Na noite desta terça-feira (9), após a vitória do Cruzeiro diante o Brusque pela Série B do Campeonato Brasileiro, Rafael Augusto Sóbis declarou oficialmente sua aposentadoria dos gramados.
Diante de 35 mil cruzeirenses, o eterno menino de Erechim com lágrimas nos olhos, abraços de admiração e respeito, pendurou suas chuteiras multi campeãs.
O guri do interior do Rio Grande do Sul, o guri de Erechim, como sempre será conhecido pelos Pampas, foi de fato um adversário infernal. Se Sóbis sempre deixou admiração, respeito e taças pelos clubes que passou, aos seus respectivos rivais coube sempre um gosto amargo.
Rafael Augusto Sóbis carrega na carreira inúmeras conquistas, títulos estaduais por onde passou, títulos nacionais e títulos internacionais. O menino de Erechim com cara de gaúcho sempre levou seu jeito nada acanhado, seja com a bola nos pés ou quando precisava falar e defender seus clubes em muitos lugares.
Seu nome foi ouvido, aclamado e “odiado” por torcidas gigantescas.
O algoz de um super campeão em 2006, o menino de vermelho e branco libertou a América ao Clube do Povo, que fez o gigante Morumbi se calar diante de si, mas queria ainda ser campeão da América outra vez e de novo encontrou o tricolor paulista pelo caminho.
Duas vezes um Libertador, duas vezes um menino que sabia o caminho da taça mais importante.
Rafael Sóbis pouco perdeu, é dono de histórias pesadas e vitoriosas, mas quando a derrota chegou, ele sentiu como ninguém. Sóbis sentiu em 2010 uma derrota crua, dura, absurda e chorou sozinho.
O menino que cresceu e tornou-se um gigante dentre os clubes que passou também foi nosso próprio algoz e soube desfazer a amizade com a torcida Colorada. Soube como ninguém defender suas cores mesmo contra o clube em que escreveu páginas tão brilhantes.
Sóbis nunca deixou de ser o menino de Erechim mesmo que, por muitas vezes, nosso coração tenha deixado isto guardado em alguma gavetinha escondida.
Fez as pazes com a torcida em um dia muito difícil enquanto vestia as cores do Cruzeiro, em um domingo de sol às vésperas de uma queda incompreensível.
Ao Inter ele ainda voltou, bateu na trave de uma conquista que ninguém mais conhecia tão bem o caminho. O conquistador não foi capaz de trazer àquela Copa do Brasil tão sonhada, e houve outra vez rusgas e mágoas.
O Rafael saiu, em Minas Gerais já havia feito outra morada tão grandiosa quanto à que sempre terá no Sul, os gigantes que se encontram e que dividem o amor do menino.
A mim, Rafael Sóbis encantou, me fez gostar ainda mais de futebol. Sóbis me fez desde muito menina acreditar no futebol, acreditar em quem veste a minha camiseta e ser ainda mais apaixonada pelo clube que veste vermelho e branco. Mesmo quando estava longe, o Rafa que pendurou as chuteiras me fez acreditar, me fez ter fé e principalmente respeitar aqueles que sabem respeitar os clubes que passam.
Sóbis se despede dos gramados para que possam tranquilamente contar suas histórias e conquistas, e que ele também possa falar sem amarras sobre elas. O Rafa encerra um ciclo dentro dos gramados, mas segue sempre gravado em muitos corações.
Dono de duas Copas Libertadores, dono de duas Copas do Brasil, de uma Copa do Nordeste, de um Campeonato Mexicano e inúmeros estaduais, as chuteiras que hoje param de atormentar as defesas adversárias são de um homem que sempre será um menino de Erechim libertador.
A ti, Rafael Sóbis, meu obrigada por me tornar uma torcedora melhor e por dividir comigo e outros tantos milhões este clube feito do povo. Volta pra tua Porto Alegre.
Por Jéssica Salini
*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não, refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.