Em uma noite absolutamente gelada em Porto Alegre, não houve ciclone que parasse o camisa 8 Colorado. Edenilson marcou duas vezes e garantiu a vitória do Sport Club Internacional
17 de maio de 2022, Porto Alegre as prévias de um ciclone e na Avenida Padre Cacique uma noite com magia prestes a acontecer. Que me perdoem os muito racionais, mas saibam que haverá entre uma análise e um tanto de desabafo nestas linhas.
O Internacional recebeu na noite muita fria desta terça-feira (17), a equipe do Independiente Medellín, pela 5ª rodada da Copa Sul-Americana. A partida valia a sobrevivência em busca da segunda fase.
Para o confronto, Mano não pôde contar com Alan Patrick, que não está inscrito na competição, além de Taison e Moledo, que seguem em recuperação. Na vaga do camisa 10, foi Maurício quem repôs a criação da equipe e mais uma vez fez muito bem a função.
O Inter começou a partida “confortável”, com uma notória evolução e segurança no seu futebol: chegou, ameaçou, bateu e foi construindo o gol.
O caminho para abrir o placar já vinha sendo traçado, mas nesta noite só um homem poderia fazê-lo. Aos 18′, o Inter chegou mais uma vez, David cruzou pela esquerda e encontrou o camisa 8 na frente do goleiro Colombiano. Em um vai, não vai, a bola sobrou e ele não perdoou.
Aos 18 minutos, Edenilson abriu o placar da partida e correu enquanto orgulhosa e NECESSARIAMENTE tirou a camisa e a blusa térmica, para de peito nu, com a pele exposta, de punho cerrado em riste e com todo o orgulho sobre quem é, sobre sua cor e sobre sua história, comemorar o gol frente à torcida.
O peso da pele exposta, do gesto antirracista lembra também que às vezes até se demora, mas a verdade vem à tona. Não importa o quanto um clube seja privilegiado e tentem silenciar a vítima, tentem acusá-la, a verdade sempre se sobrepõe.
O time não se contentou com o placar e seguiu buscando a vitória. Logo na sequência, Edenilson chegou à frente novamente, mas foi parado.
O primeiro tempo marcou o time explorando também de fora da área, não assertivamente, mas tentou.
A noite tinha um dono e, logo aos 11 minutos do segundo tempo, foi ele quem apareceu outra vez. Se no pré jogo a gente falou sobre um time que esquece de entrar em campo na segunda etapa das partidas, esse Inter lembrou e muito bem de voltar a campo.
Na entrada na área, o camisa 8 recebeu a bola e de esquerda mandou com direção exata: o fundo da rede colombiana, um golaço para marcar Edenilson 2 a 0.
O resultado, escrito nos pés de Edenilson que foi indiscutivelmente o nome do jogo, passou barato para o agora já eliminado DIM. O Inter cansou de perder oportunidades e dar chance ao arqueiro adversário de consagrar boas defesas.
A noite fria aqueceu um pouco o coração do torcedor Colorado, que vinha de uma sequência de empates frustrantes, de quase e com representatividade também deu um afago em dias tão dolorosos para o camisa 8.
Venceu o Internacional que chegou aos 9 pontos e lidera o Grupo E. Venceu o Clube do Povo, da história negra que vem desde sempre lutando, não somente contra os adversários dentro de campo, não somente contra técnica e futebol, mas também contra a irracionalidade e a imbecilidade que marcam episódios deprimentes como o do último domingo (15).
Por Jéssica Salini
*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.