano difícil, marcado por ventos fortes e fracos! O Rubro-negro enfrentou grandes desafios e apesar dos esforços, as expectativas não foram alcançadas. Olhando para o futuro, o centenário está logo à frente e o Club Athletico Paranaense precisa voltar a quebrar os muros e ser orgulho do Paraná, com sua ambição, entusiasmo, rebeldia e inovação, os 4 ventos do Furacão.

Vamos Rubro-negro, com garra e com raça. Vamos, por mais taças! 

Por Bruna Dias

*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo