Em casa, Peixe encerra pior campanha em 98 anos e segue na série A do Campeonato Paulista
Não acredito. Eu não acredito! Foi este o pensamento de quinta-feira (6), para cá a cada três segundos. Quando não estava remoendo a pontuação medíocre, a atuação vergonhosa ou a humilhação pelo risco de rebaixamento. Olha o que este time me faz passar!
Na tarde deste domingo (9), o Santos recebeu o São Bento na Vila Belmiro para a última partida da fase de grupos do Campeonato Paulista. Na berlinda, o Alvinegro fez o dever de casa e venceu a equipe de Sorocaba por 2×0, com gols de Lucas Braga e Kaio Jorge.
O JOGO
Na última sexta-feira (7), Fernando Diniz foi anunciado como novo comandante santista, para alegria de alguns e desespero de muitos. Marcelo Fernandes comandou o elenco na partida de hoje e mandou a campo o time titular. O auxiliar se diz confiante e na expectativa de fazerem um bom trabalho juntos. Oremos!
O nervosismo quase palpável durou minutos demais para quem corria risco de manchar 109 anos de história. Foi o adversário que ameaçou primeiro e o Santos só acordou para a vida depois de 20’ de bola rolando. O que estavam esperando, sinceramente não sei, mas desconfio que fosse um milagre do tipo que a bola sozinha (quem sabe um vento artilheiro?) chegasse ao gol.
Imagina sentar para assistir sua maior paixão brigar para não cair no estadual. A gente nem respira com medo de perder algum lance importante. E o medo de piscar e o bendito gol sair nesse milésimo de segundo? E se for do adversário, vou aguentar? Quando Lucas Braga abriu o placar chorar pareceu pouco para aliviar a tensão, a dor que se instalou de tal forma que não seria capaz de explicar onde e com qual intensidade doía.
O segundo gol também não foi suficiente para acalmar o coração que parecia ter esquecido da sua única função, continuar batendo na tentativa de me manter viva. Foram quarenta minutos que pareceram uma vida, e se tivesse demorado mais é bem provável que não estaria aqui escrevendo.
Após confusão na área a bola sobrou para Lucas Braga marcar o primeiro. Respiro. O segundo saiu dos pés de Kaio Jorge seis minutos depois, já nos acréscimos, e vi o fantasma da desonra se distanciar um pouquinho mais. Oi, Deus, por favor, são só mais 45.
A segunda etapa foi para manter a sobrevivência e garantir que nenhum dos poucos torcedores que ainda restam tivessem um colapso nervoso. O adversário voltou do vestiário decidido a complicar minha vida, Daniel Costa teve duas chances incríveis de marcar, acredito que minhas orações estavam em dia. Aos poucos cansaram e daí em diante foi só esperar Raphael Claus apitar pela última vez. Fim de papo na Vila Belmiro, treze pontos e terceira colocação no grupo D, garantido na série A. morri, mas passo bem!
Após a partida, o ônibus que levava os jogadores do estádio ao CT foi apedrejado por “torcedores”. O engraçado é que antes da partida este mesmo ônibus foi alvo de apoio. Chegou ao estádio cercado por vários torcedores, todos vivendo em um mundo cor de rosa, sem pandemia e sem mortes. Nada de distanciamento ou máscaras. Enfim, a falta de noção.
Virando a página e escrevendo um novo capítulo, na terça-feira (11), temos uma batalha importantíssima. Em casa, o Peixe recebe o Boca Juniors, às 19h15 (de Brasília), em partida válida pela 4ª rodada da fase de grupos da Copa Libertadores. Com míseros três pontos somados e na posição do grupo, uma derrota (bate na madeira!) pode pôr fim ao sonho do tetracampeonato. Seguimos.
Por Andra Jarcem, com o Santos onde e como ele estiver.
*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.