O equilíbrio entre juventude e experiência, vontade e estratégia, coração e razão, os dois lado do Furacão
Os opostos se atraem, diz a chamada Lei de Coulomb: “A força entre dois corpos será atrativa caso esses tenham cargas opostas”. O Furacão conta com a física em campo; essa lei tem nome: Vitor Hugo Roque Ferreira e Luiz Felipe Scolari. Apesar de opostos, jogam no mesmo time e essa é a vez de Guayaquil, no Equador, receber esses grandes guerreiros em busca da tão sonhada conquista da Conmebol Libertadores.
A apenas 1 dia para a final, com 2 craques — um dentro e outro fora de campo, os 2 nomes da esperança. De um lado, um garoto de apenas 17 anos, dono do slogan “Tá em choque, é Vitor Roque”, febre entre os atleticanos. Do outro, experiente, 73 anos de vida e sendo 54 desses, apenas de futebol, foi campeão do mundo com a seleção brasileira e é o mágico rubro-negro. Eles vão lutar para perpetuar seus nomes na história do futebol latino americano.
O mineiro de Timóteo tinha apenas 3 meses quando o Athletico chegou na final da competição pela primeira vez e hoje é um dos brasileiros mais jovens a marcar na Conmebol Libertadores.
Cria do Coelho, iniciou sua trajetória no futebol aos 10 anos, quando fez um teste no América-MG e entrou nas categorias de base para jogar o sub-10 de Luciano Schuai. Foi apelidado pelo time de “tanque”, pois era muito forte, rompia a marcação e era incisivo; desde cedo se destacando aos demais. Iniciou atuando na posição de volante, porém, suas características e o trabalho desempenhado pela comissão técnica, o fizeram um grande atacante.
Aos 14 anos, em uma negociação polêmica, foi levado para atuar no Cruzeiro. Passaram 2 anos na categoria de base e até que em 2021 atraiu a atenção do técnico Vanderlei Luxemburgo e assim estreou no profissional aos 16 anos, jogando a Série B. Sua primeira pintura no profissional foi diante do Villa Nova-MG, no Campeonato Mineiro. Foram 16 jogos e 6 gols, uma verdadeira estrela.
O ano era 2022, o mês abril e o clube Athletico Paranaense. Polêmicas e polêmicas, a jovem jóia chega ao Furacão aos 17 anos, a maior contratação da história do clube. Estreou a camisa 39 contra o Galo no Campeonato Brasileiro e foi em 28 de junho que a estrela de Felipão estreou na Conmebol Libertadores. Abriu com chama de ouro e marcou um golaço contra o Libertad, se tornando o jogador rubro-negro mais jovem a anotar um gol na competição.
Tá em choque? Teve mais gols importantes com o Vitor Roque. Nas quartas de final rumo à glória eterna, jogo de volta contra o Estudiantes, nos acréscimos do 2° tempo, ele brilhou em La Plata e garantiu ao Furacão a vaga na semifinal da Libertadores. Será que vem mais choques por aí?
O gaúcho de Passo Fundo é campeão do mundo e é titular de uma longa trajetória no mundo da bola. Veterano, tem grandes momentos na competição e pode ser o 1° técnico a ser campeão da Libertadores com 3 times distintos. Além de poder se tornar o segundo maior vencedor da competição de todos os tempos. Grande responsabilidade, mas disso ele entende.
Futebol no DNA, será? Iniciou sua carreira no futebol dentro das quatro linhas, aos 17 anos no Aimoré, era zagueiro das categorias de base do time de São Leopoldo; mesmo time em que seu pai jogou anos antes, também como zagueiro. Simultaneamente a vida de treinos, Luiz dava aulas de educação física em escolas do Rio Grande do Sul.
Em 1969, deu início a sua jornada no futebol profissional e foi contratado para jogar pelo Aimoré, inicialmente como lateral-direito e depois zagueiro. Foi considerado o melhor jogador do time de todos os tempos. Foi para o Caxias em 1973 e teve passagens pelo Juventude, Novo Hamburgo e CSA. Até que em 1982, conquistou seu — único — título como jogador, o Campeonato Alagoano.
Aposentou as chuteiras com 32 anos e então deu o apito, que iniciou a partida de sua vida: o de treinador! Na beira dos gramados do CSA para o mundo. Teve passagens por clubes da Arábia e do Sul do Brasil, até que em 1987 chegou e chamou a atenção no Grêmio. Foi campeão gaúcho no mesmo ano, repetindo o feito em 1995 e 1996. Dali, conquistou copas pelo Kuwait, conquistou a Copa do Golfo pela Seleção Kuwaitiana. Era 1991, voltou ao Brasil e deixou sua marca no futebol catarinense conquistando a Copa do Brasil e o Catarinense pelo Criciúma. A conquista que mudou sua história.
Feitos e mais feitos. Voltamos para o ex, o Grêmio. Conquistou a Copa do Brasil (1994), o Campeonato Brasileiro (1996), a Recopa Sul-Americana (1996) e a Copa Libertadores da América (1995). Grandes títulos de um gaúcho que também foi paulista. No Palmeiras, fez novamente os feitos: a Copa do Brasil (1998 e 2012), o Campeonato Brasileiro (2018), a Copa Mercosul (1998) e a Copa Libertadores da América (1999).
Em suma, o maior técnico das Américas. Grande vitorioso. Convocado em 2001 para treinar a seleção brasileira, um verdadeiro sonho, tão sonho que na Copa do Mundo de 2002 levanta a taça e o grito de “É campeão!”. Uma campanha de 100% e vitória na final sobre a Seleção Alemã. Reviravoltas aconteceram, o mundo girou e em 2012, Felipão retornou a seleção para sofrer a trágica derrota no placar de 7×1 para a Seleção Alemã.
Chegou a vez do rubro-negro, o Furacão. Felipão vem fazendo história, levantou o time que vinha de uma sequência péssima no Campeonato Brasileiro, após uma derrota desastrosa contra o The Strongest. Ele está na Final da Conmebol Libertadores. No fim de sua carreira, o técnico pode coroar os 55 anos como profissional com a conquista da glória eterna.
Companheirismo, ensinamentos e muito respeito. Eles são os dois lados da moeda, os dois lados do campo, os dois nomes da história. Eles são o 1° e o 2° tempo. Eles são o equilíbrio. Eles são os dois lados do Furacão. Eles são a esperança de milhões.
Vamos oh meu Furacão, quero gritar campeão, vamos rubro-negro com garra e com raça. O atleticano não cansa de dizer, Libertadores, sou louco por você. Vamos por mais essa taça!
Vamos Furacão, estamos em Guayaquil.
Bruna Dias.
*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.