MEU CALÇÃO DOBRADO


Foto: Rodrigo Gazzanel

Em 2018 decidi acompanhar mais de perto o esporte feminino como um todo. Como  mulher passei a fortalecer as atletas mulheres com minha audiência, meu like e meu engajamento.

Como o Corinthians já estava com um time feminino forte, foi só questão de tempo para que eu começasse a me identificar com a equipe, as jogadoras e tudo mais.

Em 2019 pude comparecer a um jogo das “Brabas”. O duelo foi Corinthians e Flamengo, com portão aberto do antigo Pacaembu, pouca torcida, mas já era um começo!

Veio a pandemia e todos os planos para comparecer em mais jogos das meninas foram colocados de lado, mas graças a Deus a maioria dos jogos tinham transmissões, na maioria gratuitas e pelas redes sociais! E com isso consegui acompanhar de perto essa máquina que se tornou o Corinthians Feminino.

A cada jogo, título e post eu ia criando esse vínculo absurdo com o time. Mas de todo o time, comissão e técnico tinha uma jogadora que sempre me chamava atenção, pela postura, entrega e paixão pelo que faz.

Ela com seu calção sempre dobrado, tomando conta do ataque ou tirando bolas na defesa, me fez perceber que ela sim era minha “ídola” do time. Mesma sensação que tive com Marcelinho Carioca, Paulinho, Ronaldo, Chicão e Danilo.

Finalmente eu tinha uma jogadora favorita, daquelas que a gente sempre defende e pede pra Pia convocar, e que se erra é tentando acertar.

É engraçado pensar nisso, o futebol feminino demorou tanto pra cair na graça do brasileiro e está vindo com tudo. O que essas mulheres fizeram esse ano não foi pouca coisa não: lotar a Arena Corinthians me arrepiou, me arrepia! Foram 33 mil torcedores, numa quarta-feira à noite pra ver uma final de Campeonato Paulista FEMININO.

E ela, tão predestinada fez dois gols na vitória que entregou o terceiro título para o Coritnhians esse ano!

A jogadora em questão, que virou minha ídola esse ano, que me fez comprar uma camisa com o nome e número dela e que sempre está com seu shorts dobrado é a Gabi Zanotti. Nossa camisa 10 já não é uma novata e no alto dos seus 30 e poucos anos ainda entrega tudo em campo! Ela se tornou um ícone desse time que tem nomes tão grandiosos como Tamires, Erica e Grazi.

Ela é a escolha menos provável, mas a que a Fiel mais se identifica. Não tem bola perdida, não tem jogo difícil, não tem resultado improvável. A Zanotti entrega o que a Fiel mais gosta: emoção! Ela faz gol, mas ela também serve muito bem as amigas, ela ajuda na defesa e sempre está na área pra cabecear. E não tem uma convocação da Pia que a gente não peça por ela, afinal, ela é fundamental, pela identificação e representatividade que carrega.

O Corinthians Feminino dessa “era Arthur Elias” será lembrado para sempre, pois está escrevendo o capitulo mais importante do futebol feminino brasileiro. O capítulo que o Brasil começou a se apaixonar pelo futebol jogado por mulheres, na maioria homossexuais, que lutaram tanto por tudo que jogam com a leveza de quem não deve nada para ninguém.

Sim, é um futebol diferente, é um futebol mais “jogado”, com mais passes, mais lento quem sabe, mas muito emocionante!

E desse time a Zanotti é a maestra da meiuca, de alguma forma me lembra o Zidanilo e o Renato Augusto! E quem sabe eu não consiga expressar em palavras o que ela representa, o tanto de admiração e gratidão por ela vestir o manto com tanto amor! Um amor que se faz transbordar e acaba atingindo a gente aqui do outro lado!

Obrigada Gabriela Maria Zanotti Demoner por me ajudar a me apaixonar pelo futebol feminino tanto quanto eu sou pelo masculino, por se entregar de tal forma que hoje você é minha maior ídola do futebol (ok, também amo a Marta e a Formiga)!

Rodrigo Coca / Agência Corinthians

Que você continue vestindo o manto alvinegro, que continue iluminando os gramados por aí, e que com sua simpatia e garra conquiste tudo o que se propor a ganhar! Obrigada por ser quem você é: uma jogadora de futebol profissional que ama o que faz!

Colha os frutos de seu trabalho e saiba que a nação te amo, e você é a Rainha da favela!

Por Kamila Padilha

* Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.


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