O DOCE SABOR DO “CLÁSSICO DOS CAIXÕES”


Pela 30ª rodada do Campeonato Brasileiro 2021,  Internacional derrota o Grêmio no clássico 434, o “Clássico dos Caixões”

Foto: Ricardo Duarte/ SC Internacional

Clássico greNAL é por si só uma instituição. O duelo começa antes mesmo da bola rolar e dificilmente termina no apito final. O greNAL está enraizado dentro de cada torcedor, que vive a ansiedade por TODOS OS DIAS. O clássico greNAL pouco é entendido por quem não o vive… 

434, quatrocentos e trinta e quatro, muito ainda se falará deste clássico realizado neste sábado, 6 de novembro de 2021.

Há 6 anos Diego Aguirre foi despedido às vésperas de um clássico,  que ficou marcado pela superioridade rival em uma goleada histórica. Hoje, Diego Aguirre volta a comandar o Internacional em um momento que a história escreve mais uma queda do rival a segunda divisão do futebol brasileiro. Tem coisas que só a língua do futebol explica.

Em campo, o Clube do Povo teve retornos importantes: Taison, Yuri Alberto, Moisés, Gabriel Mercado, Rodrigo Dourado, Patrick, voltaram ao time após se recuperarem de lesões e/ou cumprirem suspensão. Cada um deles teve sua participação na vitória Colorada.

A partida, como todo clássico, começou pegada, com um rival com os nervos à flor da pele,  a beira do precipício da segunda divisão, o jogo também foi mental. Coube ao Inter não perder o foco e vencer cada bola, não só na dividida, mas também na mente. 

O gol Colorado saiu aos 39′, e não poderia ser de outra pessoa. A bola cruzada com maestria por Edenilson encontrou Taison na área, a bola que cruzou nas costas de Rafinha encontrou um capitão,  o camisa 10, a sua espera e da cabeça do menino Taison morreu no fundo do gol gremista. O gol do Clube do Povo em cima do seu rival não poderia ser de outra pessoa senão do menino que cresceu dentro do Internacional, que vive o Colorado nas próprias veias.

Foto: Ricardo Duarte/ SC Internacional

O gol Colorado estava destinado a ser do menino negro, do menino criticado, do menino que muitas vezes viu o racismo tentar espancar suas origens e NUNCA se calou. Em frente a sua torcida, de punho cerrado, Taison explanou o orgulho pelo seu clube, pela sua história, pela sua negritude, por si mesmo.

A partida seguiu com trancos, encontros, gritos ao pé do ouvido e com a única torcida do estádio cantando a plenos pulmões. Sim, o greNAL 434 também estará na história por ser o primeiro clássico com torcida única e isso, a torcida tricolor deve somente a sua imbecilidade.

Todos que estiveram em campo parecem ter entendido finalmente o peso da partida, de Marcelo Lomba aos meninos novos que recém chegaram. De Rodrigo Dourado que foi incontestável, brigador; de Bruno Mendez em seu primeiro clássico, sentindo no sangue cada detalhe; de Saravia tão contestado,  mas que deu tudo de si em cada bola; de Gabriel Mercado e da raça Argentina; e de Patrick, que sozinho colocou para bailar mais de um defensor azul. 

Como de praxe, a partida de maior rivalidade nacional não acabou no apito final. Ao fim do jogo, uma equipe que muito ouviu desaforos, que muito engoliu o dissabor da derrota, pôde expurgar o peso disso. A comemoração dos jogadores Colorados, no entanto, parece não ter sido aceita por aqueles que sempre teimaram a fazer graça de todas as situações adversas do Internacional.

O Grêmio não perdeu só dentro de campo, o 1 a 0 se multiplicou fora dele com o descontrole tricolor, com o xilique, com o descompasso de quem sente a umidade do fundo do poço. O “Super Grêmio” vem nos trazendo alegria, como canta a sua torcida e nem o melhor dos roteiristas poderia escrever um roteiro com tanto requinte.

Imagem: reprodução internet

Esse é o Sport Club Internacional, o Clube do Povo, a casa do Taison e a minha religião!

Por Jéssica Salini

*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.


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