“Brinco de Ouro, a nossa taba
Construída com devoção”
História:
O maior estádio de Campinas está imortalizado no hino bugrino e tem uma história digna da sua grandeza, mas ele não foi a primeira casa do Guarani, antes dele o Alviverde teve dois campos que abrigam os primeiros passos do time no cenário estadual.
O primeiro foi um campo de terra batida, doado pelo prefeito de Campinas, Dr. Heitor Penteado, o Ground da Villa Teixeira. Dois anos depois, passou a usar outro campo: o “Estádio do Guarani”, conhecido como “Pastinho” foi adquirido pelo clube somente em 1922 e foi o primeiro estádio da cidade de Campinas.
O “Pastinho” foi utilizado até 1953, quando o Brinco de Ouro da Princesa foi inaugurado. O último jogo realizado no estádio do bairro Guanabara foi um amistoso contra o São Paulo.
Mas a história do Estádio Brinco de Ouro da Princesa começou alguns anos antes, em 1947. Quando a Federação Paulista de Futebol profissionalizou seu “Campeonato do Interior” o Bugre – um dos primeiros a aderir à iniciativa – percebeu que seu estádio estava ultrapassado.
Falar do Brinco de Ouro da Princesa sem falar da origem do nome do estádio é praticamente impossível. Em 1948, o jornalista João Caetano Monteiro Filho aguardava na redação do jornal Correio Popular, uma foto da maquete do novo estádio. Como o espaço reservado para a notícia não era grande, a manchete teria de ser objetiva. Por isso, ao receber a foto com a forma bem circular do belo estádio, ele pensou em um brinco. A cidade de Campinas era conhecida como “A Princesa D’Oeste”.
O jornalista não teve dúvida e a chamada do dia seguinte foi: BRINCO DE OURO PARA A “PRINCESA”. Desta forma, a própria população passou a chamar o estádio de “Brinco de Ouro” e “Brinco da Princesa”. Tornando Brinco de Ouro da Princesa o nome oficial.
Com o acesso em 1949, o Guarani chegou à elite do futebol paulista no ano seguinte. Por conta disso, decidiram inaugurar o Brinco de Ouro em 1953 mesmo sem as cabeceiras, improvisando ali arquibancadas feitas com a madeira reaproveitada do Pastinho.
Para o jogo inaugural o Guarani recebeu o Palmeiras, time que estaria presente também na conquista do primeiro título bugrino. Num dia de muita chuva, o Guarani venceu a partida por 3 a 1.
Recordes
“Salve o Guarani, salve o Bugre. O grande campeão, o bravo guerreiro. Tu és puro brasileiro. Orgulho desta nação. De verde Campinas surgiste imponente e varonil para no campo da luta sagrar-se campeão do meu Brasil. Da terra das andorinhas de Carlos Gomes, de tantas glórias mil. Bugre maravilhoso, tens o Brinco de Ouro e a torcida mais gentil.”
Como bem disse Osmar Santos, na conquista bugrina do título brasileiro de 1978: o Brinco de Ouro é a casa que abriga a gentil família bugrina. E não podia ser diferente, é o estádio Alviverde que guarda os maiores recordes da cidade.
É do Brinco de Ouro o maior público de um jogo de futebol na cidade de Campinas. 52.002 pessoas acompanharam Guarani x Flamengo em 1982, pela semifinal do Campeonato Brasileiro.
A Seleção Brasileira pisou em seu gramado duas vezes, em 1966 e outra em 1990, quando venceu a Bulgária por 2×1, registrando o 2º maior público do Estádio: 51.720 pagantes.
A maior goleada no dérbi campineiro também aconteceu no Brinco. No dia 5 de junho de 1960 o Guarani não tomou conhecimento dos adversários e venceu por 6×0.
No Brinco de Ouro também aconteceram 3 finais de Brasileirão, com um título e 12 partidas da Libertadores da América.
Dias atuais:
Por questões de segurança, o Brinco teve sua capacidade de público reduzida, mas continua sendo o maior estádio da cidade. Não podemos negar que muitas notícias negativas rondaram o nosso Brincão recentemente, principalmente com a questão do leilão, mas independente do desenrolar dessa história nos anos seguintes, o Brinco sempre estará no coração de todos os bugrinos.
A última vez que a torcida pôde entrar na sua casa para acompanhar um jogo do Bugre foi no dia 28 de fevereiro de 2020, uma sexta-feira. O Guarani recebeu o Água Santa pelo Campeonato Paulista e empatou sem gols diante de quase 3 mil bugrinos. Antes da primeira paralisação do Campeonato por conta da pandemia, o Guarani ainda recebeu o rival em casa e conquistou uma vitória de virada. Esse foi o primeiro jogo sem público do Estádio.
Sem dúvidas a maior saudade do bugrino é se preparar para encontrar o Brinco de Ouro novamente. Poder conversar com os conhecidos nos arredores do estádio, comer um lanche no Patropi e cantar a plenos pulmões “Brinco de Ouro a nossa taba, construída com devoção. Nossa família bugrina tem raça e tradição!”
Por Isabella de Vito
*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.