Em situação confortável e jogo parelho, Brasil empata em 3×3 com a Holanda e segue em segundo lugar no grupo F
A Seleção Brasileira entrou em campo na manhã deste sábado (24), para encarar o time mais robusto do futebol feminino europeu na atualidade. Similares em estrutura, qualidades e defeitos, as duas equipes tinham a partida como um teste, já que seus adversários da primeira rodada eram consideravelmente mais fracos.
Como esperado, foi um jogo parelho e de poder ofensivo contra falhas defensivas. A Holanda assustou abrindo o placar aos 3 minutos em uma chegada veloz da estrela holandesa, Vivianne Miedema, que no 1×1 com a zagueira Erika acabou levando a melhor. Apesar disso, as brasileiras não sentiram o gol tomado e continuaram atacando. Superior ofensivamente, o Brasil precisou de mais 13 minutos para, aos 16, deixar tudo igual em uma chegada espetacular de Debinha pelo lado direito, que tocou para Duda segurar e devolver para a camisa 9 marcar.
Precisando de mais velocidade e tentando não sobrecarregar tanto as jogadoras que foram titulares nos dois jogos, Pia mexeu no time já no intervalo. Saíram Formiga, Duda e Bia Zaneratto para as entradas de Ludmila, Andressa Alves e a estreante em competições oficiais, Angelina. As brasileiras seguiram melhores ofensivamente, mas repetiram a sina do primeiro tempo e, aos 13, viram a Holanda virar o jogo novamente com Vivianne Miedema. A atacante encontrou liberdade pelo meio, subiu junto com Tamires, que não conseguiu chegar e deixou a bomba para Barbara, que falhou e permitiu o gol.
É impossível falar desse Brasil x Holanda sem falar da arbitragem. A australiana Kate Jacewicz parecia completamente perdida e sem critérios em suas marcações. Durante o primeiro tempo, chegou a apontar pênalti em um enrosco na área holandesa, mas precisou consultar o VAR, que alegou impedimento da brasileira Formiga. Já na segunda etapa, aos 21 minutos, o segundo gol canarinho veio em uma chegada de Ludmila na entrada da área, que acabou sendo interceptada com o braço por uma adversária. A árbitra entendeu que parte do corpo da defensora estava dentro da área e deu o pênalti favorável ao Brasil. Dessa vez, Marta chamou a responsabilidade para si e deixou, de novo, tudo igual.
Com o placar empatado e o Brasil no modo turbo, conseguindo encontrar espaços na defesa perdida da Holanda, ficou claro que a virada seria questão de tempo, e assim foi. Na sequência da cobrança de pênalti convertida por Marta, Ludmila encaixou um contra-ataque, driblou a goleira e tocou rasteiro para o gol. O marcador foi encerrado em 3×3, aos 34, com uma cobrança de falta perfeita das holandesas.
O resultado pode assustar, afinal, o objetivo é sempre vencer, mas a realidade é um pouco diferente. Esse empate acabou sendo favorável para a Holanda, que segue em primeiro lugar no grupo, mas também para o Brasil, em segundo. O destino mais óbvio, esperado e lógico é que as duas equipes se classifiquem, já que pegam adversários mais fracos (Brasil encara a Zâmbia; Holanda enfrenta as chinesas). O saldo de gols, que hoje favorece as europeias, é o que deve decidir a ordem final na tabela. Caso nada se altere, o Brasil tem a chance de respirar um pouco mais tranquilo nas quartas de final, afastando qualquer risco de pegar os Estados Unidos logo de cara.
No geral, foi um jogo bom da equipe de Pia Sundhage. A vulnerabilidade da defesa segue exposta, mas do meio para frente, tudo funcionou de forma quase impecável. O maior ponto positivo dessa equipe é, sem dúvidas, a competitividade que se mostra muito alta do início ao fim. Todas as bolas são disputadas, todos os lances são jogados até o fim e nenhuma pressão adversária parece desestabilizar as jogadoras que, por duas vezes ficaram atrás no placar e tiveram maturidade para empatar e, em um momento, até virar o jogo. Isso é um reflexo nítido do amadurecimento desse time que, sem dúvidas, está na sua melhor fase.
O próximo desafio é o último da fase dos grupos e acontece às 08h30 da próxima terça-feira (27/07), contra a Zâmbia.
Por Vic Monteiro
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