No ritmo da loucura de Eduardo Coudet, no talento de Enner Valencia, na segurança de Sérgio Rochet, mas acima de tudo, na fé de cada torcedor
Dentro ou fora do estádio, na Avenida Padre Cacique ou há milhares de quilômetros dali, o tempo se fez parar na noite desta terça-feira (29). A busca obsessiva pelas semifinais da Copa Libertadores fez com que cada coração vermelho e branco batesse no mesmo descompasso, na mesma loucura, na mesma passada.
Nesse clima, o Inter de Eduardo Coudet recebeu a equipe do Bolívar pelo jogo de volta das quartas de final e venceu por 2 a 0. Assim, o Colorado que triunfou na altitude boliviana, fez com que do nível do Guaíba o ar rareasse para os adversários.
O Internacional sabia que o 1 a 0 feito em La Paz não poderia entrar em campo, que tudo dependia muito mais dos 90 minutos que estavam por vir do que dos 90 que já haviam acontecido. E assim o fez. Enner precisou de apenas 10 minutos e pouco mais de duas investidas para cima da zaga visitante para mostrar porque gosta de jogo grande.
Wanderson carregou a bola como quis e alçou ao camisa 13, que na maior tranquilidade, estufou as redes do goleiro Lampi. O gol afetou o emocional de um time que ainda não tinha se encontrado, que aquela altura já usava de duras faltas para tentar virar o jogo a seu favor.
Não funcionou, mesmo sendo um jogo truncado e bastante picotado pelo número de faltas, o Clube do Povo exerceu domínio em sua casa, no talento do camisa 10, na juventude de Johnny ou na orquestra técnica de Chacho. O Internacional se fez dono da partida a cada centímetro do campo, deixando assim os visitantes mais nervosos e “catimbentos”, porém, nada que tirasse o time da casa de sua própria loucura.
O Bolívar teve poucas oportunidades e efetivamente nenhuma de perigo concreto ao gol de Rochet que, mesmo com uma defesa de “baixa estatura”, contra um adversário apaixonado por bolas aéreas, pouco precisou trabalhar contra os estrangeiros.
No meio do jogo, entre um respiro e outro, entre o gol impedido de Valencia e a paralisação por causa de mais um ato de truculência da brigada militar lá fora, que fez suas consequências invadirem o campo, o pensamento foi viajando, revivendo tudo que passamos nessa e nas últimas temporadas, o quase da Copa do Brasil que deixou marcas profundas em 2019, o gol que não aconteceu em 2021 e como isso sangra profundamente, o pênalti com dois toques que nos tirou da Copa do Brasil para um time que apresenta futebol medíocre.
Aos 14 minutos da etapa complementar, Enner, de novo ele, desenhista de vitórias importantes, recebeu de Alan Patrick e pela esquerda pintou uma obra de arte, com a facilidade e simplicidade com que um artista cria, ele deixou a defesa no chão para ampliar o placar num gol belíssimo.
A cada volta do ponteiro no relógio ficávamos mais próximos da semifinal, a cada segundo descontado no tempo de jogo o batimento cardíaco ia subindo, a mão suando, a voz sumindo em meio a emoção, estávamos tão próximos, tão perto.
A noite estava fadada a ser de celebração das nossas mais importantes contratações na temporada. Se a cada minuto da partida eram exploradas a inteligência e a loucura de Eduardo Coudet no esquema de jogo e os gols de Valencia colocavam no placar sua importância, por outro lado ainda seria preciso um momento de Sérgio Rochet, pois aos 38 minutos, o VAR assinalou penalidade máxima para o Bolívar. Sob as traves, o 33 sabia o que fazer e se faltava o pênalti defendido para “justificar” a contratação do uruguaio, podem anotar que está feito, nada passaria por ele na noite mágica de vinte e nove de agosto. O Inter está nas semifinais da Copa Libertadores.
Por Jéssica Salini
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