15 de novembro de 1983, dia em que a torcida avaiana viu sua antiga casa, conhecida como “Campo da Liga”, que vivenciou várias partidas maravilhosas do Avaí, ser demolida. No seu lugar, foi construída nossa amada e famosa Ressacada.
Se você ainda não teve a oportunidade de conhecer minha casa, sinto dizer que está perdendo a melhor oportunidade e sensação da vida. Ver a torcida azurra cantar a plenos pulmões o nosso hino é de arrepiar, em dia de clássico nem se fala. A atmosfera muda, fica uma sensação inenarrável e confesso que me arrepio só de lembrar essa sensação maravilhosa.
Já nem me recordo mais a última vez que contei os minutos para sair de casa e descer a Ressacada com meu manto e fazer a festa com a torcida. Confesso que sinto falta do famoso calor humano, de abraçar o desconhecido na hora do gol, sair do estádio sem voz de tanto xingar o juiz, jogadores, técnico e claro, de gritar e comemorar nossos gols e triunfos.
Enquanto a vacina não chega e temos que acompanhar as partida de casa, nada melhor que rever alguns jogos antigos com a torcida insana e relembrar as partidas emocionantes que vi e vivi na minha casa, além de apresentar os detalhes da Ressacada, então mais uma vez: “Sejam Bem Vindos a Ressacada”.
História:
Nosso primeiro estádio foi o Adolfo Konder, também conhecido como “Campo da Liga” em 1930, e com um fato bem curioso, os jogos só ocorriam na parte da tarde, pois o estádio não tinha sistema de iluminação (confesso que por gostar de dormir cedo, ia amar esse esquema de não ter jogo às 21h30).
Apesar de ter vivenciado boas partidas, chegou um momento que o estádio já não acomodava tão bem a enorme torcida do Leão da Ilha, e foi aí que mudamos de casa para um lugar maior.
Nossa última partida no eterno “Campo da Liga”, foi o empate em 1×1 com o rival Figueirense, em jogo de veteranos, em novembro de 1983.
Como dito anteriormente, a Ressacada surgiu em 15 de novembro de 1983. Atualmente com 37 anos, o estádio tem capacidade para 17.800 pessoas, mas já chegou a receber 25.735 pagantes, em 17 de julho de 1988, na final do Campeonato Catarinense diante do Blumenau, onde venceram por 2×1 e ficaram com a taça.
Vale destacar que desde a inauguração da Ressacada, o Leão jamais perdeu um título em casa, o famoso 10/10. Simplesmente o maior de SC!!
- 17 de julho de 1988: Avaí 2×1 Blumenau (Campeonato Catarinense);
- 9 de dezembro de 1992: Avaí 1×0 Brusque (Campeonato Catarinense);
- 19 de novembro de 1994: Avaí 2×1 Hercílio Luz (Campeonato Catarinense 2ª Divisão);
- 18 de dezembro 1995: Avaí 1×1 Joinville (Copa Santa Catarina);
- 22 de junho de 1997: Avaí 2×0 Tubarão (Campeonato Catarinense);
- 21 de julho de 1999: Avaí 2×0 Figueirense (Campeonato Catarinense);
- 3 de maio de 2009: Avaí 6×1 Chapecoense (Campeonato Catarinense);
- 2 de maio de 2010: Avaí 2×0 Joinville (Campeonato Catarinense 2010);
- 6 de maio de 2012: Avaí 3×0 Figueirense (Campeonato Catarinense 2012);
- 21 de Abril de 2019: Avaí (4)1×1(2) Chapecoense (Campeonato Catarinense 2019).
A torcida do Leão viveu na Ressacada os melhores e piores momentos da vida, de um triunfo inacreditável a uma derrota sofrida, amarga e difícil de engolir.
Costumo dizer que não importa o quão ruim foi meu dia, pois acompanhar um jogo no estádio me faz esquecer dos problemas, renova as energias e saio de lá com uma sensação maravilhosa, principalmente se sairmos de campo com o triunfo em mãos.
Lá dentro, já vivemos partidas inesquecíveis, como o sofrido e maravilhoso acesso de 2014, que todo torcedor do Leão da Ilha fica arrepiado só de lembrar. Se você não se lembra, sente que lá vem história e eu tenho o maior prazer em contar.
Acesso inesquecível em 2014:
Foi no dia 29/11/2014, às 16h20 (horário de Brasília), que aproximadamente 9.156 torcedores presenciaram o acesso do Avaí, após um triunfo e uma combinação de resultados na Série B.
O Leão entrou em campo na Ressacada precisando da vitória sobre a equipe do Vasco e torcer por tropeços de Boa Esporte e Atlético-GO para soltar o grito, que em 2015 estaríamos na Série A.
A partida foi um tanto quanto sofrida, tivemos que agarrar aos terços, orações, fé e promessas para essa vitória vir. O time adversário insistia em acabar com a nossa festa e chances de acesso.
Vivemos no famoso um olho no “leão” e o outro no gato, nos gatos para falar a verdade. Acompanhamos a partida no estádio e a rádio informava os outros jogos, mas nada de saírem gols do Icasa, que enfrentava o Boa, e nem do Santa Cruz sobre o Atlético-GO.
Aos 27 minutos, ainda da primeira etapa, a torcida foi à loucura. A arbitragem deu um pênalti bem marcado para o Avaí, que foi cobrado com perfeição pelo ídolo Marquinhos, fazendo 1×0 para o Leão e deixando vivas nossas chances de subir.
Confesso que após o gol não me lembrava de mais nada, apenas pedia com toda fé desse mundo para sair gols nos jogos adversários e as partidas se encerrarem e poder soltar o grito e comemorar o acesso à série A.
Enquanto o Avaí fazia sua parte, as outras partidas se arrastavam em um 0x0 nada favorável. Até que, aos 13 minutos da etapa complementar, a Ressacada vibrou e nem foi com gol do Leão e sim dois do Icasa sobre o Boa e, na sequência, mais dois do Santinha no Atlético.
Se no nosso gol eu já estava pedindo com toda fé, nos dos adversários eu já estava fazendo várias promessas caso o acesso se confirmasse, e ele veio, mas com uma enorme pitada de sofrimento aos 43′, após forte chute do adversário no ângulo, mas para nossa sorte Vagner tirou e assegurou nosso triunfo.
Ao apito final do juiz, tivemos um renovo de alma. Eram choros de alegria, felicidade de estar vivendo aquele momento e poder presenciar que os deuses do futebol colaboraram muito para o Leão voltar à série A.
Confesso que foi uma das melhores sensações já vividas neste estádio, que presenciou vários choros de derrota, empates, aquelas famosas contas e simulações para ver se ainda poderíamos sonhar com o acesso ou era hora de largar tudo, mas que no final deu tudo certo e o dia 29/11/2014 jamais será esquecido pela nação avaiana.
Infelizmente já vivemos também algumas partidas para esquecer, como a dolorosa derrota na semifinal da Copa do Brasil de 2011. Confesso que aqueles 2×0 para a equipe do Vasco me doem até hoje, mas isso não vem ao caso no momento.
Passaria horas e horas falando e contando as histórias vividas e ouvidas na minha casa, lhe garanto que são as melhores possíveis. São vários triunfos inacreditáveis, derrotas indigestas, ganhos de títulos e tudo mais, sem deixar de mencionar as maravilhosas festas que a torcida faz, uma coisa de louco que arrepia só de lembrar.
O canto do hino em plenos pulmões faz cair aquela lágrima no canto do olho e te faz lembrar que, independente de tudo, de títulos e afins, fiz a escolha certa em torcer para o Avaí FC. Na verdade, não fui eu que escolhi ser avaiana, e sim o clube que me escolheu lá dentro do ventre da minha mãe, e eu digo que isso é uma das minhas maiores qualidades…
Vai-se embora corona, que a Ressacada me espera!!
Avaí meu Avaí.
Tu já nasceste campeão
Por: Thais Santos
*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.