Na noite desta terça-feira (5), o Gigante da Beira Rio criou vida e transformou-se em um só, um inferno em vermelho e branco
Do Chile, o Colorado trouxe uma desvantagem nada simples. Os 2 a 0 construídos pelo Colo-Colo em Santiago foram uma bagagem pesada que retornou à Porto Alegre e estava em campo nesta noite de terça-feira (5).
O Internacional de Porto Alegre chamou e sua torcida respondeu. Dentro do estádio respondeu em mais de 40 mil vozes, 40 mil corações batendo no mesmo ritmo, na mesma batida, respirando ao mesmo tempo na sincronia de uma orquestra. Fora do estádio respondeu com as cores, com o canto, com a fumaça vermelha que desenhou o trajeto e fez da Avenida Padre Cacique um verdadeiro território hostil para quem não trajava o vermelho e branco do Colorado.
Haviam ainda detalhes que não ficavam a cargo da torcida e foi aí que ela clamou, pediu a quem entrasse em campo que jogasse por suas cores, por sua camiseta e por cada um que lá estava. Se a torcida respondeu ao chamado do clube, os jogadores responderam ao canto do torcedor.
Pedir, no entanto, que o Internacional, que precisava reverter um 2 a 0, fizesse isso de forma simples e sem emoção, aí já era demais. Aos 14′, escolha errada, decisão precoce do goleiro Daniel e pênalti para o time visitante.
Um terço da primeira etapa e a desvantagem aumentou, os 2 gols que precisavam ser feitos para ir as penalidades, para se respirar em busca da classificação acabavam de se transformar em 3.
Foi naquele momento que a magia aconteceu. Foi ali que o canto da torcida ficou mais forte, que a palma foi batida com mais força, que o coração acelerou, que o Inter cresceu.
15 minutos mais tarde, Alan Patrick encontrou o caminho do gol! O Colorado recuperou a bola ainda na grande área e invadiu a defesa chilena na categoria do camisa 10 que não desperdiçou.
O trajeto feito, o caminho aberto e Alan Patrick não deixou que o time esquecesse. Quatro minutos mais tarde, ele deu o passe para Moisés, que encontrou Edenilson para marcar e deixar o Inter à frente no placar.
A primeira etapa terminou com o 2 a 1, mas não era suficiente. A vitória ainda não colocava o Internacional nas quartas de final, o Colorado precisava de mais, mais de si mesmo, mais da torcida, o Inter precisava ser MAIS INTER.
O segundo tempo trouxe mais um pouco de “magia”, ao som de bandinha, com cheiro de cuca e bergamota e com a loucura de dois “torcedores” em campo, movendo o time em uma dança perfeita.
Aos 15 minutos, escanteio para o Clube do Povo, Edenilson na bola e dentro da pequena área Alemão. Mais atento do que qualquer um, o camisa 35 não deu chance para a defesa chilena pensar no que estava acontecendo e deixou o arqueiro do Colo-Colo somente com a missão de buscar a bola no fundo da rede.
3 a 1, em números estava tudo igual, 3 gols para cada lado contando o jogo de ida, decisão indo para os pênaltis.
O time de lá não contava, porém, que o nosso Pedrinho estava mais acordado do que nunca e mais ágil ainda.
Aos 28 minutos, lá na defesa Colorada, Gabriel Mercado interceptou a bola, matou no peito e entregou para Fabrício Bustos, que viu Pedro Henrique praticamente livre e lhe serviu com perfeição. A sincronia de uma passe perfeito com a arrancada do imparável Pedrinho fez com que ninguém chegasse a tempo, nem mesmo o goleiro chileno que até tentou, mas a história já estava escrita e tinha nela as lágrimas do Pedro, do Pedro que é tão torcedor quanto aqueles que naquele momento estavam êxtase além das 4 linhas.
Ela, a classificação estava ali, construída em uma noite mágica, em um ópera perfeita de amor e fé. Numa história que carrega o peso de uma camisa gigante.
A sincronia de um só pulsar, de um só grito, de uma só batida no coração fez relembrar a quem pudesse ter se esquecido de que o Inter é feito disso, das improbabilidades, das viradas, da fé, da força do estádio que cresceu sobre águas, do clube que foi criado por e para aqueles que não tinha espaço.
O 4 a 1, a classificação, a natureza da vitória arrancaram a incredulidade de quem ainda duvida da instituição Sport Club Internacional.
A quem possa ler, espero que tenha vivido tal como eu a magia de cada segundo desta noite, da ansiedade a grito que foi embalado pelo choro e a pele arrepiada.
RESPEITEM O SPORT CLUB INTERNACIONAL!
Por Jéssica Salini
*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.