Em casa, o Internacional voltou a vencer. Em um jogo sofrido e com emoções para todos os gostos, o Colorado venceu o Fortaleza e pôde aplaudir o adeus ao seu camisa 10
Vindo de dias tumultuados, de burburinhos, erros e futebol apático, o Internacional chegou a segunda rodada do Campeonato Brasileiro extremamente pressionado.
Empatou no Equador, perdeu em Minas Gerais e novamente empatou no Beira Rio contra um time de pouca expressão. O resultado foi a demissão de Alexsander Medina ainda na sexta-feira (15), um clima tenso de quem precisava vencer e apresentar qualquer traço de futebol contra o Fortaleza.
Aliado ao clima de tensão, vinha ainda um dia histórico para o clube e um de seus ídolos. Andrés Nicolas D’Alessandro escolheu este 17 de abril para encerrar sua carreira como jogador de futebol e a isso a torcida Colorada abraçou com todo o seu amor, respeito e idolatria.
Um Beira Rio lotado para Andrés D’Alessandro, para aplaudir e agradecer.
Em campo, o Inter começou a partida com velhos costumes e agarrados a hábitos ruins. O time demorou a encontrar espaços e principalmente a saber aproveitar e os primeiros 25 minutos foram de superioridade do time visitante.
Aos poucos, o time foi encontrando seu ritmo. Mesmo que a melhor origem de jogadas surgisse pelos lados, a falta de agilidade na transição e no avanço fez com que muitas oportunidades morressem antes de oferecer qualquer perigo.
O lado esquerdo foi o que primeiro se encontrou. Mesmo estreando Renê, o novo lateral Colorado encontrou sua sintonia com De Pena, que soube aproveitar um corredor por ali, mas de pouco adiantou quando a bola que chegou à frente encontrou um camisa 9 incapaz de fazer o mínimo. Wesley Moraes no ataque Colorado faz com que meus piores pesadelos se materializem.
Já estourava-se o tempo dos acréscimos, quando em um lance infantil Johnny foi afoito na proteção da jogada e derrubou um jogador Tricolor. O árbitro foi para o VAR e assinalou a penalidade para o Fortaleza. Yago Pikachu bateu e abriu o placar, aos 50′ do primeiro tempo.
Existem coisas que são inexplicáveis e que são feitas para serem descritas em imagens. Menos de um minuto depois, a bola foi recolocada em jogo e lá estava ele, D’Alessandro, recebendo o passe de Fabrício Bustos, girou, bateu e correu para o abraço. A bola estava lá no fundo da rede, na noite de sua despedida, era o gol de número 97 na história entre D’Alessandro e Internacional.
A segunda etapa, com tudo igual no placar, trouxe um Inter buscando mais o jogo. Os acertos que se esperaram durante toda a temporada foram feitos no intervalo, a busca por agressividade e aproximação dos jogadores para a evolução das jogadas aconteceu, mas antes disso ainda houve aquele susto digno de Internacional.
Bola alçada para a área e Renê provavelmente imaginou que ainda jogava no protegido Flamengo. O lateral exagerou na carga e colocou o atleta adversário no chão, conclusão: pênalti para o Fortaleza, aos 6 minutos da segunda etapa.
A noite, no entanto, era de magia. Pikachu bateu e dessa vez não teve choque do trovão, Daniel defendeu e tudo seguiu no 1 a 1.
O Inter voltou superior, mais forte e concentrado, buscando o gol, o que rendeu uma enormidade de chances perdidas na frente.
Do lado de lá, o time Colorado contou com a sorte de que as bolas mais perigosas tenham parado em Moisés, que foi ineficiente e deixou de marcar mais de uma vez.
Às 19h34, aos 26 minutos do segundo tempo, o tempo parou, a placa levantada à beira do gramado marcava uma troca no time Alvirrubro, a última vez que a 10 substituída seria de Andrés Nícolas D’Alessandro.
O grito da torcida, as lágrimas do argentino, as palmas e o agradecimento de todos em campo: o minuto que durou a saída de campo de D’Alessandro foi de enormidade, foi de abraços que não consideraram as cores das camisetas, sabiam ali também os atletas do Fortaleza que viviam um momento de história. Chegou enfim, o fim de uma era dentro dos gramados, o camisa 10 caminhava para despedir-se do seu lugar.
Os 20 minutos que faltavam guardavam ainda mais para essa noite. Foi já nos acréscimos, quando o time tinha cansado de “quase” marcar, que Alemão chegou na frente e, entre cair e marcar, o guri fez os dois.
O gol da vitória chegou para fazer o torcedor respirar aliviado, mesmo que aos prantos ainda, mas para selar uma noite que não podia ter um fim diferente da vitória Colorada.
Por Jéssica Salini
*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.