O Colorado de 2022; de traumas a reinvenção
Em casa, o Colorado fechou a temporada 2022 em uma partida gigante, absoluta e pôde encerrar com chave de prata o ano, apesar da importância no que se construiu, o ouro e o final do arco-íris são coisas que ficaram para 2023.
Antes do 3 a 0 contra o Campeão Brasileiro, antes do vice- campeonato, da melhor campanha na história do clube sob o regime de pontos corridos, de se sagrar o melhor mandante da temporada e o único a vencer o Palmeiras sendo visitante, a caminhada do Alvirrubro em 2022 trouxe momentos que tiveram de ser superados e transformados.
A temporada começou com promessa e despedida; o pontapé inicial do Campeonato Gaúcho e a vitória sobre o Juventude marcou a estreia de Alexander Medina à beira do gramado e a despedida de quem era muito querido pela torcida. No Alfredo Jaconi, o 2 a 1 sobre o Papo carimbou a despedida do camisa 11.
Cacique e o começo da temporada logo oscilaram e isso custou caro financeiramente e animicamente. Antes de chegar à semifinal do Gauchão e ser eliminado por um grêmio de um futebol patético e de dor nos olhos, o Colorado soube protagonizar ainda um dos piores episódios da história recente do clube.
Em 03 de março, o Inter foi eliminado na primeira fase da Copa do Brasil contra a equipe do Globo em um bizarro 2 a 0. Caro na conta bancária de um clube que precisava muito da grana e que não esperava a eliminação nem no pior de seus pesadelos.
O baque de duas eliminações seguidas bateu a porta de um início de Campeonato Brasileiro e de um começo de trajetória na Copa Sul-Americana que se tornava declaradamente o objetivo principal da temporada.
As oscilações, no entanto, não pararam nas eliminações traumáticas contra Globo e Grêmio, o Brasileirão iniciou com derrota para o multi campeão nacional da temporada 2021 em Minas Gerais, nada absurdo tomadas as proporções, mas que sinalizou mais sobre as mudanças necessárias.
Em casa, o empate em 1 a 1 contra o Guairena, que sucedeu a partida do Galo, foi a gota d’água e culminou na demissão de Medina e sua comissão técnica em 15 de abril.
4 dias mais tarde, em 19 de abril, Mano Menezes foi anunciado como novo treinador do Clube do Povo, quebrando uma sequência de treinadores estrangeiros que vinha sendo adotada na gestão.
O Inter, agora de Mano Menezes, embalou uma sequência de jogos sem derrotas, mas com empates que no fim da temporada se tornaram pontos perdidos dolorosamente.
Na Copa Sul-Americana, a tensão após a derrota para o Colo-Colo por 2 a 1 pelas oitavas de final. Derrota que fez a torcida incendiar o Beira Rio no jogo de volta e o grupo fazer um de seus melhores jogos na temporada, os 4 a 1 que garantiram o Inter na próxima fase foram de lavar alma de jogadores e torcida.
No BR que vivia em segundo plano, a equipe somente perdeu para Palmeiras e Fortaleza no período que precedeu a nova tragédia.
Nas quartas de final, o Colorado enfrentou o Melgar em dois jogos que finalizaram em 0 a 0 no tempo normal, mas que culminaram na despedida Alvirrubra da Sula nos pênaltis.
A eliminação foi dolorosa, a incapacidade de marcar um único gol contra o adversário em mais de 180 minutos bateu no time e na torcida. Foi aí que a equipe precisou se encontrar dentro de campo e buscar reatar sua relação com o torcedor.
Aquele 11 de agosto marcou uma noite cruel para a torcida.
O balde de água gelada que torturou a torcida teve de ser tratado como choque no elenco, que três dias depois teve que entrar em campo no Beira Rio e mostrar para o torcedor que ainda havia hombridade em quem vestia a camiseta Colorada.
Foram dali em diante três meses de reinvenção, de buscar o que melhor poderia vir do resto de temporada e aí o torcedor pôde reconhecer no elenco peças que se destacaram como Gabriel capitão, como a base da defesa envolvendo Vitao, Gabriel Mercado e Rodrigo Moledo e importante mudança de Daniel para Keiller. Além disso, a maturação dos meninos como Johnny e Maurício, que se tornaram peças essenciais no XI inicial e nas opções de reforço.
O Inter que foi traumático nas copas chegou a uma vice-liderança com méritos absolutos de dentro do vestiário, seja do comando técnico, seja da evolução mental de jogadores além da parte física. Mesmo com a perda de Gabriel, que deixou a partida contra o Fluminense com uma lesão de LCA e não pôde mais atuar na temporada, o grupo soube se reinventar de novo e quantas vezes foi necessário.
Chegamos ao fim de 2022 sabendo que há a possibilidade de uma continuidade de trabalho, diferente das últimas 3 temporadas onde sabia que o trabalho havia se encerrado mesmo antes da última partida.
O fim do arco-íris e o pote de ouro hoje só são visíveis porque houve um trabalho muito sólido que foi adotado e construído por todos os envolvidos.
Que venha a temporada 2023.
Por Jéssica Salini
*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.