Com doblete de Marta, Brasil goleia a China e dá primeiro passo importante nas Olimpíadas de Tóquio
Valeu a pena madrugar para assistir a estreia da Seleção Feminina nas Olimpíadas Tóquio 2020. Diante da China, sua velha conhecida, as brasileiras entraram em campo às 5h da manhã (de Brasília) no Miyagi Stadium, e superaram qualquer expectativa modesta e cautelosa.
Para essa estreia, a treinadora Pia Sundhage escalou a equipe no seu característico 4-4-2, mas com algumas mudanças de peças, iniciando com Barbara; Rafaelle, Erika, Tamires, Bruna Benites; Duda, Andressinha, Formiga, Marta; Debinha, Bia Zaneratto.
O Brasil começou “on fire”. Sem abrir espaço para as chinesas gostarem do jogo, a equipe apostou em um sistema mais ofensivo que foi eficiente antes mesmo dos 10 minutos. Aos 9, em um cruzamento de Bia Zaneratto, Debinha cabeceou na trave, deixando o rebote para Marta abrir o placar.
Muito acionado ofensivamente, especialmente com Bia Zaneratto, que fez uma excelente partida, o Brasil teve tranquilidade para seguir dominando o jogo, buscando o ataque. As chinesas tentavam passar do meio de campo, mas eram interceptadas por Rafaelle e Erika sem muita dificuldade. O segundo gol aconteceu aos 21, em mais uma ótima jogada de Zaneratto que dessa vez chutou forte no canto esquerdo para a defesa da goleira Peng Shimeng, que espalmou e deu o rebote para Debinha ampliar.
Com dois gols marcados, o Brasil seguiu administrando o resultado e, apesar de não perder intensidade, ficou por isso mesmo na primeira etapa.
Quem vê o placar final, pode até pensar que as brasileiras voltaram no mesmo pique do primeiro tempo e não deixaram a China aparecer no jogo, mas não foi bem assim. A equipe voltou com um ritmo mais baixo, a defesa parecia ter cansado e alguns buracos começaram a aparecer nas laterais, dando espaço para as chinesas se infiltrarem e obrigarem a goleira Bárbara a fazer algumas boas defesas.
A Seleção Canarinho começou a recuperar o ritmo após as substituições da treinadora Pia, que foi muito certeira ao trocar Duda por Andressa Alves e, na sequência, Formiga por Júlia Bianchi. Ganhando velocidade e mobilidade, as jogadas voltaram a fluir melhor e o jogo voltou a ser ofensivo para o lado brasileiro. O terceiro gol foi acontecer só aos 28, em uma falha de posicionamento da defesa chinesa que foi crucial para Marta apresentar toda sua inteligência e visão de jogo para marcar o terceiro do Brasil e seu segundo da partida.
Inicialmente suplente e depois oficialmente integrada ao elenco, Andressa Alves, que entrou muito bem, pôde mostrar a importância da coesão do grupo escolhido para estar em Tóquio quando foi derrubada na área. A expectativa era de que Marta batesse para garantir seu hat-trick, mas Andressa chamou a responsabilidade e, em uma batida perfeita, marcou o quarto gol.
Ainda deu tempo de, aos 43, Debinha retribuir a gentileza e dar o passe para Bia Zaneratto, o grande nome ofensivo da partida, deixar o seu e fechar o placar em 5×0.
Pensando em termos técnicos, nem de longe a China era um adversário impossível. A expectativa (e a obrigação) era mesmo de vitória. Apesar disso, era um confronto onde seria possível testar principalmente a racionalidade e o físico da equipe verde e amarela. Esse primeiro desafio foi crucial para entender qual a proposta de jogo da treinadora Pia Sundhage e entender quais poderão ser as dificuldades e quais já são os pontos fortes desse time.
Com desempenhos impecáveis, o time parece ter se encontrado ofensivamente com Bia Zaneratto e Debinha circulando pelos lados e Marta tendo mais liberdade para, cautelosamente, chegar pelo meio. A defesa fez a lição de casa com Rafaelle e Erika sendo muito precisas e Bárbara sendo absoluta. O ponto fraco ainda parece ser a lateral, que contou com Tamires (meio-campista de ofício) e Bruna Benites (zagueira) e encontrou certa dificuldade, especialmente no segundo tempo. Entre acertos e ajustes, obviamente, o saldo é positivo. O Brasil tem um time consistente e que se mostrou maduro dentro das suas possibilidades.
O primeiro passo rumo ao sonho dourado foi dado e o próximo desafio olímpico é no sábado (24), diante da Holanda, às 8h30 da manhã (horário de Brasília).
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