Focando mais no extra-campo do que no seu futebol, a Sérvia é eliminada da Copa do Mundo para a Suíça pela segunda vez
A tal “promessa” da geração da Sérvia ficou apenas nas palavras. No estádio 974, nesta sexta-feira (2), protagonizou um jogo com muita briga e pouco futebol. Os Sérvios entraram em campo diante da Suíça, e perderam pelo placar de 3 a 2. Além do placar, a Sérvia dependia do jogo entre Brasil X Camarões, com uma vitória brasileira, mas o rumo foi totalmente ao contrário, e então, se despediram do Mundial na lanterna, com apenas um ponto.
Assim como em 2018, o duelo foi tenso e teve diversos momentos em que os reservas se levantaram do banco, com empurra-empurra dos dois lados, e os ânimos tiveram que ser contidos. Novamente Shaqiri e Xhaka estavam envolvidos na briga. Isso porque os dois são de origem albanesa, um país não reconhecido pela Sérvia. E as tensões geopolíticas foram para o campo.
O JOGO
Desta vez, quem saiu com tudo para o ataque foram os suíços, mesmo necessitando somente do empate. Logo com 24 segundos, o goleiro Vanja Milinkovic-Savic salvou a Sérvia duas vezes. Primeiro com o peito em chute cara a cara de Embolo e depois com batida rasteira de Xhaka. Se em solo russo os sérvios comemoraram primeiro com gol de Mitrovic, desta vez a explosão das arquibancadas veio do lado oposto. Shaqiri recebeu de Sow, livre, e bateu forte para balançar as redes com somente 20 minutos.
A comemoração da águia negra de duas cabeças, símbolo da bandeira da Albânia, feita há quatro anos, em homenagem à origem kosovar – a região que figura no território da sérvia declarou independência em 2008 – desta vez foi trocada por festejo estilo Cristiano Ronaldo e dedos mostrando o número às costas. Mas o meia não deixou de provocar, pedindo “silêncio” com o dedo indicador na boca. Provocar um rival histórico com poucos momentos acabou “acordando” a Sérvia.
A equipe de Aleksandar Mitrovic já havia assustado com Milenkovic e carimbado a trave com Zivkovic quando a principal jogada da equipe surtiu efeito. Cruzamento preciso de Tadic e cabeçada com estilo de Mitrovic para empate, seis minutos depois. Um pequeno desentendimento entre os rivais foi logo apaziguado.
A devolução da provocação de Shaqiri veio com Vlahovic, aos 34. A defesa afastou mal, o atacante aproveitou e bateu cruzado para colocar sua seleção em vantagem no placar e momentaneamente com a vaga. A comemoração veio com a imitação do pedido de silêncio do camisa 23 suíço.
Em um dos melhores primeiros tempos da Copa do Catar, ainda havia tempo para nova bola na rede. Aos 44 minutos, o lateral Widmer cruzou para Embolo se redimir do gol perdido no começo. O atacante apenas escorou para empatar, levando um atrativo empate para os vestiários.
O placar com empate era suficiente aos suíços e ficou ainda melhor com belo gol logo no retorno do descanso. Cavadinha de Shaqiri, passe de calcanhar de Vargas e batida de primeira de Freuler para a segunda virada da partida.
A Sérvia precisava de dois gols e ainda tinha o relógio contra. O tempo passava rápido e nada de buscar o empate. Mitrovic brigava sozinho contra os defensores e até pênalti tentou cavar, mas não iludiu a arbitragem. Nervosos com a segunda eliminação seguida diante da rival, os sérvios invadiram o gramado aos 20 minutos para protestar contra uma simulação de falta. Mais uma vez o princípio de tumulto rapidamente acabou desfeito.
Cansado, Shaqiri saiu de campo vaiado pelos sérvios e aplaudido pelos suíços. Aos 31 anos, continua sendo decisivo para seu país – anotou seu quinto gol em Copas – e pode ser nome importante na tentativa de superar os portugueses na terça-feira, no Lusail Stadium.
Além de poupar seu astro, Murat Yakin ergueu a muralha que dificultou bastante a vida brasileira no embate da segunda rodada. Com nove peças na defesa e somente Embolo isolado na frente, a Suíça não levou mais sustos, desperdiçou raros contragolpes, ignorou princípio de confusão no fim e festejou bastante a segunda colocação do Grupo G, com todos se abraçando após o apito final. Os jogadores das duas seleções ainda se cumprimentaram após a partida.
Fim de jogo, Suíça 3 a 2 Sérvia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como a Sérvia foi capaz de perder para uma Suíça desfalcada? Bom, deixaram tudo vir à tona e esqueceram do seu futebol.
Segunda eliminação para a Suíça é tenso. Espero que sirva de aprendizado.
Por Thayná Carvalho
*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.